Da Redação
Única News
Em Mato Grosso, apenas 8% das empresas são geridas por pessoas negras, segundo a pesquisa “Dificuldades do Afroempreendedorismo no Estado de Mato Grosso", realizada pelo Sebrae/MT (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas em Mato Grosso). O estudo, que teve como base os dados da Receita Federal, mostrou que no estado existem pouco mais de 555 mil micros e pequenas empresas ativas cadastradas, das quais apenas 44 .4 mil são comandadas por empresários que se autodeclararam negros.
Para desenvolver ações voltadas a esse público, o Sebrae lança, nesta quinta-feira (16.11), o projeto “Bate-Papo com os Crias”, que tem o objetivo de ampliar debates e qualificações, dos empreendedores criativos de Mato Grosso. O evento, gratuito, será realizado no espaço SebraLab, na sede do Sebrae/MT, a partir das 19h, com Débora Paiva, mestre em Marketing Estratégico. As vagas são limitadas. Inscrições AQUI!
“O Bate-Papo com os Crias surgiu de um anseio de aproximação do público que está fazendo economia criativa e muitas vezes ainda não conhecem o Sebrae/MT, que é um aliado nessa jornada do empreendedorismo. Também, aproveitamos para fazer o evento próximo à data da Consciência Negra [20.11], com a temática do Afroempreendedorismo, trabalhando dentro da economia criativa”, diz Sara de Paula, analista técnica do Núcleo de Economia Criativa, da Gerência de Desenvolvimento Territorial do Sebrae/MT.
O bate-papo prevê fortalecer o segmento de economia criativa e negócios geridos por negros no estado, com uma palestra da empreendedora negra, Débora Paiva. “Ela também traz essa narrativa sobre o Afroempreendedorismo, por ser uma mulher negra, empreendedora. Nosso convite aos empreendedores é que aproveite a oportunidade de transformar sua visão de negócios e impulsionar seu sucesso”, reforça Sara.
O feriado do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Zumbi foi um líder quilombola e é símbolo de luta e resistência negra no Brasil.
O Bate-Papo com os Crias também contará com apresentação musical do grupo de Hip Hop, Conduta do Gueto.
Pesquisa
Com o objetivo de compreender, valorizar e apoiar o afroempreendedorismo no Estado, o Sebrae/MT realizou a pesquisa com 620 pequenos donos ou sócios afrodescendentes dos pequenos negócios em Mato Grosso, entre os dias 05 e 08 de novembro de 2023. A taxa de confiança é de 95%, com margem de erro de 5%.
O estudo também tem o intuito de criar base de dados para a criação de ações que permitam o desenvolvimento econômico e a inclusão social no contexto empresarial da região. “Consideramos afroempreendedorismo todos os negócios criados e gerenciados por pessoas negras, que atuam em qualquer setor de mercado, que têm como público-alvo toda a sociedade. Realizar um estudo pare segmento, é importante para contribuir para o fortalecimento da identidade cultural, combater estereótipos prejudiciais e fornece modelos positivos para inspirar outros empreendedores afrodescendentes”, explica Jaqueline Trentino, gestora de Pesquisas Temáticas do Núcleo de Inteligência de Mercado do Sebrae/MT e responsável pela pesquisa.
Até o início deste mês de novembro, apenas 1 em cada 10 pequenos negócios existentes no Estado eram geridos por pessoas negras, com média de idade de 42 anos. Segundo a pesquisa, 23% dos negócios administrados por negros estão no setor de alimentos e bebidas, 17% em confecções de roupas e acessórios e 6% trabalham com o turismo.
“Neste levantamento nós observamos que 66% desses empresários estão registrados como MEIs, em atividades voltadas para os setores de serviços (54%) e comércio (38%). É um ponto positivo da pesquisa, mas sabemos que muitos empreendedores ainda trabalham na informalidade, por isso é fundamental para nós do Sebrae/MT, ampliarmos nossas ações para alcançar esse público”, pontua Jaqueline.
A pesquisa também mostrou um contraste de realidades, enquanto mais da metade dos empreendedores brasileiros surgem da necessidade, 36% dos negócios criados e geridos por pessoas negras nasceram de oportunidades oferecidas pelo mercado.
“É um resultado que devemos comemorar. Saber que a abertura de um negócio partiu de um desejo e não de uma necessidade é um ponto positivo que ao mesmo tempo reforça que a população negra é genuinamente empreendedora. Quando olhamos para as origens do empreendedorismo no Brasil, temos o exemplo das mulheres negras baianas que vendiam acarajé nas ruas. Por isso, podemos dizer que a população negra tem, em seu DNA, a vocação empreendedora, passada de geração a geração”, analisa Sara de Paula.
Em Mato Grosso, apenas dois em cada cinco empresários negro abriram empresas pela necessidade de renda e 23% pela paixão e realização de um sonho.
Dificuldades
As principais dificuldades enfrentadas pelos empreendedores negros são semelhantes às de todo setor em casos como falta de mão de obra qualificada (42%), que ser destaca em primeiro lugar, seguida da falta de acesso financeiro (30%). Falta de networking (24%), concorrência acirrada (22%) e a falta de capacitação (20%) também são equivalentes aos problemas comuns apontados pelos empresários.
A diferença surge quando a cor da pele vira um obstáculo para empreender. De acordo com a pesquisa, 14% dos afroempreendedores disseram que a discriminação racial é um fator que dificulta os negócios.
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