ONOFRE RIBEIRO
É certo que teremos eleições em 2018. Porém, compreender o amplo sentido delas é a questão. Vai votar uma nação magoada. Ferida no seu orgulho. Descrente de si mesma. Descrente da existência da nação. Isso nunca houve antes.
Pela primeira vez o país vai se defrontar consigo mesmo. Todas as incoerências históricas cuidadosamente criadas e cultivadas por uma nação latina. Aqui o termo latino vai no seu sentido mais pejorativo. Dolorido mesmo!
O Brasil nunca cuidou em nenhum momento de ter um projeto de nação. Viveu sempre de soluços que foram devorados pelos seus líderes de todas as áreas. Além da política, também da economia. Os bons ciclos reverteram em favor delas mesmos. Tem sido de um cinismo insuportável.
A passagem da esquerda pelo poder entre 2003 e 2015 foi muito didática. Incapaz de ter um projeto de Estado optou por um projeto de poder a qualquer custo. Mas fez um imenso favor ao Brasil. Desmontou os andaimes da estrutura de um prédio velho e corroído.
Acabar a desconstrução pra iniciar o projeto de um novo prédio, é que se fará nas eleições de 2018. Não esperemos que em 2019 tudo esteja resolvido, com a simples mudança dos governantes atuais e da maioria dos representantes parlamentares. Ou com a metamorfose dos partidos políticos em instituições confiáveis. Devem-se iniciar os rabiscos de um projeto de nação que nunca tivemos.
Isso não se fará em harmonia. Lembremo-nos da construção da Constituição de 1988. Foi uma fervura enlouquecida. Cruzaram milhões de interesses e pouca lógica. Muito menos a percepção do projeto de nação ou dos cidadãos nele residentes. Ainda que a Constituição tenha sido batizada de “cidadã”. Conversa!
Teremos nos próximos quatro anos caos absoluto num clima de guerrilha semelhante ao do modo constituinte de 1988. Hoje nem temos mais lideranças políticas como havia então. Meros rascunhos e rabiscos de líderes. Como então construir um projeto de nação nesse ambiente? Tudo está fragmentado. Universidades fora do jogo, partidos mortos, tribunais a reboque da falta de moralidade, políticos acuados, governantes sem rumo. Sociedade desestabilizada.
As eleições deste ano devem ser entendidas como o fim de um ciclo histórico destrutivo para entrar num caótico e só depois de um tempo imprevisível hoje, começar a metamorfose para uma nação!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
FAÇA PARTE DE NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA DIARIAMENTE NOSSAS NOTÍCIAS!