Aline Almeida / Revista Única
A três meses de encerrar a gestão em Cuiabá, o prefeito Mauro Mendes faz um balanço das principais ações de seu mandato. Os grandes gargalos, as conquistas e as pretensões são temas da entrevista que você confere a seguir.
Única - A gestão está chegando ao fim. O que o senhor leva, como o senhor pretende terminar, o que foi alcançado de metas e o que ainda não foi cumprido?
Mauro Mendes - Estamos finalizando com um balanço extremamente positivo. E o maior reflexo disso é que mais de 70% dos eleitores aprovam nossa administração. Conseguimos fazer um grande programa de infraestrutura na cidade, melhorando os bairros, estamos melhorando na parte de urbanismo, com dois parques, o Dom Aquino e o Tia Nair. Estamos concluindo duas unidades novas: o Parque das Águas e o Porto Cuiabá. Um grande volume de obras e serviços. Entregamos duas UPAs, um hospital novo e estamos construindo um novo pronto-socorro. Num momento de crise em que muitos Estados e municípios não conseguem pagar suas contas em dia, estamos pagando em dia e ainda fazendo investimentos em todas as áreas. Minha aprovação é a do dever cumprido.
Única - A que se deve a sua aprovação junto à sociedade?
Mendes - Nunca fui político de ficar dando tapinha nas costas, fazendo média de pão com manteiga. Trabalho sério, e muito, aplicamos corretamente o pouco dinheiro que esteve à disposição e a boa avaliação é pelos bons resultados que entregamos em Cuiabá. Não é pelos meus belos olhos azuis, até porque meus olhos não são azuis.
Única - Uma das suas metas era entregar 300 km de asfalto e inaugurar um CMEI por mês. O senhor vai conseguir isso?
Mendes - Tínhamos a meta de fazer 180 km, mas vi que dava para subir para 250 e depois, que dava para alcançar 300 km. Meu plano de governo não tem isso de “acredito que vamos chegar a esta meta ou próximo dela”. As CMEIS, por exemplo: tínhamos a meta de construir 24, vamos entregar 21 e deixar 5 em construção.
Única - O senhor vai inaugurar o Porto-Cuiabá e o Parque das Águas parcialmente ou essas obras serão concluídas até o fim de sua gestão?
Mendes - Serão entregues em dezembro, 100% concluídas em dezembro.
Única - Em relação a construções, as UPAs, como é que ficam? As policlínicas irão fechar com a construção delas?
Mendes - Essa é uma decisão do próximo prefeito. Vou entregá-las funcionando, cabe ao próximo prefeito decidir se continuará com elas ou não. Nós já entregamos duas UPAs, temos duas em construção e trabalhamos fortemente para em dezembro inaugurar a terceira.
Única - E em relação à licitação do transporte coletivo? Ocorre este ano?
Mendes - Nós estamos finalizando o edital e provavelmente ela deve acontecer.
Única - A auditoria da CAB termina no dia 2 de novembro. Quais resultados foram alcançados nesse período?
Mendes - Nós conseguimos fazer um profundo levantamento, fizemos uma auditoria administrativa, contábil e financeira dos projetos executados nesse período. Isso está sendo finalizado num amplo relatório e até o fim da intervenção devemos dar publicidade a esse relatório e depois tomar a decisão sobre o que faremos com a companhia. Por todas as mazelas, por tudo aquilo que ela não fez, por tudo aquilo que ela fez de errado, esta concessão não volta para as mãos dos antigos controladores.
Única - Quais cortes ainda devem ser realizados na prefeitura?
Mendes - O símbolo da minha administração é um samurai. Cortamos muito, principalmente na parte interna, no custeio da máquina, para que sobrasse algum dinheiro – e sobrou! – para que investíssemos na cidade. Por isso, conforme já falamos, fui um prefeito que lançou diversas obras e não gastei inclusive com placas.
Única - Os salários dos servidores serão pagos em dia?
