Ari Miranda
Única News
A Polícia Civil cumpriu nesta quinta-feira (1º) no município de Alto Boa Vista (950 Km de Cuiabá), região nordeste do estado, mandados de prisão e de busca e apreensão para desarticular uma associação criminosa investigada por cooptar e coagir clientes que estivessem respondendo a crimes de menor potencial ofensivo por meio de Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO).
As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça após investigação da Delegacia de Alto Boa Vista, em conjunto com o Núcleo de Inteligência da Delegacia Regional de Confresa. Entre os envolvidos no esquema ilícito estão policiais militares, advogadas e bacharéis em Direito.
Na ação policial, três pessoas foram, presas, entre elas uma bacharela em Direito, com quem foram encontradas, em sua residência, três armas de fogo, sendo uma com registro vencido e as outras duas sem autorização. A investigada foi autuada em flagrante por posse irregular de arma de fogo de uso permitido. Outros mandados de busca e apreensão foram cumpridos em uma residência e um escritório de advocacia de Alto Boa Vista.
Além destes, outros dois endereços residenciais e um escritório de advocacia em Barra do Garças, 516 Km a leste de Cuiabá, também foram alvos da operação, que contou com apoio de agentes da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) de Barra do Garças.
A INVESTIGAÇÃO
Os trabalhos tiveram início após a descoberta de que pessoas estavam sendo conduzidas ao Núcleo da Polícia Militar da cidade de Alto Boa Vista e forçadas a contratar as advogadas envolvidas no esquema.
Segundo a Polícia Civil, um militar, que era comandante do núcleo à época dos fatos, e um funcionário da Prefeitura, haviam levado duas mulheres de Barra do Garças, uma advogada e a bacharela em Direito, para participarem das condutas criminosas.
Os indícios apontam que as mulheres cooptavam clientes de várias formas. Além de utilizarem a sala do comandante do núcleo da PM no prédio público, elas tinham acesso direto ao sistema de elaboração do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) da Polícia Militar.
Conforme o delegado Dario Ferreira, com essas facilidades, a advogada e a bacharela extraíam informações cadastrais de suspeitos que figuravam como autores nos procedimentos de TCO e entravam em contato com eles para oferecerem os serviços advocatícios. Além disso, nas visitas aos possíveis clientes, elas eram transportadas pelo policial militar em viaturas da corporação, como forma de coagir e forçar os clientes a fechar o serviço com elas.
"Não bastasse, a pessoa detida e conduzida ao destacamento policial em Alto Boa Vista só conseguia liberação se contratasse as causídicas. Para isso, utilizavam de vários meios de coação como, por exemplo, o militar dizer que se pagasse, ele faria TCO e liberaria. Ou caso contrário, levaria para a Delegacia de Polícia", destacou o delegado.
Em relação ao policial militar, todos os elementos angariados na investigação foram encaminhados ao 10º Comando Regional da Polícia Militar e ao Ministério Público Militar, para as providências cabíveis. Ele poderá responder a um processo administrativo na esfera militar, podendo até mesmo ser expulso da corporação.
O material apreendido será periciado. As investigações continuam para identificar outras possíveis pessoas envolvidas no esquema.
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