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Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019, 10h:47

CPI aponta que médico era líder de esquema de nepotismo e supersalários na Santa Casa

Ana Adélia Jácomo
Única News

Foto: (Reprodução/Web)

O presidente da CPI da Santa Casa, vereador Marcos Veloso (PV), afirmou nesta sexta-feira (20), em entrevista ao Única News, que o levantamento feito pela Comissão encontrou cerca de 20 nomes ligados ao ex-presidente do Hospital Filantrópico Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, Antônio Preza, em situação de nepotismo e com supersalários. Além da esposa de outro ex-presidente, Luis Felipe Saboia.

“Se pegar um relatório antigo da Procuradoria Geral do Estado, eles já apontavam isso. Não tem como fugir porque está lá, todos com o sobrenome Preza, certo? Tem [salários] de R$ 13 mil, R$ 19 mil, R$ 17 mil, para uma instituição filantrópica? Aproximadamente umas 20 pessoas nessa situação”, disse Veloso.

O relatório final foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), Delegacia Fazendária (Defaz) e à Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor). O hospital sofreu intervenção estadual em 2 de maio deste ano e agora é gerido pelo Governo do Estado, no entanto, a investigação busca responsabilizar e identificar os responsáveis pela completa insolvência da unidade, que prestava serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Eles [administração do hospital] não tinham, até o encerramento da CPI, um levantamento preciso para apresentar e tem coisa que deixa a gente triste. Por exemplo, o equipamento de ressonância magnética que foi pago e nunca foi entregue. Colocaram até um número de patrimônio nele! Como que você faz isso em uma coisa que não existe?”, questiona o vereador.

Dívidas

Com 202 anos de existência, o hospital fechou as portas em 11 de março de 2019, com um déficit de R$ 80 milhões por ano, além de acumular dívida de cerca de R$ 118 milhões, entre folha de pagamento e fornecedores.

Os valores, no entanto, não foram confirmados pela CPI, já que, segundo o presidente, os documentos estão em sacos plásticos no chão de uma sala no hospital, sem qualquer organização. No local, há uma equipe responsável pelos levantamentos.

“Ninguém consegue materializar as dívidas. Tem gente que fala em R$ 20 milhões, outros em R$ 200 milhões, mas se você pede as comprovações, não há. Acredito que ainda deve demorar uns sete meses para a auditoria do hospital organizar esses documentos. Eles ficaram prejudicados por causa desse armazenamento incorreto”.

“Não fizemos apontamentos de nomes, mas os órgãos de controle saberão o que investigar, em que momento e contra quem. Tomamos todo cuidado para não gerar especulação ou exposição, mas está bem materializado, não tem como não entender que houve contratação de pessoas, tem gastos, contas bancárias que descobrimos. Cerca de 10 contas que até então não se tinha notícia”, disse o presidente.

O relatório

A reportagem não teve acesso à íntegra do relatório final da CPI, no entanto, de acordo com o presidente, há indícios de nepotismo, supersalários pagos a parentes de diretores, inchaço no quadro de funcionários, irregularidades na contratação de serviços, aquisição irregular de um aparelho de ressonância magnética ao custo de R$ 2,5 milhões, e o uso de várias contas bancárias em nome da unidade.

Outro lado

Apontado pela CPI como responsável pelo nepotismo na Santa Casa, o médico Antônio Preza afirmou ao site que está tranquilo quanto às investigações. Segundo ele, não houve qualquer convocação da CPI para que ele prestasse depoimento nas oitivas e que, assim que convocado, apresentará todas as documentações que comprovariam a regularidade das transações.

“Eles fizeram essa CPI, falaram com todo mundo, mas não me chamaram. Eu tenho documentos, tudo que comprova que não teve nada disso. Agora, eles não me chamaram para falar. A primeira CPI não deu em nada e agora fizeram essa segunda CPI. Eles mandaram para o Ministério Público, Defaz e etc, mas está ótimo. Estamos tranquilos”, disse Preza.