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Domingo, 18 de Agosto de 2019, 09h:21

Tecnologia x gente

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(Foto: Divulgação)

O governador Mauro Mendes fez uma declaração nesta semana que pareceu, no mínimo, profética. Disse que o governo do estado deve investir em tecnologia e diminuir a contratação de pessoal. O tema é mais abrangente do que isso.

Nos últimos três anos alguns temas desconhecidos ganharam o campo das possibilidades. Vamos lá: inteligência artificial, big data, impressão em 3G, indústria 4.0, internet 5G. Sobre cada um teríamos livros e mais livros. Mas vou deter-me num exemplo que, confesso, me chocou. Recentemente fui a uma loja de O Boticário em Cuiabá. Bem na frente, dois vidros de colônia da marca “Egeo”, masculino e feminino, traziam pregado no frasco uma etiqueta: “Feito por inteligência artificial”. Logo perfumaria que é uma atividade de profunda sensibilidade humana.

Perguntei ao diretor Jorge Matos como se faz perfume dessa forma. Ele disse-me que o big data analisa bilhões de informações levantadas anteriormente nos perfis e as pesquisas de comportamento e chega a perfis de preferência. Daí monta a fórmula da colônia. O futuro da maioria quase total dos produtos será produzida na inteligência artificial, mais impressões em 3G. Sem falar na internet 5G através da qual um médico, por exemplo, pode operar em tempo real ,com segurança um paciente do outro lado do mundo através de laparoscopia.

Mas há que se considerar também as tendências do comportamento humano a partir dessa invasão tecnológica nas atividades econômicas e cotidianas. A pergunta é pertinente: que papel terão as pessoas nesse ambiente tecnológico quase auto suficiente?

Aqui volto à tese do governador Mauro Mendes. Segundo ele, existem 100 mil servidores públicos atuando na ativa ou inativos no governo de Mato Grosso. O custo é absurdo porque as legislações foram sucessivamente protetoras de direitos construídos ou adquiridos.

Não obstante 100 mil servidores a segurança de qualidade dos serviços públicos é muito baixa. Serviços é a área mais facilmente substituível de pessoas por máquinas. Exemplos não faltam: os bancos, as companhias aéreas, as montadoras de automóveis, a indústria eletrônica, os postos de gasolina e os supermercados. Já existem lojas 100 por cento automatizadas.

Porém, não serão apenas os servidores públicos que se preocuparão com os seus empregos. Em todos os setores econômicos as pessoas entrarão num de maneira crescente num limbo produtivo. O que virá depois pra continuar justificando a existência humana, é um mistério profundo. Pelo menos por agora...!

 

*Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso. [email protected] / www.onofreribeiro.com.br