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Quarta-feira, 17 de Julho de 2019, 17h:18

Cabo denuncia que promotores usaram verba secreta até para compra de cães e conserto de motos

Euziany Teodoro
Única News

(Foto: Alair Ribeiro)

Em novo depoimento à Justiça, nesta quarta-feira (17), o cabo da Polícia Militar, Gerson Correa Junior, réu na ação penal sobre o esquema de escutas telefônicas ilegais, no âmbito do governo Pedro Taques (PSDB), que ficou conhecido como a “Grampolândia Pantaneira”, denunciou a existência de uma “verba secreta” no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), que é usada por promotores sem qualquer prestação de contas.

Ele afirma que presenciou vários atos ilegais com o uso dessa verba por parte dos promotores, inclusive comparando sua existência com a verba de suprimentos da Assembleia Legislativa, a que deputados têm acesso e não precisam prestar contas sobre seu uso.

“A verba secreta, nem promotores prestam contas desta verba, só os policiais, perante a coordenação. É igual a verba, fazendo uma analogia, de suprimentos de fundos da Assembleia, que foi alvo de investigação da Operação Metástase (2015)”.

Ele afirma ter visto, pessoalmente, promotores usando o recurso para comprar cães e até mesmo fazer o conserto de motocicletas. E cita nomes. “Presenciei promotor de justiça consertar sua moto particular com verba secreta, quando acidentou atuando no Gaeco. Cito nome: Celio Wilson. Quem comprou cães? Marcos Regenold”.

Ele também volta a citar o promotor Marco Aurélio de Castro, apontado por ele como um dos principais envolvidos na criação de barrigas de aluguel (quando pessoas sem qualquer envolvimento são grampeadas no âmbito de investigações aleatórias). “Quem pagava contrato da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) e a manutenção dos rastreadores [de veículos] com verba secreta: Marco Aurélio de Castro. É desvio ou não é de finalidade?”, questiona.

Desde que recomeçaram os depoimentos, na terça-feira (16), do cabo Gerson e dos coronéis Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco, o Ministério Público Estadual se tornou alvo de críticas e cobranças.

A Assembleia Legislativa estuda instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a regularidade das atuações do Gaeco. A deputada Janaína Riva, que segundo os depoimentos teria sido grampeada ilegalmente em duas situações diferentes, exigiu a presença do procurador-geral de Justiça, José Antonio Borges Pereira, na Casa de Leis para dar explicações.

Nesta quarta-feira, José Antonio Borges Pereira instaurou procedimento administrativo para averiguar se há procedência nas afirmações do réu.

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