Cuiabá, 26 de Abril de 2024

CIDADES Quarta-feira, 20 de Setembro de 2017, 10:27 - A | A

20 de Setembro de 2017, 10h:27 - A | A

CIDADES / FENÔMENO SMOG

Umidade baixa e as queimadas deixam a situação do ar absolutamente crítica em Cuiabá

Da Redação



(Foto: Reprodução/Web)

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Umidade muito baixa, mudança de ventos, escassez de chuvas e a intensificação dos focos de calor em Cuiabá e Várzea Grande estão agravando a qualidade do ar. O alerta veio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) que ainda revela sobre a indicação de formação de ‘smog’, fenômeno caracterizado pela formação de uma espécie de neblina composta por poluição atmosférica. Que no caso de Mato Grosso ainda ganha mais gravidade em decorrência das queimadas, mesmo no período proibitivo.

 

Esse fenômeno (smog) deixou Cuiabá em estado de alerta em 2007, quando se formou uma das piores cortinas de fumaça já registrados no Estado. O termo resulta da junção das palavras da língua inglesa 'smoke' (fumaça) e 'fog' (nevoeiro). Um quadro parecido a este ano também aconteceu em 2015, em menor gravidade.

 

De acordo com o coordenador de Monitoramento da Qualidade Ambiental, o químico Sérgio Batista Figueiredo, a situação está muito crítica, pois sob a observação das análises dos boletins diários produzidos pelo laboratório da Sema, vê-se que o limite permitido de material particulado oriundo da fumaça de queimadas considerado tolerável para seres humanos é de até 25 microgramas (µg) por metro cúbico de ar (m³), porém, o valor que está oscilando na capital e Cidade Industrial, vizinha à Cuiabá, está entre 100 e 140 µg/ m³ nas últimas duas semanas. O terceiro pior quadro fica com Rondonópolis que vem apresentando  oscilações entre 58 e 85 µg/ m³.

 

Também conforme o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe) não há previsão de chuva até segunda-feira (25). Além disso, as temperaturas vão continuar altas, podendo até ultrapassar os 39º C, com umidade relativa do ar em torno de 12%, considerada crítica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), já que a umidade ideal para o ser humano oscila entre  60 a 80%. 

 

Assim, a orientação da Sema e do Inpe é que a população evite qualquer tipo de queimada, pois o material particulado proveniente deste fenômeno é ultrafino e consegue ultrapassar a barreira natural das narinas indo para a corrente sanguínea, onde pode provocar diversos tipos de doença, inclusive as cardíacas.

 

 

A situação se agrava nos períodos do entardecer e amanhecer, segundo o químico Sérgio Batista Figueiredo, porque é quando há uma mudança mais brusca da temperatura e os poluentes têm mais dificuldade em subir para a atmosfera, formando ‘bolsões de fumaça’ perto do solo. “É nesse horário que a população costuma fazer caminhada e é justamente a mais crítica”.

 

Além de Cuiabá e Várzea Grande, também estão com alguns quadros 'qualidade do ar considerados inadequados' os municípios de Alta Floresta, Cáceres, Diamantino, Juara, Rondonópolis, Sinop, Sorriso. E os dados ainda apontam este quadro ainda que haja oscilações nas cidades mato-grossenses de Juína, Campo Novo de Parecis, Colíder e Tangará da Serra. Também têm tido períodos críticos. 

 

Mais focos de calor

 

O Comitê do Fogo, presidido pela Sema, vai avaliar a prorrogação do período proibitivo, que termina no dia 30 de setembro. A tendência na próxima semana é que a qualidade do ar continue comprometida em decorrência do prolongamento do período de seca e, paralelamente, ao aumento progressivo dos focos de calor.

 

Apesar de ter iniciado o primeiro mês de proibição ao uso do fogo nas áreas rurais com uma queda de 43% de focos de calor, em comparação ao mesmo período de 2016, e 20% a menos entre o final de agosto e início de setembro, o quadro progressivamente se inverteu em Mato Grosso, chegando no dia 17 de setembro a 32,3 mil focos de calor, 34% a mais que o mesmo período do ano passado.

 

Para o tenente coronel Paulo André Barroso, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), o avanço das queimadas é preocupante, pois mostra que a população não está consciente dos riscos de fazer uso do fogo, especialmente neste período. “Mais de 90% das ocorrências é provocada por ação humana e é intencional. Quem paga a conta é o cidadão, através do aumento de atendimentos na saúde”.

 

Barroso explica que a expectativa era de mais chuva neste período, mas devido às mudanças climáticas mundiais que provocaram uma grande circulação de águas e levaram calor do Atlântico Sul para o Atlântico Norte, o índice pluviométrico tem sido praticamente zero em todo o Brasil. “O Brasil vive um momento crítico, já que o número de focos de calor aumentou em 45%, são mais de 170 mil em todo país. Nos estados da Amazônia legal, o incremento foi maior de 55%, cerca de 130 mil focos de calor”.

 

Queimadas versus saúde

 

A fumaça das queimadas é altamente prejudicial porque traz desde impactos mais simples aos mais agudos, principalmente para quem já possui tendências alérgicas, como broncoespasmo, que consiste na contração da musculatura dos brônquios, que são uma espécie de tubos que auxiliam a passagem de ar pelos pulmões. Essa ação causa o estreitamento das vias aéreas, ocasionando a dificuldade de respirar.

 

Além disso, a irritação nas vias aéreas pode facilitar a penetração de outros vírus ou bactérias no organismo, porque uma vez ‘inflamadas’ deixam de exercer a função natural de proteção. Nas crianças e idosos, principalmente, provocam baixa imunidade, que deixa o organismo suscetível às infecções mais graves, como pneumonia. Também são comuns crises de asma, bronquites, crises alérgicas, rinites, sinusites e irritação nos olhos.

 

O período proibitivo para as queimadas iniciou no dia 15 de julho e segue até o dia 30 de setembro, podendo ser prorrogado devido às condições climáticas. Nesta época, utilizar fogo para limpeza e manejo nas áreas rurais é crime passível de seis meses a quatro anos de prisão, com autuações que podem variar entre R$ 7,5 mil a R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare. Nas áreas urbanas, o uso do fogo para limpeza do quintal é crime o ano inteiro. As denúncias podem ser feitas na ouvidoria do BEA pelo 0800 647 7363, no 193 do Corpo de Bombeiros ou diretamente nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente.

 

 

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