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Terminaram as eleições deste ano. Cuiabá, a partir de 1º. de janeiro, terá como prefeito um cuiabano de nascimento. Cuiabano que foi o último colocado entre os candidatos da disputa de 2000. Ele é eleito agora. Mas o seu maior desafio é administrar uma cidade com dificuldades financeiras e com todos os problemas de um município provinciano e de uma metrópole. Muitos desses mesmos problemas são seculares. E eles se tornam bem maiores quando se visualiza o quadro de interesses dos grupos que o apoiaram na disputa. Estes grupos, com certeza, já devem estar lhe encaminhando a fatura, pois nenhum deles entrou na campanha de graça.
Parte da fatura, caro (e) leitor, bem sabes, será convertida em cargos. Caso isto ocorra, e que certamente acontecerá, o prefeito eleito, já empossado, terá ignorado a primeira lição para se combater a crise no município - o corte do tamanho da máquina da administração pública cuiabana.
Ao ignorá-la, o novo prefeito será alvo do olhar reprovador de uma parcela considerável do eleitorado. Parcela de mais de 40%, constituída de votos brancos, nulos e abstenções, os quais se somam aos 39,59% que votaram no tucano.
Críticas não faltarão. Mesmo que boa parte de tais críticas poderão ser diminuídas ou abafadas com o trabalho de maquiagem, com manipulação dos dados e das verdades. Pois é isso que se vê, lê e se ouve. E não é de hoje. Mas maquiagem alguma não esconde de vez e por completa as rugas, os traços dos desalinhados - resultados de ações incorretas.
Ações incorretas que são inevitáveis quando não se tem um projeto, um programa, um plano ou planejamento. O prefeito eleito, quando ainda em campanha, não apresentou nada disso. Assim como seus adversários também não apresentaram.
O discurso do novo, de moderno e da esperança, por si só, não soluciona problemas reais da cidade. Mesmo que o tal discurso venha sendo tocado por uma onda, que dizem, tomou conta das eleições deste ano. Uma onda do novo que mantém o ACM Neto à frente da prefeitura de Salvador e o Arthur Virgílio Neto na de Manaus, além de ter trazido de volta o Iris Resende para a prefeitura de Goiânia, bem como ter possibilitado a eleição em Porto Alegre de Nelson Marchezan Júnior, cujo pai pertence ao chamado bloco de políticos tradicionais, filiado a ARENA e ao antigo PDS.
Estranho! Bastante estranho a tal onda do novo. Onda que, por certo, não será alento para o prefeito eleito de Cuiabá. Seu governo não se iniciará a partir do dia 1º de janeiro, mas exatamente no instante em que ele estiver montando seu secretariado, que é alvo de interesses dos grupos que o apoiaram na campanha, e certamente deverão ser contemplados. O que impedem a formação de um bom corpo de secretários. Este, cuja capacidade (assim como a de qualquer outro, e ministério) refere-se ao capital intelectual, organizativo, político e técnico que a equipe de governo disporá para o exercício de suas funções. É isto.
Lourembergue Alves é professor universitário. E-mail: [email protected].
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