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Terça-feira, 04 de Fevereiro de 2020, 17h:28

Riva diz que Blairo ampliou esquema de corrupção e que em nova delação há revelações inéditas

Da Redação
Única News

Foto: (Lula Marques)

Uma suposta segunda delação premiada feita pelo ex-deputado estadual José Riva garante que o esquema de propina envolvendo parlamentares da Assembleia Legislativa de Mato Grosso foi ampliado após o ex-governador Blairo Maggi (PP) tomar posse, em 2002.

O esquema milionário teria movimentado mais de R$ 175 milhões em propinas concedidas a 38 deputados e ex-deputados. São citados ainda por Riva o juiz Roberto Seror e o ex-desembargador Evandro Stábile. Na delação, no entanto, os valores supostamente repassados aos juristas não está revelado.

O documento, com 105 páginas, datado em março de 2019, é endereçado à procuradora de Justiça do Estado de Mato Grosso, Ana Cristina Bardusco. Esta é a segunda tentativa de Riva em homologar uma delação premiada. O ex-deputado cumpre pena restritiva de liberdade após ficar detido no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC).

Com a primeira negativa de homologação, Riva afirma no documento que traz fatos “inéditos”, e começa explicando como o esquema se perpetuou no Estado por mais de 20 anos. Segundo ele, o próprio Maggi sugeriu manter o esquema, mas fez alterações na dinâmica da corrupção, a fim de aumentar o valor das propinas.

“Com a eleição do Governador Blairo Maggi, em 2002, o próprio Governador sugeriu que poderia manter o esquema de outra forma, e se dispôs a repassar o montante da propina para a AL/MT, com um adicional, isto é, acrescentaria um vultoso valor no orçamento do Parlamente, ainda que a título de suplementação”, diz trecho da delação.

Desde 1995, todos os deputados estaduais, exceto raras exceções, teriam recebido mensalmente valores que variavam de R$ 20 mil a R$ 50 mil, chegando a vultuosos valores por mandato de até R$ 12 milhões.

“Essa prática se perpetrou e adentrou ao Governo Silval Barbosa, sem nunca falhar, pois, ainda que não houvesse recursos financeiros e orçamentário, a prática era a de recorrer a empréstimos, através de empresas de factorings ou até mesmo de agiotas, os quais, posteriormente, eram pagos com a mesma fonte de recursos utilizados para atender aos deputados, ou seja, com a utilização de empresas fornecedoras de materiais ou de prestação de serviço”, afirma Riva.

O ex-deputado afirma que poderá demonstrar, através de comprovantes bancários e notas promissórias, o efetivo pagamento da propina mensal a diversos deputados Estaduais, bem como a participação dos parlamentares no esquema de desvio de recursos da AL/MT através da assinatura do governador da época, Blairo Maggi.

Conhecido como o “rei da soja”, Blairo é um dos homens mais ricos do país e ocupou vários cargos políticos, sendo governador por dois mandatos (1 de janeiro de 2003 até 31 de março de 2010), deixando o cargo para assumir o Senado de 1 de fevereiro de 2011 até 1 de fevereiro de 2019. Blairo foi ministro da Agricultura no governo do ex-presidente Michel Temer de 12 de maio de 2016 a 1 de janeiro de 2019.

A reportagem não conseguiu manter contato com Blairo Maggi. O espaço segue aberto para manifestações da defesa.

Veja a lista abaixo:

Guilherme Maluf: propina mensal de R$ 30 mil por mês entre 2007 e 2011 e, de R$ 50 mil, de 2011 a 2015.

José Domingos Fraga: Entre 2007 e 2011, R$ 35 mil por mês e, entre 2011 e 2015, R$ 50 mil mensais

Wallace Guimarães: Entre 2007 e 2011, R$ 30 mil ao mês e de 2011 a 2015, de R$ 50 mil.

