Globo Esporte
A surpreendente eliminação do Flamengo na semifinal do Mundial de Clubes suscitou a seguinte questão: valeu a pena mexer no comando a cerca de dois meses do início do torneio? Com a palavra, Marcos Braz.
Em entrevista ao ge e à TV Globo com duração de 40 minutos, o vice de futebol garantiu que o Flamengo não manteria Dorival Júnior, independentemente de trazer do substituo.
- Entendo a pergunta, é pertinente, assim como o questionamento da torcida quando os resultados não vêm. O Flamengo, na Libertadores, teve o maior aproveitamento da história de um clube. Ganhou 12 de 13 jogos, e o empate aconteceu um em um impedimento de quase um metro, porque não tinha VAR. Temos confiança no grupo, que é vencedor e campeão. A gente tinha aqui dentro uma análise bem clara e bem transparente de que precisava fazer a troca do comando, e assim foi feito. Pode ter tido um ponto fora da normalidade nesse sentido (resultados), mas você tem alguns itens na hora de analisar o que você busca no comando de uma equipe. E a gente entendeu que precisava ser trocado. Foi trocado, e em um segundo momento veio a situação do Vítor Pereira. A gente entendia que teria que ser trocado. É diferente de ser trocado pelo Vítor Pereira. A gente entendia que tinha quer ser trocado. Apenas isso - detalhou o dirigente.
Questionado se o Flamengo procuraria outro profissional caso não tivesse Vítor no radar, Braz foi enfático:
- Sim.
Braz ainda emendou que a questão financeira não foi a única a influenciar na decisão pela interrupção do trabalho de Dorival:
- Quando você está dentro de uma negociação, de uma análise de renovação, você analisa o custo-benefício e todos os itens. Se falar para você que teve questão financeira somente, seria muito raso. A gente analisa todos os aspectos, inclusive esse.
Braz abordou também a chegada de Vítor Pereira. O dirigente afirmou que o Flamengo já o conhecia antes mesmo da chegada ao Corinthians e, por isso, o contratou com bastante confiança no sucesso.
- A contratação do Vítor foi com convicção, isso é o mais importante para deixar claro. Não é porque perdemos duas finais que vou mudar o meu discurso. A gente entendeu internamente que precisaria fazer essa mudança e assim foi feito. O Vítor não é um nome analisado no curto prazo pelo Flamengo. Já conhecia o trabalho, assim como do Jorge Jesus. O Vítor ficou conhecido no Brasil pelo trabalho do Corinthians, mas nós já tínhamos outra análise (inclusive foi um dos avaliados para substituir Renato Gaúcho no início de 2022). É um técnico que já está adaptado ao Brasil, o que contou muito. É profundo conhecedor dos adversários. Achamos que seria um facilitador enorme para um bom trabalho aqui - afirmou o dirigente.
Marcos Braz admitiu, porém, que o Flamengo arriscou alto ao fazer a troca com o Mundial batendo à porta e diante de um intervalo de 38 dias entre o primeiro treino dado por Vítor Pereira e a estreia no torneio:
- Se eu não soubesse desse risco não poderia estar no cargo que estou. A gente sabia desse risco. Você não pode imputar somente ao tempo de trabalho o resultado, que não foi o que queríamos entregar. A diretoria do presidente Rodolfo Landim está há quatro anos fazendo muita entrega, bem acima da média histórica (do Flamengo). Foram duas Libertadores, dois Brasileiros, uma Recopa, duas Supercopas. Tínhamos uma expectativa maior de chegar à final de um Mundial. Quando não se chega, evidente que existem os questionamentos. Vamos avaliar o que poderia ter sido feito melhor.
Numa autocrítica, o comandante do futebol rubro-negro reconheceu que poderia ter trazido mais contratações no início do ano.
- Tivemos um calendário atípico em relação a contratações. Entendemos que poderíamos ter sido um pouco mais agressivos no mercado, mesmo trazendo Gerson, que é uma grande contratação. Talvez por ser um ex-jogador nosso, muita gente não entende a dimensão do que foi trazer o Gerson de volta. Ele fez gols, deu assistências e foi muito relevante para a ida do Olympique à Champions. Evidente que a gente quis fazer outras contratações. Temos uma inserção muito grande quando vamos analisar um jogador, e a Copa do Mundo atrapalhou muito. Jogador concentrado, jogador esperando para jogar. E essa é de fato a prateleira em que estão as contratações do Flamengo hoje em dia. A gente teve muita dificuldade nisso - disse, para completar:
- Todo mundo dentro do departamento queria fazer as contratações com jogadores de maior potencialidade para termos um resultado diferente, mas infelizmente não conseguimos fazer com mais contundência. Quando o resultado não acontece, tudo se apresenta com potencialidade no Flamengo. Do mesmo jeito que apareço no pódio, tenho que aparecer agora para dar o mínimo de satisfação aos torcedores do Flamengo.
Confira outros tópicos da entrevista
Diante desse cenário de dificuldades para contratar e calendário diferente de pouco tempo para quem viesse a substituir Dorival, não seria mais prudente manter o comando anterior?
- Se a gente tivesse fazendo essa entrevista antes, você não seria tão contundente somente nessa pergunta. Apresentar agora um único fato que se a gente não tivesse feito a troca do Dorival teria outro resultado, eu acho pouco, acho raso. Temos um respeito enorme pelo Dorival, mas mais uma vez: a gente entendeu que deveria fazer a troca. Internamente tínhamos questionamentos nossos para fazer a troca. Evidente que é um início de trabalho, mas também não temos apenas uma semana de trabalho. Acho que o resultado não aconteceu e nem quero me apegar à arbitragem... Mas trouxeram um árbitro que nunca apitou Copa do Mundo. Foi uma vergonha a arbitragem, foi um absurdo. Não quero usar isso como bengala, mas foi uma vergonha a arbitragem do romeno.
Mas voltando à pergunta: a gente entendia que era razoável fazer essa troca de comando, pela qualidade do elenco, pela vinda do Gerson.
Depois da disputa do terceiro lugar, o Flamengo tem a Recopa e uma sequência de três clássicos, que sempre influenciam.
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