Aline Almeida / Revista Única
A postura sempre receptiva e a calma nas palavras já começam a descrever a figura de Luiz Carlos Nigro. Escolhido no início da gestão do governador Pedro Taques para estar à frente da Secretaria Adjunta de Turismo, Nigro já trazia consigo uma grande experiência e que somaria para alcançarmos hoje os avanços no setor. Ele sempre trabalhou na área de turismo e hotelaria, sindicatos, organizações e associações de turismo em nível municipal, estadual e nacional. Nigro, que foi presidente do Sindicato Intermunicipal dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Mato Grosso, sempre foi uma das principais lideranças do trade turístico no Estado. Ele revela que essa é sua paixão, mas deve encarar um novo desafio, a Casa Civil. Aqui, ele nos conta um pouco dessa trajetória.
Única - Fale um pouco da sua carreira e de seu perfil.
Luiz Carlos Nigro - Ao assumir a pasta, nos deparamos com todas as obras de infraestrutura paradas na área de turismo. Neste um ano e meio conseguimos retomar todas elas. Retomamos obras importantes como o Memorial Rondon em Mimoso, com inauguração em 24 de agosto, as pontes da Transpantaneira que já entregamos à população, mais de 15 pontes prontas; iremos entregar todas as 31 pontes até dezembro deste ano. Temos obras importantes como o recapeamento da Estrada de Chapada, duplicação da Estrada de Chapada. São obras importantes não só para o turismo mas para a população em geral. Sempre digo que a cidade só é boa para o turismo se em primeiro lugar ela for boa para a população que mora nela. Temos vários projetos, principalmente do Corredor do Ecoturismo que sai de Porto Jofre passando por Poconé, e inclui a Transpantaneira, Nossa Senhora do Livramento, Cuiabá, Várzea Grande, distrito de Cangas, passando por Chapada dos Guimarães, Nobres, até Jaciara. Este é o projeto mais importante do Governo do Estado, o Corredor do Ecoturismo.
Única - Essas regiões são carentes de investimentos?
Carlos Nigro - Não só de investimento por parte de governo, mas nos atrativos turísticos por parte dos empresários. Isso tudo está sendo trabalhado, a forma como os empresários vão poder melhorar seu atrativo turístico. Criamos, neste ano, o Desenvolve Turismo, uma linha de crédito especial do MT Fomento para o turismo. Para isso os empresários vão poder acessar linhas de crédito especial para capital de giro, reforma, ampliação do seu estabelecimento, além de uma linha especial para energia limpa, para energia solar, eficiência energética. O que a pessoa pode fazer num hotel: melhorar a estrutura, ampliar etc. Nos atrativos: comprar van, montar empresa para rapel, entre outros. O projeto foi aprovado e já está disponível. Os juros são mais baratos que os do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). E é só apresentar o projeto, com a documentação certa.
Única - Mesmo o Estado tendo todas as belezas naturais, o turismo sempre pareceu, em outras gestões, ser uma pasta não muito valorizada. Nos últimos anos podemos constatar que a área ganhou mais notoriedade e, claro, mais investimentos. O que isso representa para o Estado?
Carlos Nigro - Quando o governador Pedro Taques assumiu, ele entendeu que o turismo tinha que ser uma prioridade. Ele enxerga o turismo como um segmento limpo; é uma indústria que vai cuidar da preservação do Estado. Um exemplo é que antigamente se matava onça porque ela comia o boi. Hoje não se mata mais uma onça, ela vale muito mais viva para a apreciação dos turistas. A grande maioria das fazendas de gado se transformou em fazendas turísticas. Isso vem ajudando muito na geração de emprego e renda. O turismo é preservação, virou uma ferramenta de geração de emprego e renda, o governador deu prioridade para isso. Ele escolheu também alguém da trade turístico para fazer parte, alguém que entendia, uma pessoa técnica para a área. Antigamente era relegado a segundo plano e estava ligado a decisões políticas. O cara, por exemplo, construía um aeroporto numa cidade somente porque lá era seu reduto eleitoral. Hoje a demanda para a construção do aeroporto é: quais são as cidades para as quais as companhias aéreas querem voar, estas devem ser as prioridades. Precisamos fazer uma união de esforços para que os investimentos do Estado não se percam.
Única - O Aeroporto Marechal Rondon está apto para demandas internacionais?
Carlos Nigro - Ele já está internacionalizado. Quanto às obras, estão caminhando bem. No final de setembro se finaliza a parte de ar condicionado e o forro praticamente fica 99% pronto. Somos o 12° maior aeroporto do país.
“Fiz uma loucura quando deixei meu grupo econômico, por acreditar em uma causa, por acreditar em mudança. Por acreditar que eu tinha que deixar de ser pedra e virar vidraça para poder estar do lado de cá ajudando a construir tudo aquilo que defendi por muito tempo”, ressaltou Carlos Nigro
Única - O destaque da gestão do Estado foi retomar as obras paralisadas. Qual será o destaque desta gestão do turismo?
