Marisa Batalha e Luana Valentim
(Foto: Reprodução)
A comoção causada em milhares de pessoas mundo afora pela desesperadora fuga do desemprego e da fome de pelo menos 128 mil venezuelanos do seu país nos últimos 18 meses; e a rejeição de alguns, como os Estados Unidos, em recebê-los, comoveu o juiz de Mato Grosso, Mirko Vicenzo Giannotte, da Comarca de Sinop, que deflagrou nesta terça-feira (28), uma campanha para arrecadar doações para enviar aos refugiados que estão em Roraima.
De acordo com o magistrado, ‘os governos podem até fechar as fronteiras, mas os brasileiros abrirão seus corações’. E foi acreditando que ajuda humanitária como esta tornam as pessoas seres humanos melhores e maiores, que o magistrado iniciou hoje a oficiar a várias instituições que deverão ser parceiras desta campanha
No Brasil, os venezuelanos que vêm fugindo da crise política e econômica estabelecida em seu país, vêm já há algum tempo cruzando a fronteira pelo estado de Roraima, em busca de sobrevivência. Desde então o governo brasileiro tem ajudado estes imigrantes a retomarem suas vidas em alguns estados brasileiros como Mato Grosso.
Só este ano bem mais de 100 venezuelanos aportaram no Estado, como a venezuelana Denis González, que conta que deixou a cidade natal de Maracaibo, que fica 700 km da capital, e chegou ao Brasil com o esposo para buscar um emprego e vida melhor. No interior da Venezuela, ela deixou com a irmã, os quatro filhos menores, pois não saberia o que iria enfrentar para trazê-los.
Denis em entrevista recente realizada ao Tribunal Regional do Trabalho, em Mato Grosso, revelou com tristeza que em seu país um frango chegou a custar mais que um salário mínimo. E desempregados, comiam no máximo uma vez por dia e, às vezes, nem isso.
Para chegar em Cuiabá, o casal veio no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no dia 6 de abril deste ano. Com eles, chegaram também 66 compatriotas. Essas 68 pessoas foram as primeiras desembarcar pelo plano de interiorização do Governo Federal juntamente com a Organização das Nações Unidas (ONU).
São histórias como esta que levaram o magistrado a organizar uma campanha para arrecadar alimentos não perecíveis, roupas, produtos de higiene pessoal para poder enviar aos municípios de Boa Vista e Pacaraima em Roraima, para ajudar os milhares de refugiados que ainda não tiveram a mesma oportunidade de Denis González e de seu esposo.
A partir desta quarta-feira (29), o juiz Mirko Giannotte irá enviar ofícios para algumas entidades – como Rotary, Associação Mato-grossense dos Magistrados, sindicatos rurais, Corregedoria e presidência do Tribunal de Justiça, Igreja Católica e Maçonaria -convidando-os para esta parceria, como forma de assegurar espaços espalhados nos quatro cantos do Estado. E, obviamente, elevar a contribuição, reduzindo o tempo da coleta e, claro, adquirir uma boa quantidade de doações para começar a enviar para os municípios.
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