O assunto queimadas no Pantanal acabou ficando restrito à mídia, onde nasce e morre sem soluções. Antes de falar nisso, é preciso resgatar uma memória indispensável. A natureza é perfeitamente equilibrada. Funciona em cascata. Uma ação gera reações. Estas geram outras ações e outras reações. Concluindo: na natureza nada funciona sozinho!
Vamos aos fatos. Não pretendo discutir neste artigo a profundidade das causas da atual safra de incêndios no Pantanal. Dentro do princípio de que a natureza é perfeitamente equilibrada, vamos ao início do desequilíbrio. A politização do Pantanal, as restrições ambientais e o consequente empobrecimento dos fazendeiros pantaneiros, estão na raiz do problema.
O volume de massa seca acumulado ao longo desses últimos anos criou um ambiente muito forte pra incêndios. Antes, os fazendeiros pantaneiros, conhecedores dos ciclos do Pantanal, faziam queimadas controladas pra ter a rebrota do capim mimoso e de outras vegetações que o gado comia. Hoje, com a proibição das queimadas as pastagens nativas estão se transformando em matagais altamente incendiáveis.
A ciência acadêmica e os sistemas de proteção ambiental não possuem estudos conclusivos sobre a experiência pantaneira de mais de 300 anos. Chegaram e trouxeram as restrições. Mas não contribuíram e nem contribuem efetivamente com o conhecimento da natureza pantaneira. Ao contrário: os pesquisadores manifestam visível desprezo aos pantaneiros e à sua cultura histórica e tradicional. Não foi por falta de tentativa dos fazendeiros de serem ouvidos. Jovens acadêmicos ou ongueiros contratados pelo Sesc Pantanal e outras instituições, trazem a arrogância do desconhecimento.
Mas a questão agora já não são apenas os incêndios. Uma vez acontecidos. Eles deixam uma massa imensa de cinzas no seu rastro.
Essa massa de cinzas, disse-me no último sábado, um dos fazendeiros históricos do Pantanal, com a chuva escorrerá pra dentro de todos os canais de água. Provoca o efeito dequada. Dequada é um componente químico ácido causado pela mistura água-cinzas. Reduz o oxigênio na água e mata os peixes. Morrendo os peixes, morrem junto as aves que deles se alimentam e também os jacarés e outros microorganismos aquáticos.
A julgar pelo rumo das coisas, é que se pode esperar. A Embrapa Pantanal, já detectou e estudou o fenômeno. Portanto, não é só uma hipótese! Os efeitos durarão anos até a recuperação total do ambiente.
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