Aline Almeida
Única News
Longo caminho ainda tem que ser percorrido para o controle da covid-19. Confirmação é da professora de infectologia da faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Márcia Hueb. A médica, que também atua no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), pondera que o principal desafio é vencer os mitos que rondam a vacina e ainda os movimentos que são contra a imunização. Apesar de muito ser discutido sobre vacinação compulsória, a especialista defende que os gestores imponham medidas restritivas para aqueles que não vacinarem.
“A melhor medida é a do convencimento. Que seja trabalhado o esclarecimento da população. Não é parte da cultura a vacina compulsória, mas é legítimo que os gestores possam impor restrições de direitos civis para as pessoas que não se vacinam”, ressalta.
Não ter as pessoas vacinadas, segundo Márcia, faz com que não tenhamos controle da pandemia nem num prazo mais longo. “Isso tem consequência para todos. Se não compulsória, acho que tem que ter restrição para alguns direitos. Direito de viagem, matrículas e assumir concurso público, situações que podem ser estudadas”.
Márcia Hueb frisa que os movimentos antivacinas conseguiram criar muitos mitos que dificultam a adesão da população à imunização. O primeiro a ser rompido, lembra a médica, é que uma vacina que vem da China não é boa. Márcia salienta que se trata de Fake News já que a maioria dos insumos para vacinas no mundo vem da Índia e da China. Outro mito é de que o governante, segundo seus interesses, pode modificar vacinas manipulando a população. A médica descarta a possibilidade, visto a seriedade dos institutos.
Também foi criada a notícia falsa que a vacina muda o DNA. A informação é improcedente, uma vez que os imunizantes passam por órgãos regulatórios. Estes por sua vez descartariam qualquer coisa que colocasse em risco a segurança das pessoas. Por fim, a notícia que também precisa ser quebrada é a de que a vacina pode levar a ter ou piorar a doença.
A infectologista pondera que há condições de atingir a imunização dos grupos prioritários até o final do ano. Apesar do quantitativo pequeno de vacinas, a produção por meio dos dois institutos brasileiros, Butantan e Fiocruz, vão cobrir a demanda. Neste primeiro momento reforça que a produção mundial da vacina não atende a necessidade do mundo. Por isso, o Sistema Único de Saúde tem que ter prioridade na vacina. Isso para que não aumente mais a desigualdade. “Em outo momento, assim como acontece com a vacina da influenza, podemos ter a vacina anticovid também nas clínicas”, diz.
Márcia Hueb finaliza lamentando os supostos casos de “furar fila”, que reforçam a ideia de que algumas pessoas sejam melhores que as outras. A profissional assevera que, diante de uma pandemia, temos que nos colocar todos em situação de exposição e risco e conscientizar que toda proposta de imunização é pensada no coletivo. “A atitude de furar fila pode ter um impacto já que temos problema de adesão do movimento antivacina e anticiência que já vinha muito antes da pandemia. Quando há atos de burlar normas, isso faz que a população desacredite não só na credibilidade, quanto da intenção do Governo de protegê-la”, complementa
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