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SAÚDE E BEM ESTAR Terça-feira, 03 de Maio de 2016, 16:04 - A | A

03 de Maio de 2016, 16h:04 - A | A

SAÚDE E BEM ESTAR / Saúde

Obesidade infantil preocupa pais que adotam novo estilo de vida

Obesidade infantil preocupa pais que adotam novo estilo de vida



Considerada a segunda capital com maior índice de obesidade no Brasil conforme pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), Cuiabá tem, segundo a avaliação, um a cada cinco moradores obesos. Ou seja, 21% da população acima do peso, além de mais da metade da população com 18 anos ou mais (55%) estar com excesso de peso. Os dois percentuais ultrapassam a média nacional: de 18% e 52,5% respectivamente.

Os dados do Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional não mostram uma realidade nada agradável quanto ao público infantil em Mato Grosso.  Em relação às crianças de 5 a 10 anos, em 2014, 4.676 meninas e 2.869 meninos estavam em sobrepeso. Em obesidade estavam 2.288 meninas e 1.404 meninos. Em obesidade grave, 1.143 meninas e 1.363 meninos. Já em 2015, eram 5.402 meninas e 2.775 meninos em sobrepeso. Em obesidade, 2.789 meninas e 1.350 meninos e em obesidade grave foram 1.321 meninas e 1.248 meninos.

Dos municípios mato-grossenses, cinco registraram altos índices de obesidade em 2014 e 2015 nas crianças entre cinco e dez anos. Barão de Melgaço aparece em primeiro lugar com 264 casos em 2014 e 329 em 2015. Em segundo lugar está Rosário Oeste com 191 casos em 2014 e 523 em 2015. Denise aparece com 114 e 148 casos nos respectivos anos. Água Boa com 74 e 99 casos em 2014 e 2015 respectivamente e Alta Floresta com 89 casos em 2014 e 276 em 2015.

Para a faixa etária de zero a cinco anos, em 2014, os dados apontam que 5.018 meninas e 4.561 meninos estavam em risco de sobrepeso. Em sobrepeso eram 2.189 meninas e 2.069 meninos. Com obesidade, 2.583 meninas e 2.495 meninos. Em 2015 eram 5.017 meninas com risco de sobrepeso e 4.907 meninos. Em sobrepeso, 2.185 meninas e 2.201 meninos e em obesidade, 2.021 meninas e 2.184 meninos.

A alimentação saudável e o combate à obesidade devem começar desde a infância. Além de prevenir doenças e dar mais disposição, a alimentação saudável associada à prática de atividades físicas traz diversos benefícios à saúde. A edição da Única deste mês traz experiências de mães que decidiram incluir a alimentação saudável na rotina dos filhos, além de orientações de nutricionistas.

Para a nutricionista Graciely Navarros, tratar criança não é uma tarefa fácil. Ela destaca que a criança não consegue saber o que pode e o que não pode, só quer saber do que ela quer comer e quer comer o que é gostoso. A nutricionista afirmou que o número de crianças que buscam atendimento nesta especialidade tem aumentado muito. Segundo Graciely, o aumento está ligado à influência que a criança vem sofrendo da mídia. “O apelo de marketing tem influenciado muito. Por exemplo, um leite fermentado do Bob Esponja, um iogurte dos personagens que a criança adora. E o que os pais fazem? Eles levam as crianças ao supermercado, elas escolhem os produtos, os pais levam e elas acabam consumindo muitos produtos industrializados”, ressalta.

 O comportamento adotado pelos pais serve de espelho para os filhos. Segundo a nutricionista, não tem como falar em emagrecimento das crianças se os pais não adotam uma alimentação saudável. Por isso, a orientação aos pais na hora de ir ao supermercado, sobre o preparo dos alimentos e da frequência de comer fora de casa, é uma das técnicas adotadas.

Para a nutricionista, quando a criança tem obesidade na fase infantil e não é tratada há o risco de ela ser obesa para o resto da vida. Também há os riscos da comorbidades: diabetes, hipertensão e na vida adulta até um infarto e acidente vascular cerebral. “Uma criança que cresce comendo produtos industrializados com certeza terá hábitos alimentares inadequados e se ela não tem quadro de obesidade nesta fase isso pode ser desencadeado no futuro, pois foi acostumada a esses hábitos alimentares desde a infância”, diz Graciely.

Pelo amor e pela dor

Existe aquele velho ditado de que aquele que não aprende pelo amor aprende pela dor. Mas foi das duas formas que Cris Caldeira teve que fazer da alimentação saudável a rotina da casa. Mãe de dois filhos, há dois anos Cris descobriu que o filho Guilherme tinha alergia alimentar ao leite e ao glúten. As idas constantes do filho mais velho ao médico e sem diagnósticos precisos foram intrigando a mãe que já estava cansada de ver o menino sempre doente. Somente depois de vários diagnósticos de viroses que Cris ficou sabendo que o que de fato deixava o filho sempre ruim eram as alergias.

Ela conta que já cuidava muito da alimentação do filho, mas não de forma tão rigorosa. Com casos de obesidade mórbida na família, mãe obesa e ela também acima do peso, Cris frisa que não quer que os filhos passem o que ela passa. Mas a experiência de oferecer uma alimentação saudável trouxe uma inquietação a Cris. Tanto que decidiu criar o blog Sabor Materno, para ajudar as pessoas que passam pelo mesmo caso. “Por meio do blog pretendemos mostrar que da mesma forma que ajudamos nossos filhos a andar e a falar também podemos ajudar na alimentação. Meu filho mais velho come de tudo, legumes e frutas, e conseguimos estabilizar a alergia sem remédios. É uma bandeira lutarmos por um mundo mais saudável, menos biscoitinho, menos bolacha, menos refrigerante, menos doce. Eventualmente meu filho come essas coisas. Mas ele não come bolacha todo dia, isso não é um hábito”, revelou.

