Há algum tempo fui convidado pra dar uma palestra sobre futuro na universidade Eduvale, em Jaciara. A reitora, professora Ana Cláudia, pediu-me um tema motivador pra cerca de 400 alunos. Fora os cenários promissores de Mato Grosso dos quais tenho tratado seguidamente por décadas neste espaço, fiquei imaginando o que dizer pra gente jovem que olha pro futuro com muitos receios.
Vaguei pelo Google buscando imagens ou informações pro ponta pé inicial dos cenários que já tinha pronto. Encontrei imagens de Paris, Londres e Berlim bombardeadas durante a segunda guerra mundial. As cidades eram só ruínas absolutamente destruídas. Em seguida procurei imagens das mesmas cidades, no mesmo ângulo da fotografia nos dias de hoje. Encontrei.
Cidades belíssimas. Iluminadas. Imponentes. Tempo da reconstrução: menos de 50 anos entre os bombardeios da década de 1940 e a reconstrução até 1970. O que fez isso? A força de vontade e o trabalho de uma gente arrasada pela guerra em todos os aspectos. A guerra incentivou a garra e como voluntários ou trabalhadores os franceses, os ingleses e os berlinenses reergueram-se junto com as suas cidades.
Agora o Brasil. Nossa guerra não foi com bombardeios aéreos. Foi com bombardeios políticos e ideológicos. Pouco a pouco o Brasil foi inteiramente destruído em nome de uma guerra entre ideologias e políticas arrasadoras. Um lento desmonte. Ao após ano. Cínico. Partidário. Descompromissado. Mas tem um componente que não houve na Europa. Lá, sempre se acreditou no trabalho como um valor social indiscutível.
No Brasil as ideologias esquerdistas lutaram pra desfazer o valor do trabalho. Pegou. População tropical tem disso. Cai fácil em cantadas baratas. Agora temos um país bombardeado que precisa se reconstruir, mas cuja maioria da população não crê no trabalho. Crê na mão amiga do Estado que lhe escorre pras mãos uns centavos com sabor eleitoral.
Paralelo a esse quadro crônico eivado de direitos e penduricalhos sociais, vem a crise do Estado. Esse sofre o pior dos ataques. As corporações que ajudaram a bombardear a nação estão nas suas trincheiras defendendo-se de cumprir o seu papel institucional. Caro e ineficiente. Mas atentas ao prestígio e ao poder que conquistaram ao longo da guerra de bombardeios. Do lado de fora, as instituições sociais privadas nas suas poderosas trincheiras defendem os seus territórios num casamento espúrio com o Estado.
Volto à palestra em Jaciara. Não saímos da guerra e nem dos bombardeios. Mas não dá mais pra manter a guerra.
Esse é o cenário! Falta-nos ordem e trabalho...
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
[email protected] www.onofreribeiro.com.br
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