Cuiabá, 05 de Maio de 2024

POLÍCIA Quarta-feira, 22 de Setembro de 2021, 12:30 - A | A

22 de Setembro de 2021, 12h:30 - A | A

POLÍCIA / TAMBÉM BATEU EM IDOSA

PM que agrediu filho de Bastos já foi denunciado por choques, afogamento e tortura contra outros adolescentes

Lázaro Thor Borges
Única News



O tenente coronel da PM Sávio Pellegrini Monteiro tem em seu histórico como policial militar registros estarrecedores de tortura, abuso psicológico e agressão contra adolescentes. Recentemente o nome de Sávio apareceu na imprensa local depois dele ter sido gravado agredindo um jovem de 17 anos, que é filho do ex-secretário estadual e ex-presidente do MT Saúde, Yuri Bastos Jorge. O crime ocorreu sábado (18), em um condomínio no bairro Quilombo, em Cuiabá.

Seu histórico, porém, é bem mais antigo. Sávio responde a uma ação criminal movida pelo Ministério Público de Mato Grosso sobre fatos que ocorreram em 2008. A denúncia, que foi obtida com exclusividade pela reportagem do Única News, mostra o modus operandi do militar durante uma abordagem policial que se transformou em momentos de terror, abuso psicológico e perseguição para três adolescentes sem qualquer histórico de crimes.

De acordo com o MP, no dia 2 de agosto de 2008 Sávio e outros dois policiais procuravam por um homem que havia participado de uma tentativa de resgate de um presidiário em Cáceres. Os policiais foram à Cuiabá até a casa da esposa do fugitivo. Lá, torturam três menores de idade, afogando-os em uma caixa d’água nos fundos da residência.

“Como as vítimas não sabiam o paradeiro do fugitivo, os denunciados as levaram até o quintal da casa onde as afogaram em um tanque de água lá existente, e as agrediram fisicamente com socos na cabeça, costas e barriga”, diz trecho da denúncia.

Espancamento Idoso

 


 

A mãe dos jovens foi levada para a frente da casa para que não visse os filhos sendo torturados. Um dos jovens, que estava acima do peso, passou mal durante a tortura e foi “poupado” por Sávio e seus colegas.

“O denunciado Sávio era o que mais agredia as vítimas sempre exigindo que elas revelassem o paradeiro do fugitivo”, diz outro trecho.

Os policiais também deram golpes em uma das vítimas e em seguida aplicaram choques elétricos utilizando uma arma parecida com uma pistola, o que provocou queimaduras por todo corpo do adolescente. Os militares também obrigaram uma das vítimas a ficar sentada no chão e jogaram água fria sobre ela.

O Ministério Público também cita forte “tortura psicológica” na ação dos policiais, que incluiu a afirmação constante de que todos seriam mortos se não revelassem o paradeiro do fugitivo. Outro exemplo deste tipo de tortura, segundo o MP, foi quando os agentes da PM comeram lanches e beberam refrigerantes que as vítimas haviam pedido antes dos policiais chegarem.

“Na sequência prenderam duas das vítimas no porta-malas de um veículo Gol “bola” na base comunitária do Jardim Vitória, embora o espaço do porta-malas fosse muito pequeno para abrigar as duas vítimas”, diz a denúncia. “As vítimas permaneceram por mais de uma hora segregadas naquele compartimento até serem encaminhadas à Base de Policiamento do Araés, onde foram retiradas do carro”, conta.

Para humilhar os jovens, segundo o MP, os policiais mandaram que todos se sentassem no chão, de cabeça baixa. Pediram uma pizza e perguntaram, em tom de deboche, se alguns dos menores aceitariam um pedaço.

As vítimas foram encaminhadas em seguida ao Cisc do Verdão, onde Sávio Monteiro registrou um boletim de ocorrência contra os jovens em que noticiou uma falsa acusação de posse de drogas, segundo o MP.

“No local os denunciados entregaram para as vítimas uma quantia de substância de entorpecentes análoga à maconha, e determinaram que afirmassem perante a autoridade policial que a droga lhe pertencia, caso contrário, iriam morrer”, diz outro trecho da denúncia do Ministério Público.

“Também instruíram as vítimas para se fossem questionadas quanto ao fato de suas roupas estarem molhadas, dizer que haviam tomado banho de roupa”, cita a denúncia. Com medo de represálias, os jovens confessaram a posse das drogas e também não aceitaram realizar o exame de corpo de delito.

Agressão a idosa de 72 anos

Os registros também apontam que a avó dos adolescentes, de 72 anos, foi agredida e levou um tapa no ouvido, durante as buscas pelo fugitivo feita pelos policiais. O tio dos jovens, segundo o depoimento, também teria sido espancado.

Em depoimento, um dos jovens agredidos explicou à Justiça que o fugitivo, que é pai de dois dos menores, não tinha mais contato com os filhos e com a ex-esposa, da qual ele havia se separado um ano antes. Os policiais, porém, não acreditaram naquela versão.

Em janeiro deste ano, a juíza Ana Cristina da Silva Mendes anulou a decisão que condenou Sávio Pellegrini Monteiro por três anos de prisão por entender que o juízo da Sétima Vara Criminal é incompetente para julgar o caso.

Tortura Afogamento

 


 

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