Cuiabá, 07 de Maio de 2024

JUDICIÁRIO Quinta-feira, 17 de Março de 2022, 19:03 - A | A

17 de Março de 2022, 19h:03 - A | A

JUDICIÁRIO / ARRENDAMENTO DE TERRAS ÍNDIGENAS

Juíza determina bloqueio de contas do cacique que lucrava quase R$ 1 milhão por mês

Mayara Campos
Única News



A juíza federal Danila Gonçalves de Almeida pediu o bloqueio das contas do cacique Damião Paridzané, acusado de arrendar áreas da Terra Indígena Maraiwatsede para fazendeiros. A decisão é desta quinta-feira (17). De acordo com o Ministério Público Federal, o cacique recebia cerca de R$ 900 mil por mês pelo arrendamento. 

“Entendo haver-se reunido indícios suficientes do recebimento de valores por DAMIÃO PARIDZANÉ provenientes do arrendamento ilegal de áreas na Terra Indígena Maraiwatsede, suficientes para se acolher o pedido de sequestro de valores, razão pela qual, com fulcro nos artigos 125 a 132 do CPP, determino o bloqueio de todos os valores depositados nas contas vinculadas a DAMIÃO PARIDZANÉ”, diz trecho da decisão.

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Durante as investigações, o MPF averiguou que o dinheiro arrecadado pelo cacique não era revertido para a comunidade indígena. Damião não foi preso, mas a Justiça Federal proibiu o arrendamento das terras e o contato com qualquer um dos outros investigados.

Os outros envolvidos no esquema, Jussielson Gonçalves Silva, coordenador regional da FUNAI na comarca de Ribeirão Cascalheira; Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza, policial militar do Amazonas,  e o ex-policial militar, Enoque Bento de Souza, tiveram os mandados de prisão preventiva cumpridos e aguardam as audiências de custódia.

Operação Res Capta

Exames periciais apontaram extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária.

Apenas em quatro dos quinze arrendamentos ilícitos, os Peritos Criminais Federais estimaram o valor para reparação do dano ambiental em R$ 58.121.705,87 (cinquenta e oito milhões cento e vinte e um mil setecentos e cinco reais e oitenta e sete centavos).

Em razão de pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a Justiça Federal em Barra do Garças/MT ainda consignou que os fazendeiros que estão arrendando terras no Interior da Reserva Indígena Marãiwatsédé devem desocupar a área e retirar de lá todo o gado, estimado em aproximadamente 70.000 (setenta mil) cabeças, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, sob pena de prisão.

Caso descumprida a ordem judicial, poderá ser decretada a prisão dos arrendatários – já qualificados – assim como determinado o sequestro de todo gado inserido na Reserva Indígena.

A tradução literal da palavra em latim Res Capta é coisa tomada, que é justamente o que ocorreu no passado e está ocorrendo atualmente com a Terra Indígena Marãiwatsédé.

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