Mendes - São 48 meses do meu mandato; 45 eu paguei literalmente sem um dia de atraso. Mês de setembro já está confirmado. Faltam três meses, vou trabalhar duramente para honrar esse que é um compromisso sagrado de qualquer empresa, pública ou privada.
Única - Quais são os problemas financeiros enfrentados pela prefeitura?
Mendes - Existe no Brasil uma crise econômica que já pegou alguns estados, cidades, grande parte já foi afetada por essa crise, cada dia ela se torna mais real e seguramente chegará em nós. Quanto mais competente for o gestor, quanto mais conhecimento ele tiver de gestão, tomar as providências de forma assertiva, menor é o impacto no dia a dia. Quando ninguém falava de crise, reduzimos de 23 para 17 secretarias, tomamos a providência para, nesse momento de crise, passar ao largo dela. Mas ela poderá sim chegar à prefeitura de Cuiabá. Depende da qualidade, da competência e das medidas que o próximo gestor tomar. Se ele não fizer besteira, poderemos passar sem ser afetados pela crise.
Única - A retirada da sua candidatura, para os cuiabanos, foi motivo de muita surpresa. Isso e outros assuntos a seu respeito renderam muitas especulações na mídia. Como o senhor viu essa fase?
Mendes - Primeiro, não ligo para burburinho, fofoca que não tem procedência ou lastro de verdade. Nunca disse que seria candidato à reeleição. Se você olhar todas as minhas falas, vai ver que nunca disse que seria candidato. Meu compromisso foi ser prefeito por quatro anos, infelizmente, lamentei profundamente, mas não pude renovar esse compromisso e me colocar novamente à disposição, mas é possível administrar e mostrar resultados diferentes. Quanto a isso, estou com a consciência tranquila de que estou honrando a minha cidade e todos aqueles que depositaram em mim seu voto de confiança.
Única - É possível uma candidatura a deputado federal, estadual, governador, ou o senhor tirou seu nome da política?
Mendes - A palavra nunca, dizem, é daquelas que não se pode dizer. Neste momento tive que dar um passo atrás, não consigo enxergar direito ainda o final da nossa administração, são três meses de muito trabalho e desafios para serem concretizados. Não tenho a menor presunção de querer enxergar o que vai acontecer em 2018.
Única - Uma das grandes críticas é em relação à chamada indústria dos radares. Qual sua concepção sobre isso?
Mendes - Radar existe em todas as capitais brasileiras. Radar existe em todas as principais cidades do planeta. Quebra-molas é coisa de país subdesenvolvido. O método de contratação de Cuiabá é o mesmo realizado em todo o Brasil. A licitação foi feita em 2014, foi analisada pelo tribunal e pelo conselheiro de 2014. Em 2015 tinha radar em Cuiabá e também foi analisada pelo conselheiro e pelo Tribunal de Contas. Estamos em 2016, o que mudou nesse período?
Única - O VLT destruiu completamente as vias da cidade. O senhor investe muito na questão paisagística. Essa é uma forma de compensar a cidade pelas cicatrizes?
Mendes - É lamentável essa triste decisão que foi tomada pelos gestores do passado que optaram por fazer o VLT, e não o BRT ou outras soluções mais baratas. Não cabe a mim mudar essa decisão, analisar a pertinência, legalidade e desdobramentos, isso cabe aos órgãos de controle. A mim, na condição de prefeito, cabe administrar a cidade. O que estamos fazendo é recuperar a Avenida do CPA. Entrego minha administração com zero gelo baiano esparramado em Cuiabá. Pelo menos uma parte dessas cicatrizes, dessa triste história escrita recentemente em Mato Grosso, nós vamos eliminar. Mas vou deixar uma cidade muito mais bonita do que encontrei.
Única - Como vê a questão da corrupção vendo ex-gestores presos?
Mendes - É triste e lamentável, pois essas pessoas, se estão sendo submetidas a esses procedimentos no Judiciário e pelo Ministério Público, é porque lesaram os cofres e o interesse público. Mas “duela a quem duela”, é necessário que se faça.
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