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Sexta-feira, 26 de Junho de 2020, 17h:38

Dólar tem terceira semana seguida de alta e vai a R$ 5,46

Da Redação
Única News

(Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Em uma sexta, 26, de fuga de ativos de risco no mercado financeiro mundial, o dólar subiu e fechou com a maior cotação em um mês, a R$ 5,4604. O aumento de casos de coronavírus nos Estados Unidos, que vem batendo recordes diários de infecções, fez as bolsas em Nova York caírem forte e a moeda americana subiu de forma generalizada nos emergentes, com o real novamente ficando com o pior desempenho. As mesas de câmbio também monitoraram o noticiário político doméstico e a nova troca de ameaças entre China e Estados Unidos. Na semana, o dólar acumulou valorização de 2,68%, a terceira semana seguida de ganhos.

No pior momento do dia, no final da manhã, o dólar encostou em R$ 5,50, levando o Banco Central a fazer um leilão de dólar à vista, vendendo US$ 502 milhões. Foi a primeira operação do tipo desde 1º de junho, quando o BC fez dois leilões na mesma sessão, vendendo US$ 530 milhões. Em junho, a moeda americana passou a acumular alta de 2,3%, enquanto no ano avança 36%.

"Mais do que uma aversão a risco, é um movimento de aversão a perdas, por causa da total incerteza", afirma o sócio da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga. Ele ressalta que com o crescimento dos casos nos EUA e em outras regiões, crescem as dúvidas sobre a recuperação da economia e como vai ficar a retomada dos negócios.

Com o quadro de aversão a perdas, Madruga ressalta que o investidor que havia trazido dinheiro este mês para a Bolsa, retira os recursos, ajudando a pressionar o câmbio e tornando as oscilações mais pronunciadas. "Não é natural ter oscilação em pouco tempo de R$ 6,00 para R$ 4,80. As empresas não conseguem se planejar." Para o sócio da Monte Bravo, o mais normal é o dólar ficar na casa dos R$ 5,00 a R$ 5,30.

Veja também: Juros fecham em alta, pressionados pelo câmbio e aversão ao risco externa

Na B3, apesar dos ingressos de estrangeiros no começo do mês, os últimos dias têm sido de fuga de recursos, com saldo negativo, por exemplo, nos dias 22 e 23. Apenas neste último dia saíram R$ 840 milhões. O saldo no mês, embora menor, ainda segue positivo, em R$ 1,386 bilhão.

Para o dólar, o economista da consultoria inglesa Capital Economics, Oliver Jones, avalia que a performance recente da moeda americana tem sido determinada principalmente pela demanda por proteção, com o diferencial de taxas de crescimento dos EUA com o resto do mundo e de juros ficando em segundo plano. "Qualquer notícia boa sobre os esforços para conter a rápida disseminação do coronavírus nos EUA, ao melhorar o apetite por risco, seria um mal fator para o dólar", ressalta.

 

Por Altamiro Silva Junior - Estadão Conteúdo