
Que estranho sentimento é o ódio. Ele parece inerente ao ser humano. E que por vezes coloca em risco a saúde dele em todas as dimensões, até a própria vida. É algo que corrói por dentro. Ódio é pulsão de morte. Mantê-lo silenciosamente é uma forma de suicídio lento. Quem odeia até pode ter razão por isso, mas fica desprovido da leveza na consciência. Seria o ódio algo aprendido? E o amor, passaria também por essa via de aprendizagem?
Amor, nobre sentimento para muitos, permeia em tantas dimensões que se confunde com apego, ciúme, desejo de posse, superproteção, até chegar aos patamares da escala humanista e fraternal. É quando ele se mostra desprovido da satisfação apenas do interesse individual. Talvez, essa última escala seja o privilégio de poucos, mas consta no registro da história da humanidade como um estado que categoriza alto grau de maturidade de quem o pratica.
O ódio é algo que pode revelar muito sobre o indivíduo que o mantém e bem pouco sobre o objeto que ele odeia.Seja amor ou ódio,quando o indivíduo expressa um desses conteúdos, o que vai para os outros é apenas uma cópia, pois o original fica sempre dentre dele mesmo. A bala de um fuzil, por exemplo, embora seja veloz ao atingir o alvo, antes de chegar lá ela rompe o próprio cartucho. Ou seja, qualquer emoção ou sentimento que se tenha pelo outro ou em relação a ele, antes, ocorre no próprio sujeito.
Ao considerar os impactos de um sentimento em detrimento ao outro, pode-se observar que a pessoa que mais odeia do que ama, é carente de racionalidade. Pois os malefícios derivados pelo arraigamento dessa circunstância são amargos.Pesquisas conduzidas pelo dr.Frederic Luskin, psicólogo americano criador do Projeto para o Perdão, da Universidade de Stanford, mostram que culpar os outros ou apegar-se às mágoas estimulam o organismo a liberar na corrente sanguínea as mesmas substâncias químicas associadas ao stress que prejudicam o corpo. E com o tempo, o acúmulo de compostos nocivos gerados por esses sentimentos causa danos ao sistema nervoso, diminuindo a imunidade. Segundo ele, o ato de desculpar as pessoas, desencadeia-se uma reação que mantém o bem-estar, garantindo o controle das doenças.
Há quem justifica o próprio ódio com o fato de que o outro o odeia. Será mesmo que não haveria nessa situação um grau mínimo de inteligência? Não seria isso semelhante a alguém tomar uma taça de veneno e esperar que o outro morra? O conferencista espírita Divaldo Pereira Franco elucida poeticamente que ‘o mal que me fazem não me faz mal. O mal que me faz mal é o mal que eu faço, porque me torna mal‘.
Observa-se que as relações biopsicossociais do indivíduo também são fatores preponderantes no aprendizado desde a infância, para que uma pessoa aprenda mais a amar ou a odiar. Uma criança judia, por exemplo, ainda na barriga da mãe aprende a odiar a criança árabe, devido ao conflito secular entre israelenses e palestinos, embora isso não signifique que esse ódio seja permeado igualmente em todas elas.
Assim como as relações afetivas recebidas da família desde pequeno são fortes referências para que o sentimento de amor seja expresso nas pessoas, embora não seja em todos os casos. Há também quem cresce em ambientes ásperos, sem expressões de amabilidade, e aprendem a amar. Em ambas as situações, o que ocorre pode ser um misto de condições de aprendizagem com características inatas.
Enfim, amor e ódio podem ser análogos a uma moeda que possui duas faces, cara e coroa. Qual dessas facetas será a que mais prevalece no ser humano? Simbolicamente, esta moeda parece percorrer a existência humana. Contudo, dizer que alguém ama o tempo inteiro ou que odeia a todo o momento poderia ser extremismo. Será cada um que poderá responder a essa questão, pois vai depender do indivíduo,qual dos dois sentimentos ele vai alimentar na maior parte da vida dele. Como reflexão, vale a pena pensar numa das vias que melhor pode canalizar e expressar o amor e quem sabe, evitar o amargor do ódio: é o aumento do quociente emocional. E isso pode ser aprendido diariamente.Vale a pena investir.
Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: [email protected]
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