g1 SP
O clima esquentou durante as sessões que discutem a votação da privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na noite desta terça-feira (5). Deputados se exaltaram e manifestantes que estavam acompanhando o debate nas galerias do plenário da Casa gritaram palavras de ordem contra a desestatização.
A votação do projeto deve acontecer na quarta-feira (6), em uma sessão extraordinária marcada para as 17h30.
Na sessão feita nesta terça, os parlamentares aprovaram o encerramento da discussão. Com as constantes interrupções das falas dos deputados pelos manifestantes, o presidente da Casa, André do Prado (PL), mais de uma vez ameaçou fechar as galerias. Houve protestos também fora da Alesp.
Por volta das 22h40, deputados trocaram empurrões após um bate-boca e a Alesp cortou a transmissão logo após a confusão. Donato (PT) empurrou Gil Diniz (PL), e Tenente Coimbra (PL) empurrou Donato (PT) de volta.
Houve também momentos folclóricos, como quando o deputado Lucas Bove (PL) gravava um vídeo próximo às galerias enquanto comia um sanduíche. Algum colega disse no microfone que ele estava provocando os manifestantes “comendo pão com mortadela”, sanduíche que virou símbolo da esquerda. O parlamentar então se indignou, foi até o microfone e esbravejou: “É peito de peru!”.
A sessão foi encerrada por volta das 0h10, já na madrugada de terça. O encerramento da discussão foi aprovado com 58 votos favoráveis, o que pode indicar que o governo tem o número de votos necessários para a aprovação do projeto.
Giba Bergamim/TV Globo
Manifestação contrária à privatização da Sabesp em frente à Alesp
Segunda-feira
Na segunda-feira (4), a oposição usou todos os recursos regimentais numa tentativa de adiar a votação, ou seja, as seis horas de discussão a que tem direito. A estratégia dos deputados que se opõem ao projeto era prolongar ao máximo a discussão para atrasar a votação.
Na segunda, o primeiro a falar foi o deputado Paulo Fiorilo (PT). Ele argumentou que não sabe a quantidade de ações que serão vendidas e que o valor total da companhia não foi divulgado no projeto apresentado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Alesp.
Fiorilo lembrou também que a privatização não foi colocada no plano de governo de Tarcísio registrado no TRE, apesar de o governador alegar que está cumprindo promessas de campanha.
Também na segunda, de acordo com o que apuraram a TV Globo e a GloboNews, deputados que apoiam Tarcísio participaram de uma reunião que durou cerca de 5 horas no Palácio dos Bandeirantes. Teria sido um “primeiro passo” para aparar algumas arestas entre o governo e a base, que cobra uma postura mais de direita e bolsonarista de Tarcísio.
Sabesp
A Sabesp é uma empresa de economia mista, ou seja, o controle é do estado, que tem 50,3% do seu capital social, mas outra parte é negociada em ações nas Bolsas de Valores de São Paulo e Nova York. Sua oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês) foi feita em 2002.
Ela é considerada uma das maiores companhias de saneamento do mundo e atende 375 municípios paulistas, onde vivem 28,4 milhões de pessoas. Já foi finalista de premiações, como o “Global Water Awards”, sendo reconhecida internacionalmente pela contribuição significativa para o desenvolvimento internacional do setor de água.
Também presta serviços de água e esgoto em parceria com empresas privadas para outros quatro municípios paulistas: Mogi-Mirim, Castilho, Andradina e Mairinque. É composta por mais de 12 mil funcionários e tem valor de mercado estimado em R$ 39 bilhões. No ano passado, anunciou lucro de R$ 3,12 bilhões, 35% superior aos R$ 2,3 bilhões de 2021.
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