Ana Adélia Jácomo
Única News
As rápidas e imprevisíveis mudanças no preço global do petróleo, impulsionadas pela guerra entre Israel e Irã, são um dos fatores que podem contribuir para o alto custo dos combustíveis em Mato Grosso.
No entanto, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Sindipetróleo-MT), a conta final que chega ao consumidor na bomba é resultado de uma combinação complexa de custos, que os postos de gasolina apenas repassam.
Ao Única News, o sindicato disse que, para 2026, a expectativa do setor é por mais previsibilidade, mas os desafios persistem. O setor varejista de combustíveis sente diretamente os reflexos de qualquer oscilação internacional.
"Importadores e refinarias sentem primeiro, e os postos, que são o elo final da cadeia, apenas repassam os custos que recebem das distribuidoras, sem qualquer controle sobre a formação inicial dos preços", explica o Sindipetróleo.
Os preços nas bombas
Dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo) mostram que de 8 a 14 de junho de 2025 Cuiabá se destaca por ter um dos etanóis hidratados mais baratos do país, com média de R$ 3,71 por litro, ficando entre os menores valores pesquisados.
O preço médio da gasolina comum é de R$ 5,95, e da gasolina aditivada R$ 6,25, enquanto o GLP (gás de cozinha, R$ 116,61 por botijão de 13kg) se posiciona entre os mais caros.
O óleo diesel, nas versões comum (R$ 5,91) e S10 (R$ 5,94), apresenta valores mais próximos da média das demais capitais.
Reprodução

Para a gasolina comum, Cuiabá ocupa a 23ª posição entre as 27 capitais pesquisadas. Ja em relação a aditivada, está na 20ª posição entre as 27 capitais pesquisadas.
De acordo com o Sindipetróleo, além da influência do cenário global, outros dois grandes pilares sustentam o preço elevado em Mato Grosso:
Custos logísticos: A distância do estado em relação aos principais polos de refino do Sudeste e Centro-Oeste torna o transporte um componente caro. Estima-se que os custos de logística representem entre 8% e 12% do preço final na bomba.
A dependência do transporte rodoviário, somada aos valores de frete, pedágios, preço do diesel e manutenção da frota, impacta diretamente o consumidor.
Carga tributária: Os impostos estaduais (ICMS) e federais (PIS/Cofins, Cide) compõem cerca de 40% do preço final dos combustíveis. O Sindipetróleo, junto à Fecombustíveis, acompanha a regulamentação da Reforma Tributária, defendendo um modelo mais simples e transparente que não onere o consumidor.
A expectativa é que a tributação monofásica seja mantida em 2026, buscando segurança jurídica e menos burocracia.
Preocupações para o futuro
Mato Grosso encerrou 2024 com um consumo total de 5,75 bilhões de litros de diesel, gasolina e etanol, sendo o diesel o principal combustível, com 4,01 bilhões de litros.
Com base nas vendas dos primeiros quatro meses de 2025 (1,93 bilhão de litros), a projeção é que o estado atinja aproximadamente 5,81 bilhões de litros consumidos até o fim do ano, indicando uma leve tendência de crescimento.
O Sindipetróleo também observa uma mudança no perfil de consumo, com uma tendência de redução na demanda por diesel, reflexo da desaceleração do transporte de cargas, e um aumento na busca por gasolina e etanol.
Para 2026, as principais preocupações do sindicato são a alta carga tributária, as variações rápidas do mercado e os custos logísticos.
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