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Sábado, 09 de Novembro de 2019, 17h:10

Gilmar Mendes pede que decisão do STF seja avaliada sem foco em Lula

Euziany Teodoro
Única News

(Foto: Divulgação)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pediu, em entrevista à imprensa cuiabana nesta sexta-feira (8), que a decisão do STF que proibiu a prisão após condenação em segunda instância, seja avaliada sob o ponto de vista da segurança pública e não com o foco no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acabou solto devido à decisão.

A decisão do STF é polêmica e resultou na soltura de Lula, que estava preso há um ano e sete meses, poucas horas após o voto dos ministros. A soltura foi autorizada na tarde desta sexta e causou grande comoção – e debates – em redes sociais e manifestações por todo o Brasil. Lula foi condenado em duas instâncias pelo caso do Triplex. Agora recorrerá em liberdade.

Para Gilmar Mendes, não se trata apenas de Lula, e sim de um caos que se instalou na segurança pública.

“Temos 850 mil presos, dos quais 41% são provisórios, ou seja, sem sentença. É um número muito grande. Temos que fazer um imenso esforço para julgar os casos dos réus presos. Levamos, às vezes, dez anos para julgar um sujeito. A sociedade cobra um combate à impunidade, mas estamos prendendo muito e mal. Não estamos sendo efetivos”, afirmou.

Ele afirma que o tema foi “contaminado” pelo caso do ex-presidente, que acabou polarizando as discussões. “Esse tema foi muito contaminado pela presença importante de um líder popular. Mas é preciso olhar esse tema pelo amontoado de gente que está nos presídios sem serem julgados. Vi um caso semana passada em que a pessoa está presa há nove anos sem julgamento. Acho que agora haverá uma certa paz para o ambiente político.”

Segundo ele, o momento é de refletir. “Depois de uma decisão com esse impacto, o que temos que fazer é parar e refletir. Quando as coisas estão muito agitadas, a gente não se movimenta. Tem que deixar que haja uma acomodação das camadas tectônicas. Vamos aguardar e examinar. Para problemas sérios, respostas rápidas são normalmente erradas. É preciso que a gente discuta, dialogue e mostre essas realidades”.