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Quarta-feira, 26 de Junho de 2019, 10h:55

"Não julgo mais as escolhas das outras mulheres", diz Cynthia Senek sobre impacto de personagem

Atriz viveu Edilene em 'A Dona do Pedaço', que morreu ao fazer um aborto

Revista QUEM

(Foto: Dêssa Pires/Divulgação)

Cynthia Senek emocionou os espectadores de A Dona do Pedaço ao interpretar Edilene, morta ao fazer um aborto. A atriz de 27 anos, que também integrou o elenco de Malhação em 2015, foi bastante elogiada pela atuação na novela e falou com a QUEM sobre a repercussão da personagem.

"Todo o processo de construção de personagem foi um momento delicado pra mim. Afinal, eu nunca tinha tido qualquer relação com o aborto. Como mulher, doeu bastante ter contato com tantas mulheres e tantas histórias doloridas e sofridas. Como artista, eu tentava captar o máximo de informações e me conectar com aquelas dores. E como ser humano eu tentava entender e respeitar. Foi lindo demais, porém necessário para o meu estudo e entendimento sobre o tema. Agora eu sou uma mulher que não julga mais as escolhas das outras. Aprendi a praticar a sororidade e a empatia também para assuntos tão delicados quanto o aborto", conta Cynthia.

A atriz afirma que trazer esse tipo de tema para a novela, em um horário nobre, traz ainda mais visibilidade e ajuda a conscientizar o público. "O aborto está presente na vida de 500 mil mulheres que abortam todos os anos no Brasil. E por este motivo, não podemos fingir que ele não acontece. A Edilene veio para trazer esse assunto à tona e eu sou completamente grata por ter sido a artista em contar essa história."

Cynthia estudou bastante sobre aborto e se deparou com história que mostram o descaso público com as mulheres. "São 1.369 mulheres que abortam todos os dias no Brasil. Cerca de 50% dessas mulheres precisam de atendimento médico após o aborto. E isso acontece independentemente do aborto ser legalizado ou não. A Edilene é uma personagem da vida real. Ela representa aquilo que precisa ser falado. Elas estão aí, morrendo todos os dias enquanto o aborto ainda é tratado como tabu na bancada nacional. Chegou o momento de falarmos sobre isso."

Questionada se se considera feminista, a atriz acredita que estamos vivendo um momento feminino. "Nós mulheres estamos abrindo nossos olhos e descobrindo que podemos ser quem quisermos ser. A sororidade começa exatamente quando aceitamos a escolha de outra mulher, mesmo que essa não seja a nossa escolha. Somos todas diferentes. Pensamos diferentes, mas o respeito e a empatia devem existir em qualquer situação. Estou vivendo isso. No meu dia a dia, nas minhas amizades e em todas as minhas relações."