Marisa Batalha e Luana Valentim
(Foto: Roger Perisson)
O senador José Medeiros (Podemos), pré-candidato a reeleição, em entrevista na Live do Site Única News, nesta sexta-feira (20), afirmou que os políticos deveriam, às vezes, serem comparados a produtos de supermercados. Assim, as pessoas poderiam comprar somente aqueles que fossem realmente confiáveis. ‘Ou trocar, se o que foi comprado não fizer jus ao que foi prometido no rótulo’.
Asseverando que, no entanto, acredita que muita coisa mudou e dentre elas a maneira como o eleitor vê hoje a política e os políticos.
‘A população deveria medir os políticos da mesma forma que se compra um produto no mercado, só pegando aqueles mais confiáveis e ainda trocando quando vêm com problemas ou ainda por não fazerem jus às qualidades escritas no rótulo. Ainda que eu acredite piamente que até se pode enganar as pessoas por um tempo, mas não o tempo todo. E hoje com a entrada em cena das redes sociais, ficou bem mais fácil acompanhar o que os políticos têm feitos para as suas comunidades ou ainda se não têm feito nada’.
Entretanto, Medeiros não vê, pelo menos por enquanto, uma mudança radical na política. Daquela de enterrar os velhos discursos e oligarquias. ‘Este político ‘novinho em folha’, será escolhido por outra geração, como a dos meus filhos. Claro, de tanto apanhar, já sabemos identificar os pilantras. E já têm políticos que não mais conseguem comprar votos. Mostrando que o momento em que vivemos, com o brasileiro exausto de tanta corrupção, estas eleições podem estar assim, bem perto daquela frase que diz que ‘sobra gente para tudo é quanto lado em estouro de boiada; meio que salve-se quem puder’.
Mas pena, ainda diz Medeiros, que a exaustão e a descrença dos eleitores possam levar boa parte deles a abrir mão de seu direito constitucional de votar, por não acreditar mais na classe política.
Apesar de acompanhar a política desde pequeno, Medeiros se auto intitula ‘novo no pedaço’. Mas já aprendeu – dentro das novas regras, desta vez escritas pelo cidadão -, que o eleitor está em busca de alguém que, de fato, faça a diferença, que realmente se preocupe com o que acontece nas ruas e em suas vidas. Pois ainda segundo ele, os políticos em sua maioria costumam ignorar a opinião pública, após serem eleitos.
A favor do Estado necessário, ou seja, menos Estado interferindo na vida das pessoas, das empresas ou dos negócios, colocando fim a eterna monopolização estatal querendo impor sua presença em tudo, sem conseguir dar uma contrapartida, o senador diz que a palavra ‘empoderamento’ tão na moda, às vezes lhe causa arrepios. Não pelo seu processo ideológico, mas por às vezes não alcançar a sua amplitude. E, pior, quando isto ocorre, o processo em que ele se dá não é entendido ou é contestado de alguma forma.
Lembrando como um bom exemplo disto, os índios Parecis (Campo Novos dos Parecis distante 397 km da Capital), que são conhecidos com os índios sojicultores do Brasil. Com uma lavoura mecanizada eles têm uma plantação de pelo menos 12 mil hectares de soja em Mato Grosso.
‘São respeitados na cidade, viajam de avião, se hospedam em bons hotéis em Mato Grosso e no país. Participam de eventos e, sobretudo, têm ajudado outras populações indígenas que estão longe da fartura que conseguiram com o trabalho que vêm realizando em suas terras. E, melhor, ganhando muito dinheiro com isto. Em uma de suas últimas safras eles tiveram um lucro de R$ 25 milhões. E, agora, bem recentemente, foram penalizados pelo Ibama, com uma multa de R$ 130 milhões com a proibição, inclusive, de não poderem vender sua colheita. Então não entendo! Estimulam as minorias como negros, índios e mulheres a se empoderarem e quando isto ocorre, correm lá e dizem que não é bem assim! Nunca vou entender as contradições existentes nas regras’.
Ainda mantendo a mesma avaliação que já tem há algum tempo - de que dificilmente o governador Pedro Taques (PSDB) se reelege -, Medeiros reitera que o gestor tucano ficou muito longe do discurso de oposição que assegurou suas vitórias ao Senado e à Governadoria. ‘Hoje ele está com a imagem desgastada, com um índice muito alto de rejeição nas pesquisas de intenções de votos e, sobretudo, deixou de ter a confiança de amigos que o seguiram por anos politicamente. Sem falar de um cenário político que quer um outro tipo de discurso ou, quando nada, um outro tipo de postura política. E dentro destas novas exigências, Taques não cabe em nenhuma’.
Medeiros que coordena nesta corrida eleitoral, a 'Frentinha', grupo composto por sete partidos – Podemos, Prós, PHS, DC, PMN, Avante, PRP -, vem se reunindo com os principais pré-candidatos que vão disputar a governadoria do Estado - Mauro Mendes (DEM), Pedro Taques (PSDB) e Wellington Fagundes (PR).
Voltando a admitir que a tendência, no entanto, do grupo é que seja fechada uma aliança com a chapa do senador Wellington Fagundes, pois é onde todos poderão assegurar espaços melhores e maiores e, claro, ainda de quebra, ter garantida sua pré-candidatura à reeleição pelo Senado.
Medeiros humildemente diz que não se pode minimizar a força de seus adversários, pois sabe que essa será uma grande competição, com três potencias do agronegócio, um ex-senador que tem grande peso na política e uma juíza aposentada que mesmo nova no campo, fez um belíssimo trabalho no combate a corrupção sem temer os ‘fortes e poderosos’. Mas está confiante nas chances de conquistar o voto da população, que conforme sua pesquisa particular, está bem colocado.
O Podemos tem como pré-candidato à presidência da República, Álvaro Dias, que conforme a avaliação de Medeiros, está bem em Mato Grosso com um público muito grande no Estado. Por isso descarta as chances de disputar como vice do presidenciável, Jair Bolsonaro (PSL).
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