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ARTIGOS/UNICANEWS Quinta-feira, 17 de Maio de 2018, 09:52 - A | A

17 de Maio de 2018, 09h:52 - A | A

ARTIGOS/UNICANEWS / MÁRIO NADAF

'Morrer se preciso for, matar nunca'



Mário

 

Dia 05 de maio é uma data festiva. É aniversário de Rondon, Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon, um herói de muitos atributos que tanto honra o nosso Estado e país. Poucos são aqueles que nunca ouviram falar desse homem. Ele recebeu homenagens do Estado nacional quando o território do Guaporé tornou-se Rondônia, quando um pequeno povoado às margens do Rio Vermelho passou a denominar-se Rondonópolis, e o aeroporto, primeiro chão para muitos daqueles que visitam a nossa Cidade, tem o seu nome. Bem vindos a Cuiabá, bem vindos a Várzea Grande, bem vindos ao Aeroporto Marechal Rondon, dizem os comissários.

 

Rondon nasceu em Mimoso, pequena comunidade na atual cidade de Santo Antônio do Leverger, ao lado da bacia do Chacororé, e precisou sair ainda menino para se alfabetizar e se profissionalizar. De 1865, ano de nascimento até os seus oito anos de idade, permaneceu em sua comunidade, ao lado da sua mãe, filho de um pai que não pode conhecer. Seu tio o trouxe para Cuiabá para educá-lo, tio que foi tão importante para o Cândido Mariano da Silva, que ele o homenageou ao incorporar o seu sobrenome, Rondon, em 1921, quando já estava no Rio de Janeiro, capital da República, e já era reconhecido pelos seus feitos e qualidades. O crescimento intelectual de Rondon deu-se por meio da sua dedicação aos estudos e a disciplina militar. Com 16 anos,  incorporou-se ao exército juntamente com as ideias liberais que sacudiam o Império e previam o nascimento da República Brasileira.

 

            O seu espírito aventureiro o transformou em um sertanista, os homens que embrenham na mata em busca de riquezas, sejam elas minerais e vegetais, que conhecem o desconhecido, os rios, lagos, montanhas e povos isolados. Povos temidos, mas também sujeitos ao perecimento se aqueles que os descobrirem não tiverem a consciência da sua importância para a ocupação do território e o amor à vida e a dignidade do próximo.

 

            Não se adentra um território inóspito sem coragem e desejo de progresso. Para o progresso do Brasil, Rondon quis garantir o domínio das imensas e longínquas terras do nosso país. Desde muitas décadas, sabia ele, o oeste e norte estavam isolados da civilização burguesa. Deveriam concretizar o domínio e estabelecer laços cotidianos entre os grandes centros e os distantes. Para isso, o nosso sertanista teve por razão construir extensas linhas telegráficas. Seria por meio da comunicação que as regiões e os seus habitantes criariam de certa maneira o espírito nacional, o sentimento de pertencimento a um país que não conheciam. 

 

            Para tanto, os seus conhecimentos foram postos à prova. Rondon, auxiliado por oficiais e soldados, mapeou o Brasil entre as décadas de 1890 a 1920, pontos de latitude e longitude, o curso dos rios, a localização de montanhas, marcos geográficos, e principalmente o Centro Geodésico da América do Sul, atual endereço do parlamento municipal.

 

            Tratando de legados, destaco os mais importantes em minha concepção. As linhas telegráficas e o convívio com os indígenas. Convívio porque os primeiros desbravadores nunca perceberam e aceitaram a importância dos indígenas para a história brasileira. Rondon era neto de índios, mas certamente não foi este o motivo determinante para a sua boa relação. São os homens e não os animais que iriam amar e defender o Brasil. Os indígenas, à época conhecidos como silvícolas, homens da selva, que seriam incorporados ao corpo da pátria, respeitando-se a sua cultura, sem  conflitos, nascendo aí um dos grandes lemas de Rondon, “morrer se preciso for, matar nunca”. Matar era perder um dos grandes projetos brasileiros, que era ligar o novo ao centro, e isso se deu com a construção do progresso, estradas e linhas telegráficas.

 

            As linhas telegráficas foram estendidas por milhares de quilômetros, referidos geralmente por léguas. Os heróis de Rondon ligaram Cuiabá ao Araguaia e a Corumbá; territórios paraguaio e boliviano, território do Guaporé e ao Acre. Comunicar, saber o que se passa há milhas e milhas dos sertões é desenvolver o sentimento de pertencimento. Se os fatos históricos brasileiros demoravam semanas e meses para chegaram até aqui, o mato-grossense passou a conhecer em dias, ou horas, inclusive com o trabalho dos indígenas, que cuidavam e trabalhavam nos postos de comunicação.

 

            Rondon é o patrono das comunicações. Dia 5 de maio é o dia nacional das comunicações porque é o dia de nascimento do homenageado e precisamos reconhecer a sua importância. Louvar a sorte de termos um conterrâneo como Rondon. Homem que deve inspirar aqueles que desdém o progresso e temem as grandes aventuras. O sentimento de amor ao próximo despertado por Rondon com os índios perde-se por causa dos discursos que diariamente espalham-se pelas redes sociais contra as mais diversas etnias, credos e opiniões políticas. Vamos lembrar Rondon e os seus ensinamentos, sua vida e sua obra, e trabalhar por um progresso sadio e agregador. Parabéns Rondon! 

 

RONDON

 

Autor: Mário Nadaf é historiador, advogado e vereador pela Câmera Municipal de Cuiabá.

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