Viviane Taguchi
Band
Os Estados Unidos realizam nesta terça-feira (5) a eleição para o presidente que irá comandar o país pelos próximos quatro anos. Embora os norte-americanos não sejam os principais parceiros comerciais do Brasil, a relação com eles é de extrema importância para o agronegócio.
O Brasil é o grande fornecedor, por exemplo, de celulose, café ou peixes para os Estados Unidos e importador de itens como fertilizantes e combustíveis. Para se ter uma ideia, apenas no primeiro semestre deste ano, esta relação movimentou US$ 19 bilhões.
O Agro Band desta terça-feira analisa as possibilidades para o agronegócio, com a eleição de Kamala ou Trump. O correspondente da Band nos Estados Unidos, Eduardo Barão, faz um resumo das principais propostas para o setor agropecuário de cada candidato.
Rumos do agronegócio
Os Estados Unidos são os maiores produtores de milho do mundo, responsáveis por 30% da a produção global. A projeção é que na atual safra, a produção alcance 379 milhões de toneladas. Na soja, os norte-americanos são o segundo maior produtor do mundo, com uma safra estimada em 130 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia, a safra brasileira está estimada em 166 milhões de toneladas.
Tanto o milho como a soja são commoditties agrícolas e os preços dos dois produtos nas bolsas de valores podem sofrer oscilações consideráveis no mercado a partir do resultado das eleições norte-americanas.
A disputa entre Kamala Harris e Donald Trump pode ter implicações significativas ao agronegócio, afetando o Brasil e outros mercados globais.
Em 2018, quando eleito presidente dos Estados Unidos pela primeira vez, Trump travou uma guerra comercial com a China, maior comprador mundial de soja e milho. Trump impôs a aplicação de tarifas sobre produtos chineses e iniciou uma campanha contra a gigante de telecomunicações Huawei. Em resposta, a China revidou com suas próprias tarifas, visando principalmente produtos agrícolas dos EUA, como a soja, milho e o trigo.
O agronegócio brasileiro foi um grande beneficiado, já que a China deu início a relações comerciais mais intensas com os países da America do Sul produtores de soja. Atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de soja e milho para a China, além da carne de frango, celulose, açúcar e cafés.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China foi abrandada em meados de 2020, no entanto, uma nova possível eleição de Trump reascende os ânimos no setor.
Em um relatório divulgado pela Associação Nacional de Produtores de Milho (NCGA, na sigla em inglês) em parceria com a Associação Americana de Soja (ASA), economistas afirmam que uma nova guerra comercial poderia provocar prejuízos de bilhões de dólares aos agricultores americanos. “Como resultado das tarifas retaliatórias desde meados de 2018 até o final de 2019, as perdas de exportação agrícola dos EUA ultrapassaram US$ 27 bilhões, com a China respondendo por cerca de 95% do valor perdido”. A NCGA e a ASA dizem que, se a China cancelar a atual isenção de tarifas para a agricultura americana, o rombo inicial seria de 16 milhões de toneladas de soja e 2,2 milhões de toneladas de milho.
Para atender a esta demanda, os chineses aumentariam a pressão sobre o Brasil, que passará a aumentar os volumes exportados ao país chinês, intensificando ainda mais essa relação.
Promessas para o agro
Na atual campanha, Trump indicou que tratará o agronegócio como todos os setores da economia, sem interferências para incentivar o crescimento do setor, mas já sinalizou que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por exemplo, pode sofrer mudanças em seu escopo de atuação, com limitações a políticas agrícolas.
Já a democrata Kamala Harris, apesar de não ter detalhado muito seus planos para o setor do agronegócio, deve dar continuidade às políticas do atual presidente, Joe Biden, com foco em energias renováveis, ampliação das políticas de subsídio a pequenos agricultores e colocar as questões climáticas no centro das discussões e políticas para o setor.
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