Cris Caldeira defende que a alimentação saudável é uma prática que começa desde bebê. Para ela, a criança é uma esponjinha, ela aprende o que você ensina. Levar a criança às compras e fazê-la participar, escolher as frutas e legumes, é muito importante. Mas para Cris é preciso não levar só em supermercado porque neste local tem outros produtos com estímulos visuais para a criança. “Eu acho inclusive criminoso, pois a criança não tem poder de decisão, quem sabe o que é melhor para ela é o pai e a mãe. Importante lembrar que não é a criança que nasce com cartão de crédito. Uma coisa é nós adultos sermos influenciados pela mídia, a todo o momento somos tentados a comprar, mas temos uma autonomia e um poder de decisão que uma criança não tem”, disse Cris.

 

Experiências que têm dado certo

 

A jornalista Karine Miranda também adotou a técnica de alimentação saudável com o pequeno Olavo.Ela conta que desde recém-nascido teve esta meta. “Eu o amamentei exclusivamente até os seis meses e, quando se encerrou a minha licença-maternidade, fui obrigada a deixá-lo em um berçário. No primeiro dia em que ele consumiu leite industrializado teve reações graves e descobri que ele era alérgico à proteína do leite (APLV). Desde então, adotamos uma alimentação completamente livre de leite, o que chamamos de limpa”, revelou.

Mas a jornalista conta que o filho consome produtos industrializados, sim, mas pouquíssimas vezes. Porém, os alimentos são todos isentos prioritariamente de leite e glúten e, às vezes, soja. “Optamos por oferecer diariamente frutas, verduras e bolos feitos em casa livres de leite, soja, ovo e glúten. Inclusive, ele estuda em uma escola que segue a nossa filosofia de alimentação e não permite o consumo ‘na hora do lanche’ de achocolatados, biscoitos recheados, salgados, refrigerantes e doces, por exemplo”, comentou.

Dentre as maiores vantagens colhidas por Karine ao proporcionar ao filho a alimentação saudável estão os reflexos na saúde. Ela conta que hoje ele é um menino que não tem problemas de saúde, além da alergia que é controlada pela alimentação. E o bom da opção saudável é que ele tem um cardápio variado sem passar vontade. “Nas festas de aniversário dos coleguinhas, por exemplo, em que as crianças comem muitos doces, ele consome pipoca de arroz, brigadeiro de biomassa de banana verde e beijinhos de arroz. Ou seja, uma versão mais saudável dos alimentos tradicionais”, disse.

Karine Miranda lamenta que muitas pessoas ainda acham que alimentação saudável para crianças pequenas seja encarada como frescura. Segundo ela, a maioria concorda com a existência de adultos “fit”, mas não aprova essa prática para as crianças. “Confesso que eu passo um pouco de estresse com isso, porque as pessoas sempre querem agradar as crianças oferecendo alimentos impróprios, acham um absurdo quando digo que meu filho não consome e o tacham de ‘coitadinho’ por não experimentar ‘as delícias do mundo’. Mas tentamos relevar essas situações. Por enquanto, tem dado certo”, disse a jornalista.

 

Dicas

 

A velha desculpa da falta de tempo faz com que os pais adotem cada vez mais as técnicas das comidas rápidas. O macarrão instantâneo, as compras constantes de lanches, enfim, os hábitos que em nada contribuem para a saúde da criança. Mas simples atitudes na hora de arrumar a lancheira já contam pontos para uma alimentação saudável e o organismo de seu filho agradece. Trocar o achocolatado por fruta, fazer um sanduíche natural, são coisas que no presente e lá no futuro também vão trazer benefícios.

No blog Sabor Materno, a nutricionista Marina Ayres Portela traz uma série de dicas que podem ser aproveitadas pelos pais.

Ela diz que a alimentação escolar tem contribuído muito para o crescimento da obesidade infantil. A dica de Marina é que os pais sempre coloquem uma fruta na lancheira, de preferência sempre na forma natural, que garante um aporte maior de fibras. Se a criança gostar de suco, prefira sempre o natural, ou quando for comprar os de caixinha leia o rótulo e evite os que contêm corantes, aromatizantes e adoçantes.

Uma boa pedida é que os pais coloquem um sanduíche com pão integral, recheado com geleia de frutas, queijo branco ou ricota. Podem também fazer um bolo caseiro substituindo a farinha branca por farinha integral ou aveia ou cookies caseiros com ingredientes saudáveis.

Alimentos não saudáveis como salgadinhos tipo snacks, refrigerantes, biscoitos recheados e bebidas lácteas achocolatadas devem ser evitados ao máximo. Se a criança optar por comprar o lanche na escola, deve ser orientada quanto às melhores escolhas; algumas escolas já oferecem frutas como opção. Também devem ser evitados os refrigerantes e salgados fritos. “O ideal é tentar ao máximo evitar os industrializados e utilizar alimentos feitos em casa.Tente sempre incluir a criança na organização da lancheira desde a compra dos ingredientes até o preparo da comida”, orienta Marina Portela.

 

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