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VOLTA AO MUNDO Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2019, 09:15 - A | A

25 de Fevereiro de 2019, 09h:15 - A | A

VOLTA AO MUNDO / CRISE NA FRONTEIRA

"Sem aventuras", diz Mourão antecipando a posição brasileira contra intervenção na Venezuela

Por Gerson Camarotti



(Foto: Emily Costa/G1)

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Assim que chegou à Colômbia, na noite deste domingo (24), o vice-presidente Hamilton Mourão disse ao blog que a posição brasileira na reunião dos países que integram o Grupo de Lima será a de manter a linha de não intervenção na Venezuela. O encontro acontece nesta segunda-feira (25) em Bogotá.

O Brasil vai defender entre os países do grupo uma pressão diplomática para o isolamento internacional do regime Maduro. De forma reservada, militares brasileiros têm reforçado que uma intervenção militar na Venezuela pode criar uma instabilidade na região. Há preocupação com a situação da fronteira no estado de Roraima.

"Vamos manter a linha de não intervenção, acreditando na pressão diplomática e econômica para buscar uma solução. Sem aventuras", disse Mourão ao Blog.

A posição brasileira será um contraponto de um eventual movimento dos Estados Unidos em defesa de intervenção na Venezuela. Ao Brasil não interessa um conflito armado num país vizinho. Questionado sobre a sinalização dos EUA em defesa da intervenção, Mourão reconheceu o movimento americano neste sentido. "Julgo que [os Estados Unidos] desejam isso", disse o vice-presidente.

Perguntado pelo blog sobre qual deve ser a linha adotada na reunião desta segunda, pelo Grupo de Lima, o vice-presidente Hamilton Mourão foi direto: "Solução pacífica".

O Itamaraty também acompanha a posição do vice-presidente Hamilton Mourão. "Seguimos na linha de condenação do regime de Maduro, da indignação pela violência que exerce contra a própria população, mas sempre pela saída política por meio da pressão diplomática. Seguimos contra intervenção militar. Mas advogamos pressão crescente da comunidade internacional pelo fim da opressão e pelo regresso da democracia na Venezuela", disse ao blog um diplomata brasileiro que está acompanhando em Bogotá a reunião do Grupo de Lima.

Neste domingo (24), o governo brasileiro condenou, por meio de nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, "os atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro".

A nota do Itamaraty chamou o governo de Maduro de "criminoso" e apelou à comunidade internacional para "somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela".

 

Confrontos em Roraima

 

O blog apurou que a estratégia entre militares brasileiros é de diminuir a tensão na região de fronteira entre Roraima e Venezuela. No fim de semana, houve confronto entre venezuelanos que vivem no Brasil e militares venezuelanos. Bombas de gás chegaram atingir o território brasileiro.

A Venezuela fechou a fronteira com o Brasil na quinta-feira (21), para impedir a entrada de ajuda humanitária. A fronteira permanece fechada na manhã desta segunda (25).

No sábado (23), dois caminhões com alimentos e medicamentos chegaram à linha que divide os dois países, mas não puderam ultrapassara a barreira de militares venezuelanos que barra a entrada e saída de pessoas e veículos da Venezuela.

Os embates começaram após essa tentativa frustrada de entregar ajuda a venezuelanos. Na tarde de sábado, dezenas de venezuelanos começaram a atirar pedras contra os militares a partir do território brasileiro. As forças de segurança revidaram.

No domingo (24), os confrontos se repetiram, o governo brasileiro decidiu montar uma barreira com homens da Força Nacional, e anunciou um acordo para evitar novos embates (veja abaixo resumo dos últimos acontecimentos).

Desde a última sexta-feira (22), conflitos em localidades venezuelanas perto da fronteira com o Brasil deixaram cerca de 25 mortos e 84 feridos, segundo Emilio González, prefeito da municipalidade de Gran Sabana.

A reunião em Bogotá acontece dois dias depois da tentativa de envio de ajuda humanitária à Venezuela pelas fronteiras do Brasil e da Colômbia, onde também houve confrontos no sábado, que deixaram dezenas de feridos.

A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, condenou o uso de "força excessiva" por parte do regime de Nicolás Maduro.

O Grupo de Lima é formado por 14 países das Américas. Destes, apenas o México não reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Guaidó participará do encontro de cúpula, que também terá a presença do vice-presidente dos EUA, Mike Pence.

 

Veja o que ocorreu no fim de semana

 

Sábado (23)

 

  • As fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia ficaram fechadas durante todo o fim de semana e frustraram as tentativas de entrega de ajuda humanitária

 

  • Venezuelanos protestaram e atacaram uma base do exército venezuelano na fronteira com o Brasil após 2 caminhonetes com comida não conseguirem entrar no país

 

  • 3 pessoas morreram em protestos em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil

 

  • Na fronteira com a Colômbia, 2 caminhões com ajuda humanitária foram incendiados, segundo o governo colombiano

 

  • Maduro afirmou em discurso que não era mendigo, rompeu relações diplomáticas com Colômbia e disse que estava disposto a comprar toda comida que o Brasil quiser vender

 

  • Guaidó voltou a apelar a militares para que eles retirem o apoio ao presidente da Venezuela: "Vocês não devem lealdade a quem queima comida"

 

Domingo (24)

 

  • O Brasil condenou os confrontos na fronteira da Venezuela e o "caráter criminoso do regime Maduro"

 

  • A Colômbia fechou por 2 dias parte da sua fronteira com a Venezuela, onde ocorreram os confrontos de sábado, para "avaliar danos"

 

  • Manifestantes voltaram a entrar em confronto com militares venezuelanos na fronteira do Brasil com a Venezuela

 

  • 3 militares venezuelanos desertaram pela fronteira em Pacaraima

 

  • Um prefeito venezuelano fugiu pela mata, disse ser perseguido pelo governo Maduro e denunciou 25 mortes em áreas da Venezuela perto do Brasil

 

  • A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos condenou a violência nas fronteiras da Venezuela e pediu que o regime Maduro repudie as ações

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