Cuiabá, 25 de Abril de 2024

POLÍCIA Quinta-feira, 06 de Agosto de 2020, 17:15 - A | A

06 de Agosto de 2020, 17h:15 - A | A

POLÍCIA / MORTE NO ALPHAVILLE

Mãe de Isabele diz ter visto policiais ‘agitados e prepotentes’ no dia do crime

Elloise Guedes
Única News



Patrícia Ramos, mãe da adolescente Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, que foi morta com um suposto disparo acidental, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville I, em Cuiabá, afirmou em depoimento que viu um policial, que não fazia parte da equipe de investigação, circulando na casa onde o crime aconteceu.

Ainda de acordo com Patrícia, além de ver o policial, também notou a presença de pessoas que não moram no condomínio. Segundo ela, dois homens ‘agitados e prepotentes’ deixaram o local do crime em um carro ‘cantando pneu’. A placa do veículo foi anotada e entregue à polícia. Depois, confirmado que se trata de um Citroen da Polícia Civil.

Patrícia prestou depoimento na Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), no dia 21 de julho. Dias depois do depoimento, a Polícia Civil afastou dois policiais civis que estiveram na residência.

Também durante depoimento, o médico Wilson Melo Novais, amigo da família da Isabele, os policiais no local, que foram chamados pelo empresário, agiam como seus "seguranças".

Segundo o médico, que foi chamado ao local pela mãe de Isabele, após a saída do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o isolamento do local, dois homens chegaram à paisana em um Citroen C4 da Polícia Civil e entraram na residência, confirmando as informações passadas por Patrícia.

Além disso, um policial militar, que não quis se identificar, afirmou que o delegado que atendeu a ocorrência ainda na noite da morte, Olímpio da Cunha, teria se reunido com o empresário Marcelo Cestari e com o seu advogado, Rodrigo Pouso, logo depois do acidente. Cunha já deixou a coordenação da investigação, que hoje está nas mãos de Wagner Bassi.

A presença dos dois servidores, que não estavam trabalhando no dia e não faziam parte da equipe de investigação do caso, é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil. Um deles é da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

A Polícia Civil não informou o que os dois policiais estavam fazendo no local e nem quem os chamou até a cena do crime. O afastamento ocorre em meio aos depoimentos de testemunhas, familiares e profissionais que estiveram na casa, como médicos e policiais.

Um outro depoimento, que também levanta questionamentos sobre a cena do crime, é de um enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele contou ter pedido para a mãe da jovem que disparou, que não mexesse no material de manutenção da arma, pois poderia alterar a cena do crime.

A arma não estava no local quando os policiais chegaram. O médico e os enfermeiros que atenderam a ocorrência prestaram depoimento na semana passada, sobre o que houve no dia 12 de julho.

A Delegacia Especializada na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (DEDDICA) e a DEA, estão trabalhando em conjunto nas investigações sobre a morte de Isabele. Outras testemunhas ainda serão ouvidas no decorrer deste mês.

Relembre o caso:

Isabele Guimarães de 14 anos foi encontrada sem vida no banheiro da casa da amiga, no domingo (12), por volta das 22h30. Ela foi atingida com um tiro acidental na cabeça pela amiga, B.O.C., também de 14 anos, no condomínio Alphaville I.

Na casa da acusada, foram encontradas outras sete armas que pertenceriam ao pai dela, o empresário Marcelo Cestari. Ele é atirador esportivo e a menina também praticava o “esporte”. A arma usada no acidente foi uma pistola PT 380. Logo após o disparo, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e constatou a morte da vítima.

A Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também esteve no local. A menor era filha do médico neurocirurgião Jony Soares Ramos, que morreu aos 49 anos, ao atropelar uma vaca na MT-251. O acidente aconteceu em 2018.

Cestari foi preso no mesmo dia, mas pagou fiança de um salário mínimo, R$ 1.045, e foi liberado. A justiça arbitrou nova fiança, na semana passada, de 200 salários mínimos, no entanto, uma nova decisão reconheceu que houve coação e derrubou o valor.

A mãe de Isabele, em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, afirmou que sabia que a família praticava tiro esportivo, mas não sabia “que havia um arsenal na casa”. Além disso, ela não acredita na alegação de tiro acidental.

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