04 de Maio de 2025
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JUDICIÁRIO Quinta-feira, 19 de Setembro de 2024, 06:55 - A | A

19 de Setembro de 2024, 06h:55 - A | A

JUDICIÁRIO / DISSE QUE "NÃO SABIA"

Intermediador usa depoimento de pistoleiro e pede para ser excluído do caso Zampieri

A defesa argumentou que a única prova produzida em juízo foi o depoimento de Antônio que acaba por ser favorável a Hedilerson

Christinny dos Santos
Única News



O instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa pediu para ser impronunciado no processo que investiga o homicídio do advogado Roberto Zampieri, que aconteceu em dezembro de 2023. A defesa do réu, acusado de contratar o pistoleiro Antônio Gomes da Silva, afirmou que ele não fazia ideia do crime e se baseou no depoimento do pedreiro, que disse ter “usado” o amigo por estar em um momento de pressão.

A defesa de Hedilerson se baseou no entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STF) de que é ilegal que o réu seja submetido ao tribunal do júri para ser julgado por homicídio doloso, apenas com base no inquérito policial, uma vez que isto violaria o artigo 155 do Código de Processo Penal (CPP).

Diante disso, a única prova produzida em juízo é o depoimento de Antônio, que acaba por ser favorável a Hedilerson, argumentou a defesa.

Depoimento

Conforme consta na denúncia realizada pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), cerca de um mês antes do crime, se passando por padre, Antônio foi até o escritório de Zampieri sob o pretexto de que seu sobrinho, que vivia no Texas (EUA), queria adquirir terras no estado mato-grossense para “criar vacas que produzissem leite NAN”.

Antônio chegou a marcar com Zampieri uma visita à propriedade rural de suposto interesse, lá ele pretendia matar o advogado com golpes de marreta. Contudo, o jurista mandou um amigo em seu lugar, “atrapalhando” os planos do pedreiro.

A partir daí, Antônio disse em depoimento, durante audiência de instrução e julgamento, que precisava de uma solução rápida, pois estava em situação de pressão para fazer o “serviço”.

“Eu conheço ele [Hedilerson] já há tempos e ele é um cara pai de família, respeitado. Eu usei ele porque eu estava em uma situação de pressão, porque eu teria que ter um jeito de fazer o serviço, de matar. O único jeito que eu achei foi de chamá-lo para cá para poder usar a arma dele”, afirmou Antônio.

O pistoleiro explicou ainda que Hedilerson seria útil, pois poderia viajar por todo o país com a arma. Então, quando o instrutor de tiro chegou a Cuiabá, Antônio pegou o armamento “sem que ele soubesse”.

“Eu estava sem arma. Como ele pode viajar o país todo, e eu falei 'vou aproveitar essa vinda dele'. […] Então ele não sabia que eu usei a arma dele no crime. Ele ficou sabendo quando ele foi preso. Ele é um cara experiente, ele não poderia transportar a arma dele até a Polícia Federal para chegar aqui, eu fazer o serviço e voltar no dia seguinte. Eu usei a arma dele a noite, ele não sabia. Eu falei para ele, você vai para hotel que eu vou esperar a pessoa que eu tô esperando aqui para eu fazer a entrega da caixa. Eu peguei a arma enquanto ele tava no banho e coloquei dentro daquela caixa”, explicou o pistoleiro.

Além disso, Antônio afirmou ainda que tanto Hedilerson como o coronel do Exército Brasileiro, Etevaldo Caçadini Vargas, suposto financiador do crime, foram associados ao caso apenas por estarem na lista de contatos de seu celular. “Porque esses dois aqui estão na mesma condição daquela Ângela (Maria Angélica Gontijo) lá, foram presos sem… porque eles estavam em uma agenda telefônica”, disse.

“Totalmente arrependido, porque principalmente pela situação de ter colocado pessoas que não tem nada a ver com a... só porque estão na lista de telefone minha, no meu telefone e pessoas que não tem nada a ver com o caso [sic]”, afirmou o pedreiro, se dizendo arrependido.

Caso a exclusão de Hedilerson do processo não sej aceita, a defesa solicitou a remoção da qualificadora do 121, § 2º, inciso I (mediante paga e promessa de recompensa, uma vez que, o inquérito policial não comprovou que ele tenha recebido qualquer quantia de Caçadini pelo envolvimento no crime.

O assassinato

O advogado Roberto Zampieri foi morto a tiros no dia 5 de dezembro de 2023, quando deixava seu escritório, localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. O assassino ficou de tocaia esperando a vítima sair e o atacou no carro, uma Fiat Toro, com pelo menos 10 tiros.

Estão presos o executor, Antônio Gomes da Silva, o intermediário que contratou o assassino, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, e o financiador do crime, o coronel do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas.

As prisões, parte delas efetuadas na região metropolitana de Belo Horizonte de Belo Horizonte–MG, foram decretadas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO) da Comarca de Cuiabá, com base nas investigações conduzidas pela equipe da DHPP e contaram com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais.

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