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VOLTA AO MUNDO Sexta-feira, 20 de Outubro de 2017, 11:11 - A | A

20 de Outubro de 2017, 11h:11 - A | A

VOLTA AO MUNDO / PAÍSES DA ÁFRICA

'Creme para embranquecer pele' coloca Nivea no centro de polêmica

BBC BRASIL



(Foto: Reprodução)

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A polêmica sobre o uso de cremes embranquecedores agora atingiu uma marca de cosméticos de alcance global.

 

A Nivea está sendo criticada por uma propaganda de um produto anunciado na Nigéria, em Gana, em Camarões e no Senegal.

 

Outdoors apresentam o hidrante "Natural Fairness" (clareza natural) com a ex-miss Nigéria, Omowunmi Akinnifesi, com os dizeres "para uma pele visivelmente mais clara".

 

A mesma campanha tem comerciais para a TV, que mostram a modelo ficando com a pele mais clara após passar o creme.

 

O anúncio foi duramente criticado nas redes sociais, com mulheres dizendo que "esse não é o jeito certo de fazer propaganda na África" e "não queremos pele mais clara".

 

Entre os críticos da propaganda da Nivea está a modelo e ativista Munroe Bergdorf - que recentemente foi demitida de uma campanha da L'Oreal depois de criticar o racismo nos EUA.

 

Munroe compartilhou a propaganda em seu Instagram e disse que "não é ok perpetuar a noção de que pele mais clara é mais bonita" e que "é inaceitável fazer dinheiro fazendo com que outras pessoas odeiem a si mesmas".

 

Munroe também afirma que cremes branqueadores são prejudiciais à saúde e errados do ponto de vista ético.

 

"Todas as peles negras são bonitas. Nos homenageiem em vez de pedir que aceitemos ideais racistas e inatingíveis."

 

O produto da Nivea não é novo, mas a recente estratégia de divulgação gerou polêmica alguns dias depois da Dove ser criticada por um anúncio em que diversas modelos se transformavam em mulheres de outras etnias.

 

A imagem de um trecho da propaganda, com a negra se transformando em uma branca, gerou críticas. A Dove pediu desculpas, mas Lola Ogunyemi - modelo retratada - disse depois que a propaganda não era racista, que ela "não era uma vítima" e que o trecho foi tirado de contexto.

 

A Nivea já havia sido criticada no início do ano por uma propaganda de desodorante no Oriente Médio em que se via escrito "branco é pureza".

 

Procurada pela BBC Brasil, a empresa não se manifestou até a publicação desta reportagem.

 

O uso de cremes branqueadores é uma polêmica antiga no continente. Um estudo da Universidade de Cidade do Cabo estima que uma em cada três mulheres clareie a pele na África do Sul. Uma pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta que 77% das nigerianas usam esse tipo de produto regularmente.

 

Dermatologistas sul-africanos apontam que clareadores podem gerar efeitos colaterais que incluem câncer e hiperpigmentação da pele. "Precisamos educar mais as pessoas sobre os perigos desse tipo de produto", diz Lester Davids, da Universidade de Cidade do Cabo.

 

Já usuárias de cremes clareadores, como a musicista Nomasonto "Mshoza" Mnisi, defendem os produtos. "É uma questão de autoestima. Estou feliz agora", afirma.

 

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