08 de Maio de 2025
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JUDICIÁRIO Terça-feira, 15 de Outubro de 2024, 18:24 - A | A

15 de Outubro de 2024, 18h:24 - A | A

JUDICIÁRIO / VEJA O DEPOIMENTO

Autor de chacina que deixou 7 mortos em Sinop se diz vítima de conspiração: "Ninguém morre de graça"

Segundo o réu, ele "não simplesmente saiu matando todo mundo, afinal, ninguém morre de graça"

Christinny dos Santos
Única News



Em depoimento dado ao Tribunal do Júri, nesta terça-feira (15), Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da Chacina de Sinop, alegou que a motivação do crime foi, na verdade, uma suposta "conspiração" entre o dono do bar onde o crime ocorreu e um de seus adversários na sinuca, que planejavam roubá-lo. Segundo o réu, ele "não simplesmente saiu matando todo mundo, afinal, ninguém morre de graça".

Em fevereiro de 2023, Edgar e um comparsa, Ezequias de Souza Ribeiro, que morreu em confronto com a polícia, mataram sete pessoas, dentre elas uma adolescente de 12 anos, após perderem duas partidas de sinuca disputadas em um bar da cidade. Depois de serem alvo de piadas, pegaram duas armas e atacaram as vítimas. Após a morte do comparsa, Edgar se entregou e confessou ser o autor dos crimes.

Durante o depoimento, Edgar afirmou que era muito próximo de Bruno, proprietário do 'Bruno Snooker Bar'. "Amigos, amigos de verdade a ponto de Bruno ligar para às duas horas da manhã pedindo ajuda", contou. Ma tudo teria mudado, segundo ele, quando em uma viagem ele descobriu que proprietário havia clonado seu telefone celular.

Segundo Edgar, Bruno também tinha um aplicativo de apostas de futebol e, certo dia, o réu pediu para que ele o instalasse em seu celular. Nesta ocasião, o proprietário do bar teria aproveitado para instalar um aplicativo espião e passou a sondá-lo, buscando o melhor momento para cometer um assalto. Isto porque, por ser do ramo de construção e sempre pagar seus funcionários em 'dinheiro vivo', Edgar diz que sempre tinha quantias vultuosas de valor em espécie.

Apesar disso, Edgar continuava frequentando o bar, pois seria o único lugar em que ele poderia apostar grandes valores. Inclusive, dias antes do crime, Ezequias teria contado a ele sobre os planos de Bruno e o orientou a não jogar mais no bar. Em resposta, o réu disse: "Lá não é perigoso. O único lugar em que eu posso fazer um jogo grande é lá porque o Bruno paga “caixinha” no Comando Vermelho", afirmou, dizendo que temia ser assaltado se fosse a outro lugar.

Edgar relatou que no dia do crime, Ezequias o procurou pela manhã dizendo que Bruno ligou para ele e avisou sobre um jogo em que 'rolaria' muito dinheiro. Em um primeiro momento, o réu teria recusado convite, mas então Ezequias foi até sua casa e o convenceu a ir para o bar.

Lá, Edgar iniciou uma partida contra Getúlio que, segundo ele, conspirava com Bruno para tomar seu dinheiro. Inclusive, os dois estariam se comunicando o tempo todo de forma não verbal, por meio de sinais e olhares. No fim da manhã, o réu perdeu R$ 2 mil reais para seu adversário, mas teria realizado uma transferência PIX no valor de R$ 4 mil para ele, portanto, pegou R$ 2 mil em espécie e decidiu deixar o local.

O réu conta que foi para sua casa, preparou sua caminhonete e colocou as armas atrás do banco, pois pretendia ir para sua chácara e pretendia caçar. No entanto, recebeu uma ligação de Ezequias e os dois se encontraram e estaria a caminho da propriedade rural quando ele recebeu uma mensagem de Bruno, que o chamou para um "jogo de verdade" e mostrou um pacote de dinheiro.

Devido à grande quantia, Edgar se interessou e mudou a rota, se dirigindo ao bar. Convencido por Ezequias, o réu teria usado cocaína e, partir daí, "não viu mais nada". Jogando novamente com Getúlio, ele perdeu e começou a ser alvo de chacota. Uma vez que já havia supostamente sido ameaçado mais cedo, colocou todos virados para parede durante a confusão para evitar ser um alvo.

Em depoimento, Edgar afirmou que nada tinha a ver o fato de ele ter perdido qualquer valor, pois era acostumado a apostar grandes quantias. Mas, sob o efeito da droga, a suposta conspiração entre Bruno e Getúlio ganhou força. Ali, Edgar executou o crime.

“Eu ia no bar, eu levava R$ 20 mil, R$ 30 mil, eu não me importava em perder R$ 1/2mil. Eu não me importava com nada, eu não vivia do jogo, eu tinha o meu ganho, eu era empresário. Então nada do que dizem por aí 'ele saiu matando todo mundo', não é assim, ninguém morre de graça”, afirmou Edgar.

Reforçando que a motivação do crime não foi o dinheiro apostado, o criminoso afirmou ainda que, ao contrário do que se é dito, ele não roubou qualquer valor de quem estava no bar. “Eu nunca fui um bandido. Eu não roubei ninguém, eu não assaltei ninguém, eu nunca fiz nada disso. E eu fico ouvindo dizer que eu estou sendo taxado como um assaltante, eu me sinto envergonhado, isso destrói o meu ego”, disse em depoimento.

O julgamento teve início às 8h30 da manhã desta terça-feira e está sendo transmitido ao vivo pelo canal oficial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), na plataforma YouTube. Há possibilidade de que se estenda até a madrugada ou mesma manhã de quarta-feira (16).

O crime

Câmera de segurança do estabelecimento flagrou os dois atiradores pedindo para que algumas vítimas fiquem viradas para a parede. Um deles, que está com uma espingarda calibre 12 mm, dispara. Algumas pessoas tentam correr, mas são atingidas já fora do bar. Uma delas é uma menina de 12 anos. O pai dela também morreu.

Após a execução, eles correm de volta para a caminhonete, mas voltam. Um para pegar o dinheiro da aposta, que está sobre a mesa de sinuca, e o outro para pegar alguma coisa no chão, perto de uma das vítimas. Na sequência eles fogem. O homem, que será julgado no dia 15, se entregou à Polícia dois dias depois do crime, após saber da morte do amigo, durante confronto com a polícia numa área de mata, próxima ao aeroporto de Sinop.

As vítimas foram:

- Maciel Bruno de Andrade Costa, 35 anos, dono do “Bruno Snooker Bar”;
- Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, 36 anos;
- Larissa Frasão de Almeida, 12 anos - Filha de Getúlio e Raquel Gomes de Almeida, sobrevivente da chacina;
- Orisberto Pereira Sousa, 38 anos;
- Adriano Balbinote, 46 anos;
- Josué Ramos Tenório, 48 anos;
- Eliseu Santos da Silva, 47 anos.

VEJA O TRECHO DO DEPOIMENTO:

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