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Quarta-feira, 06 de Novembro de 2019, 08h:40

Linguagem, eis a questão

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(Foto: Divulgação)

Desde a escrita mais primitiva a necessidade de transmissão de ideias persegue o Homem. Os desenhos das cavernas da pré-história expressavam ideias. As placas de barro antiquíssimas da civilização suméria remetem a hipóteses extra-terrestres. Os hieróglifos dos egípcios eram misteriosos por essência. Segundo Edouard Schurè, eles continham três leituras. A mais simples, a mediana e uma só acessível aos sacerdotes iniciados. Na essência o que consta é a existência de linguagens capazes de interagir pessoas dentro das sucessivas civilizações.

Chegamos ao agora. É um momento de sofisticação inigualável na construção de comunicações, como de sua transmissão.

Porém, a transformação dos comportamentos coletivos veio numa onda inesperada e muito complexa. A internet quebrou todos os códigos antes vigentes e pôs no lugar simbologias inexistentes. Exemplos são os emojis. As carinhas expressam centenas e intermináveis sensações de sentimentos e dispensam o palavreado tradicional na expressão das ideias. Antes uma carta dizia muitos assuntos. Mas abria e concluía com sentimentos de relacionamentos. Isso acabou definitivamente.

O essencial a se discutir é a relação de todos os estágios das vivências e das convivências humanas embaralhas dentro das tecnologias e as ideias que se deseja passar. Aqui está a grande equação. Ao mesmo tempo em que a tecnologia avança e derrubada séculos de comunicação formal, os processos humanos de convivência não acompanham. Resultado: a sensação permanente de caos.

Veja-se o caso do Estado que gere as nações. Absolutamente caótico. Os chamados poderes estão caóticos e cada vez mais distantes das pessoas. A educação que sempre foi reverenciada como num dom quase divino na formulação dos comportamentos coletivos, morre a cada dia. As igrejas que sempre ditaram as normas sociais tornam-se pregadores ao vento e os templos religiosos vazios gritam socorro. A família que sempre teve papel especial no conceito social, hoje está multiforme de deformada em relação ao seu padrão histórico.

As pessoas se expressam por meio de canais jamais imaginados.

No meio e no fim de tudo isso, o caos sabe que é passageiro. Mas pede uma linguagem pra unir o passado ao presente e ao futuro. Nada deterá o avançar. Enquanto isso os emojis farão a transmissão dos sentimentos para uma população que cada dia mais deixará o bêabá para ingressar no mundo dos símbolos.

 

*Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso. [email protected] / www.onofreribeiro.com.br