FolhaMax
A greve é um instrumento valiosíssimo. Valioso e importante para cada categoria dos trabalhadores. Utilizada, estrategicamente, quando não existe diálogo ou quando a negociação se encontra emperrada.
Parece não ser nenhuma desta hipótese no caso da atual paralisação do funcionalismo, uma vez que o Governo abriu e se diz disposto a continuar a conversar, embora tenha pedido um tempo.
Acontece que este mesmo Governo se mostrou interessado no diálogo somente recentemente, deixando claramente que não possui alguém com capacidade de negociação e habilidade em dialogar.
E, para complicar-se, apresentou uma proposta bastante aquém do desejado pelos servidores, sob o argumento de que o proposto é o que Estado pode bancar. A greve, então, tornou-se imperiosa.
Paralisação que faz, tal como qualquer outra greve, refém a própria sociedade. Além disso, a paralisação interrompe partes consideráveis de atendimentos no Detran, na Saúde, na Segurança e na Educação.
Aliás, a Unemat chegou a suspender o seu vestibular, que seria realizado no próximo domingo (agiu corretamente. Outra não seria a mais adequada).
Se não bastasse isso, algumas escolas da rede pública estadual foram invadidas e dominadas pelos estudantes.
Estes tomaram tal decisão por também não concordarem com a ‘adoção’ de PPP na educação escolarizada. Trata-se de uma forte pressão, e o governo sentiu muito esta estocada.
A situação, então, se mostra bastante delicada e altamente desfavorável para o Governo. Parte disso se deve aos seus próprios erros. E o Governo continua errando, e erra ao considerar a greve como jogada ‘político-eleitoral’.
E diz isto, certamente na esperança de contar com o apoio maciço da população. Talvez tenha o apoio de parte considerável da sociedade em razão da crise econômica vivida, que gera dificuldade a gestão pública.
Mas o faz estrategicamente por uma via contraditória, dúbia e ineficaz, pois ignora completamente os conceitos, além de mudar os sentidos reais das palavras. Até porque toda greve é política.
Isto porque a greve se trata de uma manifestação, de um posicionar-se diante de um dado quadro existente. Posicionamento que nada tem a ver com partido político, nem com o ‘eleitoral’. Mesmo que 2016 seja ano político-eleitoral.
Este erro se soma a outros, os quais geram desgastes, e estes se ampliam sobremaneira pela paralisação do funcionalismo.
Desgastes que já são reais. Ainda que dois ou três analistas teimem em negá-los, ou amanhã ou depois os servidores retornem aos seus locais de trabalho.
Por outro lado, todo esse quadro se deu por falta de uma equipe governamental com ‘jogo de cintura’ suficiente para contornar o impasse nascido de uma não negociação com o funcionalismo. Ou pela falta de um articulador, dentro do Governo, capaz de lidar com as adversidades e habilidoso o bastante para o diálogo.
Isto se soma ao cenário de crise que emperra a administração pública, favorecido pelo que parece pela ausência de planejamento, uma vez que há muito já se sabia que a Revisão Geral Anual teria que ser quitada agora.
É isto.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político.
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