Percival Muniz: Entre 2007 e 2011, R$ 30 mil, e R$ 50 mil, entre 2011 e 2015. Assinou nota promissória no valor de R$ 216,3 mil.

Adalto de Freitas: R$ 30 mil por mês entre 2007 e 2011 e, em 2009, teria assinado uma nota promissória no valor de R$ 130 mil.

Ademir Brunetto: Em oito anos, o ex-parlamentar teria recebido R$ 5.120 milhões em propina.

João Malheiros: Por 12 anos, entre 2003 e 2015, ele teria recebido propina de R$ 30 mil. No mandato seguinte, subiu para R$ 35 mil e, no último, entre 2011 e 2015, o valor era de R$ 50 mil.

Mauro Savi: Por três mandatos seguidos, entre 2003 e 2015, os pagamentos mensais variavam de R$ 30 mil a R$ 150 mil.

Nilson Santos: Por quatro anos, teria recebido, entre 2008 e 2011, o valor mensal de R$ 30 mil e depois R$ 50 mil.

Sérgio Ricardo: Propina mensal de R$ 30 mil, depois de R$ 90 mil em 2007 e R$ 150 mil, em 2011. Gilmar Fabris: Em 10 anos teria recebido R$ 12 milhões, por meio de transferências bancárias, dinheiro em espécie e cheques.

Luciane Bezerra: R$ 50 mil por mês entre 2011 e 2015.

Romoaldo Júnior: R$ 50 mil entre 2011 e 2013 e R$ 150 mil entre 2013 e 2015.

Maksuês Leite: Entre 2007 e 2011, teria recebido R$ 1.920 milhão em propina

Walter Rabello (falecido): Entre 2008 e 2014, teria recebido R$ 3.773 milhões.

Luiz Marinho: Entre 2011 e 2015, supostamente recebeu R$ 50 mil mensais.

Alexandre Cesar: De 2013 a 2015, teria recebido R$ 1.666 milhão.

Zeca Viana: De 2011 a 2015, teria recebido R$ 3.200 milhões

Dilmar Dal Bosco: O líder do governador Mauro Mendes (DEM), Dilmar teria recebido R$ 3.200 milhões, entre 2011 e 2015.

Ezequiel Fonseca: Entre 2011 e 2015, teria recebido R$ 3,2 milhões.

Baiano Filho: R$ 3,2 milhões entre 2011 e 2015.

Teté Bezerra: R$ 3,2 milhões entre 2011 e 2015.

Ondanir Bortolini, o Nininho: R$ 50 mil, entre 2011 a 2015).

Emanuel Pinheiro: Antes de ser eleito prefeito de Cuiabá, ele ocupou cargo na Assembleia por um mandato. E, entre 2011 e 2015, teria recebido R$ 3,2 milhões em propina.

Luizinho Magalhães: R$ 300 mil entre fevereiro e dezembro de 2011

Neldo Egon Weirich: R$ 400 mil durante seis meses de 2013 no cargo de suplente

Carlos Avalone: R$ 266 mil por quatro meses no cargo de suplente

Carlos Azambuja: Entre 2009 e 2015, teria recebido R$ 4 milhões

Chico Galindo: De janeiro de 2007 a dezembro de 2008, teria recebido R$ 920 mil

Airton Rondina: R$ 5.120 milhões

Wagner Ramos:  De 2007 e janeiro de 2015, R$ 4.720 milhões

Sebastião Rezende: De 2003 a 2015, R$ 7.520 milhões

Hermínio Jota Barreto (falecido): R$ 4.160 milhões.

Humberto Bosaipo: Ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ex-deputado, recebeu 2.433 milhões, entre 2003 e 2007.

Pedro Satélite: R$ 3.586 milhões, entre 2013 e 2015.

Dilceu Dal Bosco: R$ 4.160 milhões entre 2003 e 2011.

Silval Barbosa: Ex-deputado e ex-governador do estado, Silval Barbosa teria recebido R$ 5.640 milhões entre 2003 e 2016.