Cuiabá, 26 de Abril de 2024

POLÍTICA Segunda-feira, 25 de Março de 2019, 14:48 - A | A

25 de Março de 2019, 14h:48 - A | A

POLÍTICA / SANTA CASA

Dinheiro virá após plano estratégico; funcionários cobram salários

Fernanda Nazário
Única News



 

Há 14 dias de portas fechadas, a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, primeiro hospital da capital, erguido em 1817, amarga uma crise que parece estar longe do fim. O secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, informou nesta segunda-feira (25), durante uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, que o Governo Federal não enviará nenhum recurso para a unidade de saúde enquanto não for apresentado um plano estratégico para recuperação do local.

No plano deve conter, detalhadamente, os passivos da instituição, ações que assegurem à Santa Casa uma gestão profissionalizante e que promova perenidade ao serviço prestado pela unidade. “Oficialmente não recebi nenhuma informação que nos permita esboçar um plano de solução. Enquanto isso não houver, o ministro [de Saúde] não irá colocar nenhum centavo do governo federal”.

O secretário Municipal de Saúde, Luiz Antônio Possas de Carvalho, não participou da audiência, mas enviou o assessor de seu gabinete, Ricardo Venero Soares, como representante. Na tribuna, ele explicou que o Prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) esteve em Brasília, na última semana, e o Ministro de Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi taxativo em informar que está aguardando um plano de gestão, que tenha a participação do Estado e Município, para liberação de recurso.

“O prefeito quer, junto com a sociedade, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Justiça e Governo, criar uma frente para fazer um plano de ação para salvar a Santa Casa”. Sobre uma intervenção do município no local, Luiz adianta que o Pinheiro não quer fazer apenas pela Prefeitura, porque, segundo ele, o hospital não é só de Cuiabá, já que 70% dos pacientes são do interior do Estado.

“Já tomamos iniciativas como medida paliativa à situação. Realocamos os pacientes para Hospital Geral e Hospital do Câncer. Hoje as crianças da nefrologia pediátrica foram para Várzea Grande fazer diálise”, acrescenta Ricardo, que garante que o município está fazendo a parte dele nesse momento de crise. “A prefeitura quer dar todo apoio para reestruturar e não deixar a Santa Casa fechar as portas”, finaliza.

A notícia do plano não foi tão bem recebida pelos profissionais e familiares de pacientes da Santa Casa, que assistiram a audiência. Enquanto os órgãos discutem formalidades, eles narram o sofrimento de viverem sem o salário há seis meses e sem atendimento de qualidade.

Francisco Pereira, médico há 33 anos da instituição, culpa a direção do hospital que, de acordo com ele, foi irresponsável e omisso. Para ele, como está não dá para continuar. “Não tem solução sem a Prefeitura estar dentro, precisa intervir de imediato. Você pode colocar R$ 50 milhões agora, daqui 30 dias está de pires na mão de novo”.

O ex-presidente da Santa Casa de Cuiabá, o médico Antônio Preza, se isenta de qualquer culpa que venha cair sobre si com relação à crise da Santa Casa e diz estar tranquilo. “Duvido que conheça alguma entidade tão fiscalizada quanto a Santa Casa. Tivemos duas auditorias e uma CPI. Fomos ao Ministério Público pedindo para alguém ir olhar as contas. Ainda estão falando de caixa preta, querem outra CPI. Pode fazer quantas CPI quiser. O que eles estão procurando não vão achar”, afirma Preza.

O deputado Lúdio Cabral (PT), que requereu a audiência pública, acredita na importância de ouvir todos os agentes políticos e autoridades envolvidas neste debate. Para ele, a intervenção pelo município pactuada com o Governo do Estado é o melhor caminho.

“Colocar uma equipe técnica qualificada para gerenciar. Buscar suporte com consultoria e organizar uma espécie de conselho político para gestão da Santa Casa e assim retomar o funcionamento, para programar o pagamento dos débitos com os trabalhadores”, sugere.

Já o deputado Ulysses Moraes (DC) propõe um comitê multidisciplinar para quitar essas dívidas com os funcionários. “Assim, os funcionários serão pagos na justiça, para evitar fraudes”. Ele explica que, dessa forma, ao invés do dinheiro ir direto para o Hospital, ele será depositado em uma conta judicial.

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