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Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020, 17h:06

Júlio diz que Mendes deve se manter neutro e não apoiar ninguém ao Senado

Ana Adélia Jácomo
Única News

(Foto: Reprodução)

Pretenso candidato à eleição suplementar para o Senado, o ex-governador Júlio Campos (DEM) afirmou, nessa quinta-feira (16), que sugeriu ao governador Mauro Mendes (mesmo partido) que se abstenha de apoiar um candidato específico na disputa, que deve ocorrer em 26 de abril.

Ocorre que, dentro da base aliada do governador, há quatro pré-candidatos confirmados: o próprio Júlio, o chefe do escritório de representação do estado em Brasília, Carlos Fávaro (PSD), o vice-governador Otaviano Pivetta (PDT), a secretária-adjunta do Procon, Gisela Simona (Pros) e, dentro do MDB, há outros dois nomes sendo avaliados, o do deputado federal Carlos Bezerra e de sua esposa Teté Bezerra.

Na tentativa de evitar um "racha" interno, que pode estremecer a governabilidade de Mendes, Júlio acredita que o governador deve se manter neutro durante o processo, sem dar apoio político a nenhum candidato. Isso porque, segundo Júlio, ficou claro para ele que Mendes tem certa predileção pela candidatura de Fávaro.

“Há uma semana, sentindo que há certo compromisso dele com a candidatura de Fávaro, e bem como a manifestação do Pivetta em também disputar essa eleição, portanto três amigos e aliados do Mauro Mendes querendo ser candidato ao Senado, eu entendi que não podemos contrangê-lo e nem forçar a barra. O governador está liberado para não apoiar ninguém, ficar neutro. O melhor caminho para o governador, tendo três amigos e companheiros que o ajudaram a se eleger em 2018, é ele não participar e deixar seu eleitorado apoiar quem bem entender”, afirmou Júlio ao Única News.

O MDB já encomendou uma pesquisa para avaliar qual o melhor nome dentro do grupo para enfrentar a disputa. A expectativa é que haja um consenso na base do Governo e que, dos citados, apenas um saia candidato. Júlio confirmou que faz parte da pesquisa e afirmou que “ninguém é louco de sair candidato sem ter respaldo eleitoral demonstrado na pesquisa”.

“Eu, que sou filiado há 50 anos no mesmo grupo político, coloquei meu nome à disposição do partido para disputar o Senado. Antes, eu conversei e todos me autorizaram a me movimentar e a outras forças políticas também. Procurei o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, além de outros partidos. O PTC (Partido Trabalhista Cristão) já me deu seu apoio”, disse ele.

Apesar do desejo de Júlio, o DEM ainda não realizou nenhuma reunião com a Executiva e não anunciou um candidato próprio. “Não teve nenhuma reunião e não se definiu se terá candidato, mas o único que que demonstrou interesse fui eu”.

Vale lembrar que o governador Mauro Mendes defende que a vaga da senadora seja imediatamente destinada ao terceiro colocado na disputa, Carlos Fávaro. Ele entrou com pedido de liminar (provisório), por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), alegando que Mato Grosso não poderia ficar sem representatividade no Senado Federal, estando com apenas dois de três senadores em plenário.

Autoridade política

Em tom de brincadeira, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), declarou nesta semana que não há em Mato Grosso maior autoridade política do que a família Campos, formada pelos irmãos Júlio Campos e o senador Jayme Campos (DEM). A acidez do comentário se deu após uma conversa dele com Júlio, em que ambos teriam comentado sobre o comportamento esperado do governador Mauro Mendes. A neutralidade no processo eleitoral, no entanto, segundo Pinheiro, é uma questão interna do DEM, que deve se resolver.

“Ele [Júlio] oficializou para o grupo que liberou o governador, porque ele viu um constrangimento muito grande na candidatura dele com o compromisso que tem com o Fávaro e com o Pivetta. (...) Eles [DEM] estão conversando bem, eles são muito fortes. Quem vai falar para Jayme e Júlio o que eles devem fazer? Quem se atreve a isso? Quem tem autoridade política em Mato Grosso para dizer o fazer? Ninguém. Então, acredito que eles terão problema nesse ponto”, disparou o prefeito.

A eleição

A movimentação segue intensa nos bastidores desde que Selma Arruda teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico e caixa dois nas eleições de 2018.

Além de Teté Bezerra, Carlos Bezerra, ambos do MDB, Pivetta, Fávaro, Gisela e Júlio, são cotados para a eleição suplementar: o deputado federal Nelson Barbudo (PSL), e Leonardo Albuquerque (SD); o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho; os deputados estaduais Elizeu Nascimento (DC), Lúdio Cabral (PT), Max Russi (PSB), Silvio Fávero (PSL) e Dilmar Dal'Bosco (DEM); o ex-ministro Blairo Maggi; o ex-senador Cidinho Santos; o deputado federal Nilson Leitão (PSDB); o ex-governador Pedro Taques (PSDB); o ex-prefeito de Rondonópolis Adilson Sachetti (PRB), o ex-deputado federal Carlos Abicalil (PT) e o vereador por Cuiabá, Mário Nadaf (PV).

A disputa suplementar ainda não tem data definida para ocorrer. O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) se reúne em 22 de janeiro, em sessão plenária, para definir o pleito. A data mais provável é 26 de abril, no entanto, não é oficial.