Carlos Nigro - São três obras importantes: Salgadeira, Portão do Inferno e Mirante. São três obras que serão o grande legado. Eu costumo associar turismo com shopping center, e o shopping tem lojas âncoras. Turismo funciona assim, temos as lojas âncoras do Shopping Center de Mato Grosso. Aqui em Mato Grosso são duas, Chapada dos Guimarães e Pantanal, que são conhecidas mundialmente. Pantanal, onde estamos fazendo todas as obras de infraestrutura. Estaremos entregando uma parte da Salgadeira no final do ano. Portão do Inferno e Mirante são obras que temos que arrumar, são três pontos importantes em Chapada dos Guimarães. Na Salgadeira, acredito que neste ano abriremos um lado; o Mirante, depende de desapropriações; para o Portão do Inferno, já temos estudos, temos a pré-licença e agora vamos fazer o projeto executivo. Mas o que é o mais importante de tudo: já temos o recurso financeiro para fazer a obra. O que tem me angustiado é a burocracia, a demora dos órgãos.
Única - Quais continuam sendo os entraves do turismo em Mato Grosso?
Carlos Nigro - Todos têm sua parcela de responsabilidade, o governo, também a sociedade e o turismo como um todo. Há falta de organização empresarial, de cobrança efetiva dos empresários. Não adianta falar que o governo não funciona, mas o que você está fazendo para o governo funcionar? O que a população, o trade turístico, está fazendo para resolver os problemas? A sociedade precisa ter uma participação mais efetiva no governo. A participação da população na tomada de decisões é muito importante. Um entrave é também a falta de qualificação; não falo nem dos empregados, dos funcionários, dos atrativos, eu falo dos empresários. O empresário precisa ser qualificado, o cara não vem mais para um atrativo se lá não estiver bom. E nós não estamos mais competindo com vizinhos, mas em nível mundial. Se não tiver um produto bom, atrativo e com qualidade, não consegue viver no mercado. Outra coisa: os empresários precisam investir em publicidade, não esperar que o hóspede caia em seu colo.
Única - Como o senhor avalia as transformações, em relação a obras e investimentos que estão ocorrendo nas cidades do interior de Mato Grosso?
Carlos Nigro - Pegamos o governo com a tempestade perfeita. Crise mundial, crise nacional, impeachment de Dilma, Estado praticamente sem recurso nenhum, praticamente quebrado. Em nível financeiro, o governo está sofrendo muito, mas estamos conseguindo fazer muita coisa, estamos fazendo o máximo com o mínimo. Só não temos mais por falta de projeto, muitos municípios chegam aqui por falta de projeto. Um dos grandes problemas é a falta de um corpo efetivo nas secretarias de Turismo dos municípios. Por isso estamos trabalhando para fortalecer os Conselhos Municipais do Turismo; este conselho, que é perene, vai dar o direcionamento para os secretários.
“Ao assumir a pasta, nos deparamos com todas as obras de infraestrutura paradas na área de turismo. Neste um ano e meio conseguimos retomar todas elas”, disse Nigro
Única - Como o senhor avalia sua escolha para a Casa Civil?
Carlos Nigro - Uma questão que ainda depende da aprovação da Assembleia Legislativa para eu vir efetivamente para a Casa Civil. Mas eu sempre estive junto ao governo, sou entusiasta do Estado de Mato Grosso. Acredito muito no Estado, estou pronto para ajudar em qualquer área.
Única - O senhor acredita que seu nome foi escolhido porque é uma pessoa muito receptiva?
Carlos Nigro - Nós vamos dividir a Casa Civil em duas: vai ter o Gabinete Político de Comunicação que vai ser ocupado pelo Paulo Taques; e eu vou ficar na Casa Civil olhando para dentro. O que aconteceu, acredito que foi devido a minha experiência administrativa, a ação que tenho no governo, principalmente na retomada de obras. É muito difícil você fazer articulação política e fazer a parte interna de cobrança de secretariado, é muito difícil acompanhar tudo.
Única - No caso, então, o senhor seria um facilitador?
Carlos Nigro - Eu seria um cobrador de outras secretarias, encarregado de fazer a cobrança para o governador para que as secretarias realmente andem. Ajudar os secretários na interlocução das secretarias, porque muitas são interligadas, muitas ações dependem da ligação de uma com a outra e ainda existe muita dificuldade de se comunicarem. Já o Paulo, vai dar o apoio nas questões políticas, na articulação com os poderes.
Única - O que podemos esperar de Nigro na Casa Civil?
Carlos Nigro - Uma pessoa parceira que vai trabalhar muito para o sucesso do Estado de Mato Grosso. Não por conta somente do Pedro Taques, mas por uma convicção de que nós precisamos transformar a política, precisamos transformar o governo de modo que atenda à finalidade principal para a qual foi criado, que é atender ao povo e à população, e não o povo servir ao governo. Fiz uma loucura quando deixei meu grupo econômico, por acreditar em uma causa, por acreditar em mudança. Por acreditar que eu tinha que deixar de ser pedra e virar vidraça para poder estar do lado de cá ajudando a construir tudo aquilo que defendi por muito tempo.
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