Por Jair Donato
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O tema deste artigo é um dos pressupostos da Programação Neurolinguística, um modelo de linguagem utilizado no campo da aprendizagem do cérebro humano com foco na excelência, desenvolvido por Bandler e Grinder, na década de 1970. Mas este termo tema foi cunhado incialmente pelo engenheiro, filósofo e matemático polonês, Alfred Korzybskiem, 1931. É uma expressão que se refere à forma como o ser humano interage com a realidade na qual ele se encontra. Para ele, cada indivíduo experimenta o mundo através dos sentidos da visão, audição, tato, olfato e paladar. Na verdade, nem sempre o indivíduo tem acesso direto à realidade em si, mas apenas às percepções da realidade em que vive. Há uma enorme diferença entre um fato, que é o território, e uma concepção, o mapa. Enquanto o mapa deriva mais do que o indivíduo julga ser, o território é a realidade explícita, independente de julgamento algum, é o fato sem a interpretação.
Há uma analogia interessante que evidencia a diferença entre mapa e território. Certa vez um policial estava numa viatura pelas ruas e levava com ele um cão policial. Foi quando percebeu um garotinho olhando fixamente para eles, que em seguida o interpelou querendo saber se aquilo era mesmo um cachorro na viatura. O policial disse que sim, o outro ocupante era, de fato, um cachorro. O garoto ficou pensativo e intrigado com aquela cena e perguntou: “Senhor policial, o que foi que ele fez de errado para ser preso?”.
Os mapas são aqueles processos representativos das percepções individuais de cada pessoa sobre si e sobre o mundo em que vive. Por exemplo, o que você pensa sobre uma determinada situação pode ser distorcido ou não ser o mesmo que pensa quem está do seu lado. São também as expectativas e pressuposições que você cria sobre si e sobre os demais, são seus moldes internos. Cada um tem o próprio mapa que pode derivar da formação de fatores genéticos e da história pessoal. Não é que haja um mapa melhor que outro. É por essa relatividade que ninguém pode afirmar ser o dono da verdade, que possui o mapa mais perfeito, porquanto tudo está vinculado às circunstâncias do momento, às vivências diárias e às representações internas. Em decorrência desse emaranhado de jogos de influências, referências e intervenções filtradas pelos mapas individuais é que surgem as ações e as incontáveis formas de agir. As pessoas reagem de diferentes maneiras, por vezes, aos mesmos estímulos, devido a subjetividade que sedimenta cada mapa interno.
É por isso que nesse contexto nem sempre mapa é território. Pois os mapas normalmente são diferentes devido a maneira individual de cada um perceber as realidades do mundo. Enquanto a realidade é representada pelo território, a percepção dessa realidade é o mapa mental construído singularmente para descrever o território em que vive o indivíduo. Os mapas são formados consideravelmente por crenças, que são modelos, frames, hábitos enraizados na estrutura psicológica de cada um, podem ser bons ou ruins, e costumam alterar a percepção do indivíduo. O território pode ser as funcionalidades de um produto, como ele funciona, que podem ser escritas, não mudam, estão lá no manual. Já o mapa é o significado que aquele produto tem para quem o utiliza, pode ser que sequer faça uso de todas as funcionalidades existentes. Um exemplo disso é aquela bicicleta ergométrica que pode terminar servindo como mais um porta toalhas na sua casa. Ou seja, a função designada por você não condiz com a natureza do objeto.
Como provocar uma mudança para diminuição dessa discrepância entre percepção e realidade? Cada vez que o indivíduo se permite ser tocado, moldado, sensibilizado e se torna mais isento e imparcial, uma transformação ocorre. Isso contribui para diminuir o alto índice de incongruência que existe entre o mapa e o território. Na prática, é se permitir ter mais experiências, acumular vivências. A empatia pode ser uma dessas vivências enriquecedoras. Dessa maneira, será possível ingressar-se num crescimento contínuo e viver numa realidade que faz mais sentido, e assim permear por um território também localizado pelo seu mapa. Contudo, esse é um contexto de subjetividade sem fim. No entanto, o maior desafio talvez seja conduzir-se aos diversos territórios através dos seus próprios mapas, sem fugas. A caminhada é longa.
Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, professor universitário, palestrante, consultor e especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: [email protected]
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