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Segunda-feira, 30 de Novembro de 2020, 16h:43

As declarações que afundaram o ‘Titanic’ Abilio Jr

Euziany Teodoro
Editora-chefe

Câmara de Cuiabá

O vereador Abilio Junior (Podemos) foi um fenômeno raro no histórico de eleições de Mato Grosso. Ganhou imenso destaque com sua atuação incisiva na Câmara Municipal de Cuiabá e, no fim, não passou de ameaça. É o primeiro a vencer o 1º turno de uma eleição na Capital e perder o 2º turno.

“Arrogante, desequilibrado, ignorante, agressivo e mimado”. Assim o ex-candidato está sendo categorizado por políticos de todas as esferas mato-grossenses. Assim como o histórico transatlântico Titanic, começou com muita pompa e acabou afundando.

Neste editorial, trazemos as declarações que marcaram a derrocada de Abilio Jr no segundo turno das eleições, entregando a vitória “no colo” de Emanuel Pinheiro (MDB), que, por outro lado, segurou a barra e venceu sozinho a disputa, sem grandes alianças e promessas, como fez Abilio.

“Mesmo sendo mulher, uma excelente candidata”

O machismo exposto, escrachado nesta declaração, mostrou o risco que Cuiabá e as mulheres corriam na possível gestão de Abilio Junior. Ela aconteceu em debate da TV Vila Real e foi direcionada a Gisela Simona (Pros), única mulher na disputa e que teve expressiva votação, ficando em terceiro lugar no 1º turno.

Depois disso, Gisela ainda declarou apoio a Abilio no 2º turno, contribuindo não apenas para a derrota dele, mas para a sua própria, que viu seu eleitorado reduzir drasticamente e corre riscos no futuro.

"Vamos demitir 3 mil servidores"

Assim ganhou a inimizade do funcionalismo público e, por tabela, favoreceu Emanuel Pinheiro. Não são apenas 3 mil servidores públicos, são suas famílias e amigos que esqueceu de colocar na conta.

Fez com que as Centrais Sindicais e mais de 30 sindicatos declarassem apoio a Pinheiro, consolidando de vez a diferença de quase 6 mil votos nas urnas. Ignorância.

“Não preciso do apoio do governador”

Abilio jogou no lixo a chance de ter o maior cabo eleitoral possível no 2º turno. O governador Mauro Mendes (DEM), principal adversário político de Emanuel Pinheiro, apoiou Roberto França (Patriota) na primeira etapa e estava mais do que disposto a fazer campanha para o vereador.

No entanto, antes da votação do 1º turno, em 15 de novembro, Abilio desdenhou e disse que “não precisava do apoio” de Mendes. Arrogância. O resultado foi um governador tímido, que declarou seu apoio, mas não defendeu, de fato, o projeto do vereador.

“Quem estiver em dúvida, pode votar no Paletó”

Com essa frase, em coletiva de imprensa ao lado de Gisela Simona (Pros), Abilio “magoou” pelo menos 15% do eleitorado que ainda não havia decidido seu voto àquela altura, em 18 de novembro, dando um empurrãozinho para que ficassem do lado de Pinheiro. Mais uma vez: arrogância.

“Se eu soubesse que você era comprado, não daria a entrevista”

Assim começou uma série de ataques a jornalistas que formam a imprensa cuiabana, especialmente aqueles do Grupo Gazeta, a quem acusou de comprados e não respondeu uma única pergunta feita sobre as alianças formadas com condenados e venda de cargos no segundo turno. Desequilíbrio.

Cena que causou constrangimento e uma nota pós-eleição que destruiu com sua imagem política, foi a declaração feita em Live nas suas redes sociais, quando o dono do Grupo Gazeta de Comunicação, João Dorileo Leal, tentou cumprimentá-lo durante debate na emissora: “Não tô nem aí pra Dorileo”. Uma vergonha e desrespeito sem precedentes.

“Paletó, paletó, paletó”

Essa foi a palavra de ordem. Na tentativa de esconder a falta de preparo e propostas, Abilio Junior repetia insistentemente o “apelido” que deu a Emanuel Pinheiro, em referência a vídeo em que o então deputado recebia dinheiro no governo de Silval Barbosa.

Nos debates realizados, ficou escrachado o desespero, falta de conhecimento e equilíbrio necessários para gerir uma cidade da imensidão de Cuiabá, capital de Mato Grosso e motor da economia estadual.

Abilio tinha tudo para vencer: apoio político, alianças e popularidade.

Perdeu para ele mesmo.