(Foto: Brendan Smialowski / AFP Photo)
Os Estados Unidos mantêm o apoio ao ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas o país está no meio de uma disputa entre o presidente Donald Trump e os representantes da Europa na entidade. É o preço do alinhamento do governo brasileiro aos Estados Unidos, o que colocaria em risco uma aprovação, agora, da entrada do Brasil na organização.
Segundo assessores presidenciais, o governo brasileiro sabia que seu ingresso não seria analisado neste ano, mas apenas em maio de 2020. Havia, porém, uma expectativa de que o nome do Brasil constasse da carta na qual os Estados Unidos oficializam o apoio à entrada da Argentina na OCDE.
Isso não aconteceu exatamente por causa da disputa pelo controle da entidade que acontece hoje entre Trump e os representantes europeus.
Por sinal, na avaliação da equipe de Bolsonaro, essa disputa está levando os europeus a desde já fixarem condições para o ingresso do Brasil na entidade.
Entre elas, uma política ambiental alinhada à Europa, tema que gerou tensão recentemente entre o presidente Jair Bolsonaro e França e Alemanha por causa do desmatamento e queimadas na Amazônia. Essas exigências colocariam em risco ou dificultariam a aprovação do processo brasileiro.
Donald Trump tem reclamado que o atual comando da OCDE tem adotado uma postura favorável aos europeus, com a possibilidade do aumento de membros na entidade vindos principalmente da Europa. Por isso o governo americano, neste momento, fez o apoio apenas à Argentina, deixando de citar o Brasil no texto enviado à entidade.
Segundo diplomatas brasileiros, para o Brasil o ideal agora é aguardar o desfecho desta queda de braço dentro da OCDE e torcer para uma vitória americana. Aí, ficaria mais fácil a aprovação da entrada do Brasil no processo.
Foi por isso, por sinal, que o governo americano, ao soltar nota ontem dizendo que mantém o apoio do ingresso do Brasil na OCDE, o seleto clube dos países ricos, diz que o processo brasileiro ainda vai demorar.
A ausência do nome do Brasil na carta gerou uma primeira avaliação de que o governo dos Estados Unidos havia desistido de apoiar a entrada brasileira na entidade.
Assessores do presidente Jair Bolsonaro entraram em contato com a Casa Branca para que o caso fosse esclarecido, o que levou, no final da noite desta quinta-feira (10), o próprio presidente Trump a reforçar, nas redes sociais, que mantinha o apoio ao pedido do governo brasileiro.