Christinny dos Santos
Única News
O vereador Paulo Henrique (MDB) foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Alvo da Operação Pubblicare, o parlamentar é acusado de integrar o núcleo de uma organização criminosa, formada por servidores públicos em esquema de lavagem de dinheiro através de casas de show.
Conforme a denúncia, Paulo Henrique utilizava de sua influência como vereador para os eventos das casas de show, que eram promovidos pela facção criminosa Comando Vermelho, prejudicando concorrentes em troca de suborno. Consta ainda que o grupo criminoso teria movimentado cerca de R$ 20 milhões.
O Gaeco, que deflagrou a operação, afirmou ainda que o vereador era o responsável por distribuir o dinheiro do suborno, que variava entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por evento, dependendo das circunstâncias de cada fiscalização.
Também foram indiciados José Maria Assunção e Rodrigo Anderson de Arruda Rosa, pelos mesmos crimes que Paulo Henrique. Além deles, também fazem parte do processo José Márcio Ambrósio Vieira, apontado como seu "testa de ferro" do vereador, por lavagem de dinheiro e organização criminosa; e Ronnei Antônio Souza da Silva por corrupção ativa.
O processo corre sob segredo de justiça, mas foi noticiado pelo jornal A Gazeta, nesta terça-feira (05).
Entenda
A Pubblicare é um desdobramento da Operação Ragnatella. Paulo Henrique já havia sido apontado como um dos alvos da operação durante a primeira fase, qual desarticulou um esquema de lavagem de dinheiro da facção Comando Vermelho, em casas de shows da capital. Segundo as investigações, o parlamentar seria o elo de ligação da organização com o poder público, emitindo alvarás de funcionamento para as festas organizadas pelo grupo.
O parlamentar chegou a ser preso, mas foi solto cinco dias depois. O desembargador Luiz Ferreira da Silva, que assinou a decisão, destacou que as autoridades que atuaram na investigação já tinham conhecimento do possível envolvimento de Paulo Henrique com a organização criminosa desde a primeira fase da operação, no entanto, não só optaram por não o prender nesta época como somente determinou a prisão dele na antevéspera do período proibitivo devido às eleições — em 20 novembro. Entre as medidas impostas estavam o uso de tornozeleira eletrônica e o afastamento da função pública.
Paulo Henrique se candidatou à reeleição, mas não conseguiu se eleger. O parlamentar obteve apenas 1.147 votos e terá e foi eleito apenas suplente na Câmara Municipal.
Operação
A operação Pubblicare decorre do desmembramento da operação Ragnatela, deflagrada em junho/2024, quando a FICCO/MT desarticulou um grupo criminoso que teriam adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil. A compra foi paga em espécie, com o lucro auferido de atividades ilícitas. A partir de então, os suspeitos passaram a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa e promoters.
A FICCO identificou que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos, responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. As investigações também apontam que um parlamentar atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.
Aos investigados são imputados os crimes de corrupção passiva/ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, juntamente com membros da facção indiciados durante a operação Ragnatela.
A FICCO/MT é uma força integrada composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar e tem por objetivo realizar uma atuação conjunta e integrada no combate ao crime organizado em Mato Grosso.
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