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CIDADES Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2019, 16:21 - A | A

27 de Dezembro de 2019, 16h:21 - A | A

CIDADES / PROBLEMAS RENAIS

Após dois meses no santuário em Chapada dos Guimarães, elefanta chilena morre

Claryssa Amorim
Única News



Após dois meses de sua chegada no Santuário de Elefantes Brasil, em Chapada dos Guimarães (a 65 km de Cuiabá), a elefanta Ramba morreu, na manhã dessa quinta-feira (26), com problemas renais. Uma nota informando a morte da elefanta chilena foi publicada na página do santuário no Facebook.

Ramba pesava quatro toneladas e estava com 53 anos de vida. Ela trabalhou durante anos em diversos circos e sofria maus-tratos. Após denúncia contra o circo, ela foi resgatada em 2011, por meio de decisão judicial pela ONG do Chile, e proibida de fazer apresentações.

Segundo a equipe médica veterinária do santuário, Ramba foi diagnosticada com doença renal há sete anos, ainda no Chile. Ela foi encontrada deitada em um pasto do santuário – em que vivia com mais duas elefantas, as irmãs Rana e Maia –, logo de manhã, já sem vida.

“Ela parecia estar dormindo. Sua morte deve ter sido repentina, pois a grama ao seu redor estava intocada. Apenas um lindo elefante, deitado em um belo pasto, os olhos suavemente fechados e o rosto doce, tão calmo como costumava ser”, cita a nota.

Ramba chegou em Chapada dos Guimarães no dia 18 de outubro deste ano, após viajar 3.600 km. Ao Brasil, ela chegou no dia 16 de outubro no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), depois de ser transportada do Chile por um avião.

A elefanta era a última que vivia em cativeiro no circo chileno e a autorização para a transferência ao Brasil durou cerca de seis anos, após dois anos dedicados a estudos para a logística da viagem.

Leia a nota na íntegra:

É com imenso pesar que comunicamos o falecimento de Ramba.

Nossa vovó teimosa, linda e maior que a própria vida, não tinha mais forças para lutar contra seus problemas renais.

Ainda que após a necropsia tenhamos mais detalhes, sua morte, apesar de dolorosa, não nos surpreendeu tanto. Quando Ramba foi diagnosticada com doença renal, ainda no Chile, há sete anos, tínhamos muita esperança que ela conseguisse viver por mais um ano, no mínimo. Milagrosamente esse ano transformou-se em sete, dando-lhe forças que a ajudaram a chegar ao Santuário.

Parece que os elefantes possuem um conhecimento profundo e inexplicável sobre a vida. Prometemos, repetidas vezes, que ela viria para o Santuário e ela lutou para chegar até aqui.

Aqui encontrou uma alegria gigantesca, conseguiu explorar como sempre desejara e descobriu o sentido da verdadeira amizade. Talvez fosse tudo o que ela precisava e merecia.

Ela se entregou à sua nova vida mas, no processo, parece que desistiu de lutar. Ela estava cansada.

Na manhã de quinta-feira, 26 de dezembro, Rana e Maia estavam no galpão sem Ramba. Isso acontecia sempre, Ramba gostava de explorar mais que Rana e, ocasionalmente, retornava à pastagem para um bom banho de lama pela manhã, enquanto Rana ficava próxima ao galpão antecipando o horário do café da manhã.

Saímos para encontrá-la e a descobrimos em um dos seus lugares favoritos, o recinto número 4, além do riacho. Ela parecia estar dormindo.
Sua morte deve ter sido repentina pois a grama ao seu redor estava intocada.
Apenas um lindo elefante, deitado em um belo pasto, os olhos suavemente fechados e o rosto doce, tão calmo como costumava ser.

Como não sabíamos se Rana tinha a percepção do que acontecera, a levamos de volta para sua irmã. Sentimos que não sabia, porque quando se aproximou de Ramba arregalou seus olhos, a cheirou profundamente, repetidas vezes e depois murmurou baixinho, também, repetidamente. Cheirou e tocou todo o corpo de Ramba parecendo tentar entender o que tinha acontecido.
Após vários minutos ela ficou quietinha e permaneceu ao lado de Ramba, pastando. E ali ficou, o resto do dia ao lado da amiga.

Um pouco mais tarde, Maia também foi levada para ver Ramba e se despedir. Ela também a cheirou e a tocou, ficando por cima dela, como costumava fazer com Guida, certificando-se que sua barriga a tocava.
Isso chamou a atenção de Rana por um momento, que pareceu querer protegê-la da barriga de Maia, mas se acalmou ao ver que suas intenções eram gentis e amorosas.
A visita de Maia foi mais curta, por sua própria vontade. Como sempre deixamos que decidam o que querem e precisam, quando estava pronta, foi embora.
Embora sua visita tenha sido breve, em comparação ao tempo que passou com Guida, Maia e Rana demonstraram uma delicada reverência em honrar a amiga.

Ramba foi especial. Havia algo em sua presença que nos trazia de volta à razão e fazia com que nossos corações sorrissem, ao mesmo tempo.

Nos apaixonamos por ela, quando a conhecemos, há sete anos. Ela foi parte do motivo de seguirmos em frente com a ideia de um Santuário no Brasil. Não havia como deixá-la para trás ou esquecê-la depois de a ter conhecido. Parece que não somente os humanos se sentiram assim. Ramba teve um efeito de sustentação sobre Maia, Rana a adorava e até Lady parecia relaxar e confiar em sua presença.

Já sabíamos que cada dia de Ramba, no Santuário, seria uma dádiva, não apenas para ela, mas para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la. Todos foram, de alguma forma, tocados por ela.

Embora nosso desejo seja que todos os elefantes possam ter mais tempo no Santuário, somos muito agradecidos por Ramba ter, aqui, encontrado sua alegria.

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