Cuiabá, 25 de Abril de 2024

POLÍCIA Domingo, 17 de Maio de 2020, 11:55 - A | A

17 de Maio de 2020, 11h:55 - A | A

POLÍCIA / EFEITO DA PANDEMIA

Isolamento social: violência contra mulher aumenta durante a quarentena da Covid-19

Elloise Guedes
Única News



Para algumas mulheres, o isolamento social, em razão da pandemia do novo coronavírus, está sendo perturbador e dolorido. O refúgio e conforto do lar é justamente o local mais perigoso para mulheres que sofrem com a agressividade de seus parceiros. Casos de violência contra mulheres tiveram aumento substancial nos últimos dois meses em Mato Grosso.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), em um último levantamento feito de março a abril, os crimes de injúria, estupro, importunação sexual, entre outros, em Cuiabá, aumentaram 23%, 27% e 20%, respectivamente. Ao todo, foram 2.710 casos de janeiro a março de 2020, e 2.632 no mesmo período de 2019. As vítimas têm entre 18 a 59 anos de idade.

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que, em Mato Grosso, os casos de feminicídio no período de isolamento cresceram 400%, em relação ao mesmo período do ano passado.

A procuradora Glaucia Amaral, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso (CEDM-MT), disse em entrevista ao site Única News, que as causas da violência contra a mulher continuam as mesmas: relações abusivas e o machismo.

"As relações baseadas essencialmente na superioridade masculina, ainda são um dos motivos. Ainda é inadmissível se falar em traição feminina ou até mesmo a mulher terminar a relação. Ainda existe aquele raciocínio antigo de que ‘se não é minha, não vai ser de ninguém’", disse a procuradora.

A convivência intensa, a tensão do momento e o próprio isolamento social, longe de parentes e amigos, contribui para que o número de casos de violência doméstica aumente ou piore. Segundo Glaucia, até mesmo as atividades do dia-dia, em casa, podem ser motivo de brigas e, consequentemente, de agressões.

"A gente vê um machismo, também, exigindo da mulher que exerça papéis clássicos, que a sociedade antiga entendia que era da mulher, como cuidar da casa e dos filhos. Com a situação do isolamento social, que é a única forma de evitar a disseminação do vírus, nós temos o aumento das tarefas domésticas e o maior convívio entre os casais, que já estão em relação abusivas", ressaltou Glaucia.

Busque ajuda

Denúncias via 180

Vale ressaltar que os canais de disque-denúncia estão funcionando normalmente neste período de quarentena: 190, 197, 180 e 181. Além disso, as delegacias (PJC-MT) também estão atendendo normalmente, assim como a Patrulha Maria da Penha (PM-MT).

As Delegacias de Defesa da Mulher de Cuiabá e de Rondonópolis possuem ainda atendimento psicológico de acolhimento às vítimas, neste período de pandemia. O número (65) 99973-4796 está disponível para a população de Cuiabá e o (66) 99937-5462 para Rondonópolis, e ambos recebem WhatsApp.

Defensoria Pública

Para proteger as mulheres nesse período de isolamento social, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Defensoria Pública de Mato Grosso lançou a campanha: “Aqui não! Violência doméstica não entra em quarentena!”. A iniciativa da Defensoria tem como objetivo evitar o que ocorreu na China, onde os índices de violência doméstica triplicaram nas regiões onde as pessoas foram proibidas de sair de casa. O Núcleo de Defesa da Mulher recebe denúncias e repassa orientações por telefone: (65) 3613-8200 e (65) 99304-9945.

Serviços da CRDH

O Centro Estadual de Referência em Direitos Humanos (CRDH), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc-MT), tem atuado como mecanismo de defesa e combate a todo tipo de violação de direito, entre eles o da mulher. O CRDH funciona com uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais das áreas de psicologia, assistência social e jurídica.

No local, os profissionais realizam serviços de acolhimento, acompanhamento e encaminhamento às vítimas de algum tipo de violência física, moral, psicológica, patrimonial ou sexual. A intenção é proporcionar bem-estar, proteção, informação e elevar a autoestima das vítimas.

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