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Com Assessoria
O Brasil como líder mundial na produção de algodão, o status da fibra estadual e nacional e os parâmetros de qualidade para abastecer a indústria têxtil no Brasil e no exterior foram o fio condutor do Encontro Qualidade de Fibra Mato Grosso, realizado segunda (26) e terça-feira (27), em Cuiabá. O evento de natureza técnica reuniu no centro de eventos da Fatec Senai um público superior a 300 pessoas, formado pela cadeia produtiva do algodão, especialmente produtores rurais e gerentes de fazendas e de unidades de beneficiamento de algodão no estado.
Realizado pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), em parceria da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o evento trouxe para o eixo de discussão os desafios do setor algodoeiro para as demandas do mercado em relação a rentabilidade e a competitividade. Compõe um ciclo de eventos de qualidade que acontece no país e que também será levado para o interior de Mato Grosso: Campo Verde (17/06), Sorriso (24/06) e Campo Novo do Parecis (26/06).
“Cada dia a nossa responsabilidade aumenta muito, porque a nossa produção também aumenta. Mato Grosso hoje é responsável por mais de 70% do algodão produzido no Brasil. Não adianta termos produtividade se não há qualidade", afirmou o presidente da Ampa, Orcival Gouveia Guimarães, ao agradecer a adesão das empresas associadas na participação de colaboradores e reforçou a importância dos eventos regionais no estado.
O Encontro Qualidade de Fibra Mato Grosso trouxe a Cuiabá os maiores especialistas no assunto, unindo toda a cadeia produtiva do algodão em torno de caminhos possíveis para o setor. Dois painéis trataram dos desafios do segmento cotonicultor, como a redução de fibras curtas, eliminar a presença de pegajosidade, mitigar a contaminação por plástico e de fragmentos de casca do caroço. No palco e na plateia, profissionais do agronegócio, lideranças, dirigentes de entidades de Goiás, Bahia, São Paulo e Distrito Federal, além de Mato Grosso.
Mitigando contaminações
A contaminação por açúcares entomológicos, substâncias açucaradas excretadas por insetos como pulgões e moscas-brancas, foi apontada como um dos principais fatores que impactam a qualidade da fibra, prejudicando seu desempenho na indústria têxtil. O tema foi apresentado no painel 1 do evento “Como evitar as contaminações por açúcares entomológicos e por plásticos”.
“É preciso diferenciar o problema entomológico do fisiológico. Quando entendemos que estamos lidando com secreções externas, conseguimos encontrar soluções mais eficazes. O monitoramento rigoroso e o manejo adequado são essenciais”, destacou o pesquisador da Embrapa, João Paulo Morais.
Já no que diz respeito à contaminação por plásticos, o alerta foi dado por representantes da indústria e do campo. Superintendente de Logística e Suprimentos da Fiasul, Franco Manfroi ressaltou que hoje “90% dos contaminantes identificados na indústria têxtil são plásticos e que esses resíduos muitas vezes têm origem nas próprias práticas de manejo da colheita e do transporte, como o uso de lonas e big bags inadequados”.
O presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Alexandre Schenckel, reforçou que o setor precisa tratar o tema da qualidade com a mesma prioridade que já dedica à produtividade. “A imagem do algodão brasileiro no mercado mundial depende disso”, comentou.
A presença de pesquisadores do IMAmt, como o melhorista Jean-L. Belot e do entomologista Guilherme Rolim; de Ricardo Andrade, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e Jean-Luc Chanselme, diretor-técnico da Cotimes do Brasil, contribuiu para o aprofundamento das discussões, apresentando dados quantitativos e qualitativos sobre o impacto das contaminações no beneficiamento da fibra e propondo medidas de mitigação, como o melhoramento genético de cultivares mais resistentes e o aperfeiçoamento dos protocolos de manejo e colheita.?
O painel foi mais um passo na busca pela consolidação do algodão brasileiro como referência global, não apenas em volume, mas em qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade. O debate demonstrou que enfrentar os desafios das contaminações é uma tarefa coletiva, que exige ciência, compromisso e ação coordenada em toda a cadeia produtiva.
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