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Sexta-feira, 09 de Novembro de 2018, 14h:36

Ex-juíza diz que no Senado seu alvo é criminalidade, não os direitos da mulher

Claryssa Amorim

Foto: (Facebook)

Selma Arruda

 

A juíza aposentada e senadora eleita Selma Arruda (PSL), revelou com muita tranquilidade – em uma entrevista dada ao site Universa, do UOL, nesta quinta-feira (8) -, que não tem nenhuma proposta para o público feminino de Mato Grosso pelos próximos oito anos de seu mandato. Assegurando que sua prioridade é combater a corrupção. 

 

A resposta foi dada em levantamento do site, após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, para saber das cinco das sete senadoras eleitas no país, entrevistadas pelo veículo eletrônico, “o que elas esperam do governo de Bolsonaro em relação às mulheres?” e “que propostas teriam para as mulheres?”.

 

“Não tenho propostas para mulheres, pois não é meu foco. Vou trabalhar pelo combate à criminalidade e à corrupção”, finalizou.

 

Já indagada sobre o governo de Bolsonaro, Selma declarou que não espera nada além das políticas públicas já estabelecidas como a Lei Maria da Penha.

 

“Como ele disse em sua campanha, sabe-se que não vai abortar políticas públicas já estabelecidas, como a rede de atendimento criada pela Lei Maria da Penha. Portanto, não espero nada além disso”, disse.

 

As senadoras eleitas no país foram Selma Arruda (PSL-MT), Daniella Ribeiro (PP-PB), Eliziane Gama (PPS-MA), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Soraya Thronicke (PSL-MS). As senadoras eleitas, Leila do Vôlei (PSB-DF) e Zenaide Maia (PHS-RN), foram procuradas pela reportagem, mas não retornaram.

 

Segundo a matéria, nenhuma das senadoras eleitas este ano se posicionaram como oposição ao presidente eleito, mas três discordaram da posturas do Bolsonaro quanto às pautas em relação as mulheres do país, como a igualdade salarial, em que já se posicionou que não deverá interferir em negociações de empresas, para que isso seja garantido. 

 

Com 678.458 votos, representando 24,65% dos votos válidos, a juíza aposentada se tornou a segunda mulher a ocupar uma vaga na Senatoria por Mato Grosso.

 

Selma garantiu seus votos, após declarar total apoio ao presidente Bolsonaro durante sua campanha. Inclusive, tentando cristalizar a imagem de que seria a “senadora de Bolsonaro”.

 

Mesmo respondendo processo, Selma poderá ser empossada como senadora por Mato Grosso. Em outubro, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do registro de Selma e foi protocolado no TRE. O órgão ainda ressaltou que, caso fosse eleita, a candidatura da juíza deveria ser barrada por suspeita de abuso de poder econômico.  

 

Os pedidos foram feitos após a solicitação da inclusão na ação de investigação judicial eleitoral movida pelo advogado Sebastião Carlos (Rede), que amargou a derrota para o Senado. O adversário pediu uma investigação após a suspeita de gastos ilícitos e abuso de poder econômico da magistrada.

 

A desconfiança de Sebastião foi depois que o publicitário, Júnior Brasa, moveu uma ação monitória cobrando R$ 1,2 milhão de Selma. Na denúncia, o publicitário revela que a juíza emitiu em período de pré-campanha, cheques pessoais para a Genius – empresa pertencente a ele – no valor de R$ 700 mil. A procuradora chegou a pedir as quebras de sigilos bancários de Selma entre abril e setembro de ano, além da cassação de sua candidatura.

 

No entanto, Selma declarou, em conversa com jornalistas, que essa denúncia já foi retirada da pauta do TRE, pois se atentou que não existe esse crime, uma vez que o valor foi usado antes da campanha eleitoral.

 

Entretanto, admitiu que a investigação continua para saber se houve abuso de poder econômico. Ainda que tenha garantido inocência, alegando que já teria mostrado as provas necessárias sobre o caso. Selma também aproveitou para alfinetar a imprensa, por ter divulgado a denúncia do caixa 2. Para ela, foi dado “ênfase” de algo que “não existe”. 

 

A relatoria da ação está sob a responsabilidade do desembargador Pedro Sakamoto que decretou segredo de justiça na ação que foi proposta por Sebastião Carlos. A acusação veio à tona no dia 30 de setembro deste ano, após o juiz eleitoral, Jackson Coutinho, receber a denúncia de que a juíza aposentada estaria praticando o crime de ‘caixa 2’. Agora, ela está sendo investigada pela Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Polícia Federal e o Ministério Público Estadual por suspeita de abuso de poder econômico.

 

Nos autos, advogado Diogo Sachs, que patrocina a defesa de Selma, argumentou que os extratos bancários da conta pessoal da magistrada seriam apresentados de forma espontânea, em um prazo de três dias, sendo desnecessária a sua quebra de sigilo bancário. E fala sobre a necessidade do sigilo, para salvaguardar as informações bancárias da candidata e impedir novos episódios do reality show formado em torno do processo.