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Sábado, 04 de Dezembro de 2021, 11h:03

Adolescente vítima de assédio em Cuiabá afirma que teve medo de denunciar professor

Thays Amorim
Única News

Foto: Reprodução

A adolescente D.S.F.C, de 12 anos, uma das vítimas de assédio do professor Randal Lopes Barreira, de 46 anos, afirmou em depoimento à Polícia Judiciária Civil (PJC) que ficou com medo de denunciar o suspeito por temer a reação do pai e da mãe, que está grávida de nove meses. O professor foi preso na última quarta-feira (1º), na Escola Estadual Tancredo Neves, localizada no Jardim Leblon, em Cuiabá.

No depoimento, obtido com exclusividade pelo Única News, a adolescente afirmou que o professor passou a mão no seu ombro e nos seus seios. Anteriormente ao caso, Randal a elogiava e demonstrava comportamento inadequado.

“O professor veio e ficou atrás de mim, e perguntou no meu ouvido “você está fazendo tarefa?”, [eu respondi] sim, estou. Ele veio e passou a mão no meu ombro, e depois disso passou a mão no meu seio e subiu com a mão no ombro, saiu e voltou para a mesa dele”, afirmou a vítima.

Segundo D.S, essa não foi a primeira vez. “Dias antes ele ficava fazendo vários elogios, você é linda, seu nome é bonito, seu cabelo é bonito, você é linda do jeito que você é”. A estudante conheceu o professor somente neste ano letivo, e os elogios começaram após uma semana de aula. O comportamento de Randal, segundo o depoimento, acontecia com todas as meninas.

Ela afirmou que essa foi a primeira vez que contou sobre o caso aos pais, já que achava que os elogios e toques eram “brincadeira de professor”. Um colega de classe afirmou que o professor fazia isso com outras meninas, segundo sua namorada, e que D.S tinha que relatar a situação ao diretor da escola. Após contar à direção, ela ligou para os pais, que foram até à escola e depois à delegacia.

Foto: Arquivo Pessoal

professor preso Randal lopes

Randal Lopes Barreira foi preso em flagrante na última quarta-feira (1º); o Judiciário converteu a prisão em preventiva na última quinta-feira (02)

A adolescente disse à assistente social da Polícia Judiciária Civil (PJC) que sentiu medo de contar o acontecia, já que temia a reação do pai, sendo que a mãe está grávida e não queria deixá-la nervosa. Ela disse que sente medo da situação e que retornou às aulas presenciais há dois meses.

Outras alunas sofreram casos parecidos

D.S não foi a única vítima do professor. L.N.C.R.S, de 14 anos, informou que no meio da aula, em frente à turma inteira, o professor chegou no seu “cangote” perguntando se ela estava copiando a matéria, pegou a sua mão e colocou em sua barriga. Ela imediatamente tirou a mão da barriga do homem e foi falar com a colega D.S, que relatou um caso parecido.

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A menor de idade afirmou ainda que há uma semana atrás, durante o intervalo, Randal a chamou perto do quadro e ofereceu R$ 50 para ela tirar a blusa. Muito constrangida com a situação, a aluna saiu e foi sentar em seu lugar.

Ela enfatizou que o comportamento é comum. Na última terça-feira (30), o suspeito teria falado “coisas indecentes” a uma outra aluna, que olhou com desespero e constrangimento. Vendo a situação da colega, L.N afirmou que tentou ajudar e foi até o professor, pedindo para ele tirar uma dúvida. Além dela e de D.S, outras cinco colegas teriam sido vítimas dos assédios e da importunação sexual.

A outra vítima, identificada como L.C.F.A, de 15 anos, Randal também fez elogios inapropriados: “você é uma morena bonita, seu pé é bonito”, passando a mão em seu seio. Ela também relatou que já soube de outros assédios.

Prisão preventiva

Preso em flagrante, na última quinta-feira (02), o juiz Jamilson Haddad Campos decretou a prisão preventiva e negou liberdade ao acusado. O magistrado destacou que não vislumbrou a possibilidade da substituição da prisão por medidas cautelares.

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“Ademais, esclareço que as condições pessoais aparentemente favoráveis do autuado, em princípio, não garantem por si só a revogação da sua prisão cautelar, especialmente se existem no contexto fático apresentado elementos suficientes a demonstrar a necessidade da segregação cautelar, como no caso concreto”, apontou, em trecho da decisão.

Randal é portador de deficiência física na perna esquerda e no momento da prisão em flagrante, estava com um Cartão de Identificação da Associação Mato-grossense de Deficientes. Ele também informou ser evangélico e que frequenta a Assembleia de Deus.

A Polícia Civil circunstanciou um termo que cita um antecedente criminal do suspeito, por ameaça ocorrida no dia 03 de fevereiro de 2011. No entanto, oficialmente, ele não possuiu passagem criminal.