Da Redação
Foto: (Reprodução/Web)
A morte de um dos maiores poetas do Brasil, o artista plástico Wlademir Dias-Pino teve repercussão nacional ao ser noticiada na Folha de SP. Ele morreu na última quinta-feira (30), aos 91 anos, em decorrência de uma pneumonia, no Rio de Janeiro. Ele já estava internado desde o dia 13 de agosto.
A cerimônia de cremação foi neste sábado (1º), às 16 horas, na capela 2 do Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.
Amigos do artista se manifestaram por meio de grupos do WhatsApp e Facebook lamentando a sua morte.
Dedicado à arte até seus últimos dias, Dias-Pino estava preparando uma exposição para o Centro Pompidou, em Paris, até então sem data definida.
Ele nasceu no Rio de Janeiro no dia 24 de abril de 1927, no bairro da Tijuca, mas se mudou para Cuiabá ainda jovem onde morou por 15 anos – entre 1937 e 1952. Enquanto permaneceu na Capital mato-grossense, Wlademir teve uma intensa militância artística, com livros como “Os Corcundas” e a “Fome dos Lados”.
Além de artista, Dias-Pino também foi fundador do movimento literário Intensivismo em 1940 e um dos criadores do concretismo no Brasil. Além de ter sido um dos seis poetas participantes da Exposição Nacional de Arte Concreta de 1956, ao lado de autores como Augusto e Haroldo de Campos e Ferreira Gullar. Na década seguinte, liderou vanguardistas de todo o país no grupo Poema/processo.
Em 2013, ele recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal de Mato Grosso.
A última aparição pública de Dias-Pino em Cuiabá ocorreu em 2015, quando foi homenageado pelo “Setembro Freire”, evento cultural que expôs 1.350 de suas imagens em museus de Cuiabá.
Dias-Pino também é o autor da escultura-fonte da Praça Oito de Abril, em frente ao Choppão.
Nos últimos anos, ele continuava produzindo em sua casa, no RJ, trabalhos que desafiam os limites entre gêneros, como a “Enciclopédia visual’’, série de centenas de colagens que revê a história das imagens na cultura ocidental.
História de Dias-Pino
Poeta, artista visual e gráfico. Em decorrência de perseguição política, seu pai mudou-se com a família no ano de 1936 para Cuiabá, onde Dias-Pino passou a juventude. Em 1939, com apenas 12 anos de idade, ele editou na gráfica de seu pai - que era tipógrafo – o seu primeiro livro: Os Corcundas.
Em 1948, ainda em Cuiabá, Dias-Pino fundou o movimento literário de vanguarda Intensivismo, que traz em seu ideário fortes inovações formais que antecipam as tendências mais radicais da poesia visual e das artes plásticas dos anos 50 e 60.
Já em 1952, ele voltou para o Rio de Janeiro, onde passou a participar dos movimentos de vanguarda política e cultural da época. Foi um dos seis fundadores do movimento da poesia concreta no Brasil junto com Décio Pignatare, Ferreira Gullar, Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Ronaldo Azeredo.
Em 1956, ele participou da I Exposição Nacional de Arte Concreta tendo sido, ainda um dos fundadores do poema em 1967 e o primeiro autor a elaborar o conceito de “livro-poema”, com o poema A Ave considerado por Moacy Cirne e Álvaro de Sá o primeiro exemplar conhecido deste tipo de poema. O livro-poema explora as características físicas do livro como parte integrante do poema, tornando-os um só corpo físico, de forma que o poema só existe devido ao objeto livro.
A Ave, livro artesanal de tiragem reduzida – menos de 300 exemplares feitos a mão, nunca reeditado pelo autor -, foi elaborado a partir de 1948 e lançado apenas em abril de 1956, antes da Exposição Nacional de Arte Concreta. A obra assumia o elemento visual como principal agente estrutural do poema. Produzindo, uma concepção própria da poesia concreta, o poeta intencionava expressar, por exemplo, por meio de um gráfico. Seus poemas visuais incluem gráficos, perfurações, figuras, etc., além de caracteres escritos e, por vezes, chegam a abrir mão da palavra para tornarem-se puramente plásticos, não-verbais.
Dias-Pino foi considerado por Antônio Houaiss como “um dos mais perspicazes pesquisadores visuais no Brasil”.
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