07 de Fevereiro de 2025
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ARTIGOS/UNICANEWS Segunda-feira, 08 de Agosto de 2022, 08:31 - A | A

08 de Agosto de 2022, 08h:31 - A | A

ARTIGOS/UNICANEWS / MARISA BATALHA

Divirja, brigue, mas não volte para casa Natasha

Por Marisa Batalha



Com um fio longo de esperança espero - enquanto mulher e integrante de alguns coletivos - que lutam pela presença feminina nos espaços de poder, que a médica Natasha Slhessarenko que decidiu recuar de sua candidatura ao Senado, pelo Partido Socialista Brasileiro, aceite um outro desafio eleitoral. Já que após infernais pressões políticas, a Senatória lhe foi inviabilizada. Seja pela falta da homologação do palanque aberto, seja por conta de uma federação que uniu PT, PV e PCdoB, que teimou em trata-la como um artigo de segunda categoria.

Ao lhe propor - nos 45 minutos do segundo tempo -, postos que, definitivamente, não se parecem com a luta a que se propôs, ao buscar civicamente, a política.

Ainda assim Natasha, mesmo que não entenda estas pressões, desta forma precisando digeri-las, não nos deixe. Repense e não desista. Divirja, brigue, mas não volte para casa. E não faça isto somente pela sua bravura, mas faça, igualmente, por nós. Pense, carinhosamente, no convite do presidente do seu partido, em Mato Grosso, o deputado estadual Max Russi, de disputar mandato na Assembleia ou Câmara Federal. Porque quando uma mulher entra na política, muito antes de estar sozinha neste 'jogo de xadrez e neste cabo de guerra', ela entra por nós. Ao res[significar] o que esta luta, de fato, propõe a todas.

Ainda assim Natasha, mesmo que não entenda estas pressões, desta forma precisando digeri-las, não nos deixe. Repense e não desista. Divirja, brigue, mas não volte para casa. E não faça isto somente pela sua bravura, mas faça, igualmente, por nós.

Obviamente, estou falando de mulheres que, de fato, possam nos representar como você ou como as deputadas Janaina Riva e Rosa Neide que buscam a reeleição na Assembleia e Câmara Federal. Além de Gisela Simona, Maysa Leão, Serys Slhessarenko, Neuma Morais, Edna Sampaio e tantas outras que tiveram coragem de enfrentar, neste pleito de outubro, o escrutínio do eleitor, nas urnas.

Principalmente, sob o olhar de uma ambiência política e eleitoral que possui tão poucos rostos femininos. E em um país - de acordo com o Cadastro Eleitoral de 2022 - que aponta que, mais uma vez, a maior parte do eleitorado brasileiro é composto por mulheres. Ao todo, são 82.373.164 de eleitoras, o que equivale a 52,65% do total.

Precisamos entender que muito para além da discussão sobre a presença feminina na ambiência eleitoral, serão nestes espaços de poder que vamos animar, colorir o debate e, mais do que isto, definir pautas, sentar nas mesas de decisões onde são construídas todas as alternativas públicas e políticas. Desta forma, quando uma mulher entra na política, ou recua dela, pode até parecer uma decisão solitária. Mas não é. É uma decisão até pessoal, sim, mas de uma abrangência gigante coletiva. Pois se trata de nós: meninas e mulheres que esperam, historicamente, o desembarque do preconceito, o fim dos assédios e estupros, um ponto final na violência e morte de que ainda somos alvos.

Mais do que isto, são estas candidaturas femininas que vão enterrar os critérios psicológicos, sociológicos até mesmo biológicos que ainda hoje nos definem, em explicações utilizadas para colocar qual é o lugar do homem e o da mulher na sociedade. Como forma de justificar a desigualdade de gênero e o machismo estrutural que compõem o corpo social, dando sustentação à dominação patriarcal.

Sob este olhar, a participação da mulher nos espaços de poder se constitui, na prática, uma possibilidade real de alteração nas condições de opressão e discriminação. Pois, embora os movimentos feministas tenham alcançado importantes conquistas, as mulheres não avançaram o suficiente para fazer com que sua presença tenha sido legitimada, enquanto direito. Pois sua participação ainda é fortemente marcada pelo ônus da feminilidade, descaracterizando sua competência e potencialidade, como se houvessem 'outros locais mais adequados para nos fazermos presentes'.

Só para te convencer Natasha - mesmo que no Brasil tenha sido autorizado o voto feminino a exatos 90 anos -, somos muitas e diversas. E o melhor, sem bula ou efeitos colaterais e muito menos sem manual do proprietário. E, conforme a última pesquisa realizada pelo Instituto Genial/Quaest, em junho deste ano, em 26 estados e no Distrito Federal, nós definiremos estas eleições. Assim, para o CEO, Felipe Nunes, da Quaest não é exagero dizer que o lado que as mulheres tomarem será determinante para quem vai vencer nas urnas, estas eleições de 2022.

E para além de sua extensa bagagem como médica, professora da UFMT, mãe e mulher, não se esqueça daquela velha frase de que fruto não cai longe da árvore. Você é filha da ex-senadora Serys Slhessarenko. A primeira mulher senadora de Mato Grosso que, em 2002, levou nas urnas um mandato histórico, ao 'peitar' dois 'monstros sagrados da política mato-grossense', os ex-governadores Carlos Bezerra(MDB) e Dante de Oliveira[in memoriam].

Desta forma, acredite, que quando você fala sim, isto significa não só que nos dará voz, como vai estar reverenciando todas aquelas que abriram 'clareiras em florestas fechadas', em uma luta, sem trégua, pelo empoderamento de todas as mulheres e meninas deste país.

Marisa Batalha é jornalista, Diretora de Redação do O Bom da Notícia e mestra em Feminismos pela Universidade Federal de Mato Grosso.

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