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Sexta-feira, 12 de Abril de 2019, 10h:20

Setor de serviços cai 0,4% em fevereiro, 2º recuo mensal seguido

Na comparação com fevereiro do ano passado, porém, houve avanço de 3,8%. Comércio e indústria também apresentaram resultados fracos no mês, evidenciando as dificuldades para a recuperação deslanchar.

Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1

(Foto: Reprodução/RPC)

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O setor de serviços recuou 0,4% em fevereiro frente a janeiro, com destaque para a contração na atividade de transportes, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da segunda queda mensal seguida do indicador.

“Os dois resultados negativos seguidos eliminaram completamente a alta de 0,8% registrada em dezembro”, destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Já na comparação com fevereiro do ano passado, volume de serviços cresceu 3,8%, sétima taxa positiva seguida nesse tipo de comparação e o melhor resultado desde fevereiro de 2014 (7%).

No acumulado em 12 meses, a alta passou de 0,2% em janeiro para 0,7% em fevereiro, melhor resultado desde março de 2015 (1%), mantendo a trajetória de recuperação, ainda que lenta.

O IBGE revisou para baixo os dois últimos resultados do setor. Em dezembro, ao invés de uma alta de 1%, o avanço foi revisto para 0,8%. Já em janeiro, a queda foi de 0,4%, maior que a divulgada anteriormente (-0,3%).

A receita nominal do setor — que não desconta a inflação do período — também apresentou queda de 0,4% entre janeiro e fevereiro, mas apresentou aumento de 6,5% frente ao mesmo mês de 2018. A receita de serviços subiu 6% no ano e 3,6% em 12 meses.

 

'Dificuldades para deslanchar'

 

Com o resultado de fevereiro, o patamar do volume de serviços prestados no país ainda está 11,4% abaixo de seu pico mais alto, registrado em novembro de 2014. Essa distância, entretanto, já foi maior, tendo chegado a 15,7% em maio do ano passado.

“Na comparação com 2018, há uma melhora [no desempenho do setor]. Mas, olhando a série ajustada, ele ainda encontra dificuldades para deslanchar”, avaliou Lobo.

O pesquisador enfatizou que a expectava de investimento por parte dos empresários tem diminuído, após um curto período de otimismo ao longo de 2018. “Com a suspensão dos investimentos públicos, esperava-se que isso fosse ocupado pelo setor privado, o que não aconteceu... Inclusive, piorou também a análise por parte do empresariado de melhoria em curto prazo”, disse Lobo, citando dados do Índice de Confiança do Setor de Serviços, levantado pela Fundação Getúlio Vargas.

 

Setor de transportes puxa queda

 

Das 5 atividades do setor de serviços pesquisadas pelo IBGE, 3 registraram queda em fevereiro, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-2,6%), serviços prestados às famílias (-1,1%) e ramos de outros serviços (-3,8%), que inclui atividade imobiliária e de serviços financeiros auxiliares.

“O setor de transportes foi o que liderou essa queda. Posso destacar quatro segmentos para tentar entender esse movimento de queda do setor na passagem de janeiro para fevereiro: transporte aéreo, concessionárias de rodovias, gestão de portos e terminais e transporte rodoviário de cargas”, destacou o gerente da pesquisa.

Segundo o pesquisador, o transporte aéreo foi afetado pela margem de comparação alta e pelo efeito calendário. Em janeiro, mês de férias, a venda de passagens foi elevada, enquanto o mês seguinte, sem carnaval neste ano, registrou queda.

 

Na outra ponta, houve avanço no volume de serviços de informação e comunicação (0,8%). Já os serviços profissionais, administrativos e complementares mostraram estabilidade em fevereiro.

Variação do volume de serviços em fevereiro, por atividade:

 

  • Serviços prestados às famílias: -1,1%

 

  • Serviços de alojamento e alimentação: -0,5%

 

  • Outros serviços prestados às famílias: -2,1%

 

  • Serviços de informação e comunicação: 0,8%

 

  • Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 0,8%

 

  • Telecomunicações: -1,1%

 

  • Serviços de tecnologia da informação: 4,8%

 

  • Serviços audiovisuais: 0,4%

 

  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: zero

 

  • Serviços técnico-profissionais: 1,9%

 

  • Serviços administrativos e complementares: -0,7%

 

  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -2,6%

 

  • Transporte terrestre: -0,4%

 

  • Transporte aquaviário: 0,2%

 

  • Transporte aéreo: -15,5%

 

  • Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -4,9%

 

  • Outros serviços: -3,8%

 

No acumulado do primeiro bimestre de 2019, frente a igual período do ano anterior, o setor de serviços cresceu 2,9%, com expansão em todas as cinco atividades. O maior crescimento foi registrado pelos serviços de informação e comunicação (4,8%).

Segundo o IBGE, a atividade foi beneficiada pelo aumento da receita das empresas que atuam nos segmentos de consultoria em tecnologia da informação, de telecomunicações, de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet e de desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis.

“Os serviços de tecnologia da informação têm alto valor agregado, como desenvolvimento e licenciamento de softwares. Ele mostra resultados positivos desde meados de 2018 e mantém esse ritmo forte. Sem dúvida, é o grande destaque do setor”, afirmou Lobo.

 

Por estados

 

Das 27 unidades da federação, 22 registraram queda no volume dos serviços em fevereiro. Os maiores recuos foram registrados no Rio de Janeiro (-3,2%) e Distrito Federal (-4,5%). Já a principal contribuição positiva veio de São Paulo (1%).

 

Recuperação lenta e perspectivas

 

O resultado fraco de serviços em fevereiro acompanha o comércio, cujas vendas ficaram estáveis na comparação com janeiro. Segundo o IBGE, o patamar de vendas do comércio segue 6,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado em outubro de 2014.

Já a produção industrial cresceu 0,7% em fevereiro, mas ainda acumula queda 0,2% no ano.

A inflação e os juros baixos tendem a ajudar a recuperação do consumo neste ano, porém o desemprego permanece elevado, com mais de 13 milhões de pessoas sem trabalho no trimestre até fevereiro.

Pesquisa Focus realizada pelo Banco Central e divulgada na véspera mostrou que o mercado reduziu a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 pela 6ª semana consecutiva. A expectativa é de uma alta de crescimento de 1,97% do PIB neste ano, após alta de 1,1% em 2018 e 2017.