05 de Maio de 2025
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JUDICIÁRIO Terça-feira, 09 de Julho de 2024, 12:27 - A | A

09 de Julho de 2024, 12h:27 - A | A

JUDICIÁRIO / "EU SOU A VÍTIMA"

Tenente-coronel da PM vira réu por matar assaltante que aterrorizou sua família em Cuiabá

Situação aconteceu em novembro do ano passado na Capital. Militar e familiares viveram 40 minutos de terror sob a mira de uma pistola.

Ari Miranda
Única News



O tenente coronel da Polícia Militar, Otoniel Gonçalves Pinto, foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e já se tornou réu perante o judiciário, pela morte do bandido Luanderson Patrick Vitor de Luna (20), morto durante assalto à casa do militar, em Cuiabá, no final de novembro do ano passado.

O crime aconteceu por volta das 7h da manhã de 28 de novembro de 2023. Luanderson e um comparsa renderam Otoniel no momento em que o militar chegava em sua residência, no bairro Santa Marta, após deixar os filhos na escola.

Durante a tentativa de assalto, familiares do policial viveram 40 minutos de terror na mão da dupla, até que o oficial reagiu e matou um dos bandidos.

RELEMBRE: Ladrões tentam assaltar casa de tenente-coronel da PM em Cuiabá; um morre

Além do suposto “crime” cometido pelo policial militar, o promotor de Justiça Vinicius Gahyva Marins, autor da denúncia, pede ainda que Otoniel vá a Júri Popular e ainda seja obrigado a pagar uma indenização à família do assaltante.

Conforme a denúncia do MP, o policial foi rendido pelo comparsa de Luanderson na chegada à sua residência. Em seguida, o criminoso levou o tenente para o piso superior da casa, onde estava a esposa e o sogro do militar.

Na ação, o criminoso pegou diversos pertences de valor das vítimas e em seguida deixou a esposa do policial e o pai dela trancados em um dos cômodos da casa.

Ao final da ação, o oficial da PM ainda foi obrigado a abrir o portão da residência para o assaltante sair. Contudo, enquanto o criminoso deixava a residência, Otoniel retornou ao interior do imóvel, pegou sua arma de fogo funcional, que estava em cima da geladeira, e foi até a calçada da casa com o intuito de abordar os assaltantes.

Neste instante, o comparsa - ainda não identificado - entrou em um Chevrolet Classic, que era dirigido por Luanderson, que foi atingido por um dos disparos efetuados por Otoniel Gonçalves e morreu no local. Na ação, o comparsa do criminoso conseguiu fugir e até hoje não foi preso.

“Todavia, antes que a vítima e seu comparsa pudessem concluir a fuga, Otoniel Gonçalves Pinto, valendo-se de sua arma de fogo funcional, efetuou 08 (oito) disparos contra o veículo, dos quais 01 (um) acabou por atingir a vítima na base da cabeça, entre a 1ª e a 2ª vértebra cervical, rompendo totalmente a medula espinhal”, disse Vinicius Gahyva na denúncia.

"Ante o exposto, o Ministério Público Estadual denuncia Otoniel Gonçalves Pinto como incurso no artigo 121, caput, do Código Penal (homicídio simples), requerendo que, recebida e autuada esta inicial, seja ele citado para responder à acusação, prosseguindo o feito nos seus ulteriores atos, com regular instrução, pronúncia para, ao final, ser condenado pelo E. Tribunal do Júri Popular", concluiu o promotor.

(Foto: Reprodução/CBN Cuiabá)

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O tenente-coronel da PM, Otoniel Gonçalves Pinto.

PUNIDO POR DEFENDER A FAMÍLIA

Em nota emitida logo após a decisão que o tornou réu, o tenente PM Otoniel Gonçalves Pinto lamentou a denúncia por ele ter matado um dos ladrões que invadiram sua casa e colocaram em risco a vida de seus familiares.

“(...) eu e minha esposa fomos surpreendidos por um ladrão que de posse de uma pistola mirada em minha fronte, agindo com típica truculência, renderam-nos e, dessa forma, ambos humilhados e de “cara ao chão”, também assistimos o invasor render o meu sogro, com mais de 70 anos, para também, colocar esse idoso sob a mais vil forma de violência”, detalhou.

Além disso, o policial destaca que, assim que notou os adereços e enfeites da casa e percebeu que ali morava um policial militar, o assaltante passou a agir com mais violência contra ele e seus familiares.

“Tal constatação pelo ladrão fez aumentar o seu padrão de violência, o que o motivou a dizer que iria me matar e que eu estava ‘fodido’ [sic.]”, destacou.

Indignado com a situação e a denúncia do MP, o militar apontou uma inversão de valores e disse que está sendo condenado injustamente.

“(...) antes que o ladrão fosse preso, processado e julgado pelo crime que cometeu contra minha família, tenho que, a pedido do Ministério Público Estadual, sentar no banco dos réus porque o Promotor, diversamente da Autoridade Policial, entendeu que eu cometi o crime de homicídio doloso e, por isso, devo, inclusive, pagar uma indenização ao criminoso que roubou minha residência”, ressaltou.

“Depois de suportar a violência de um criminoso, vou enfrentar a violência do Estado que me acusa de ser homicida por ter defendido minha família, meu lar, minha fortaleza”, pontuou.

Leia a nota na íntegra:

Sobre a matéria divulgada em diversos sites de Cuiabá, tenho a dizer que, em 28 de novembro, depois de deixar meus filhos no colégio e retornar a minha residência, eu e minha esposa fomos surpreendidos por um ladrão que de posse de uma pistola mirada em minha fronte, agindo com típica truculência, renderam-nos e, dessa forma, ambos humilhados e de “cara ao chão”, também assistimos o invasor render o meu sogro, com mais de 70 anos, para também, colocar esse idoso sob a mais vil forma de violência.

Durante 40 intermináveis minutos de terror, sob a mira de um revólver, entre a vida e a morte, assistimos à profanação de nosso sagrado lar sem esboçar qualquer reação, tudo para o fim de preservar nossas vidas.

Contudo, mesmo obedecendo todas as ordens do criminoso, os adereços que adornam minha residência revelaram ao ladrão que ali residia uma família militar, um trabalhador da Polícia Militar. Tal constatação pelo ladrão fez aumentar o seu padrão de violência, o que o motivou a dizer que iria me matar e que eu estava “fodido”.

Quando ouvi essa ameaça, comecei a orar e pedir a Deus pela minha família, sobretudo pelos meus dois filhos pequenos que, felizmente, no momento já estavam no colégio.

Deus deu uma nova chance a minha família e o ladrão, dissuadido de matar, após levar pertences materiais e deixar seu rastro de violência, empreendeu em fuga com o apoio de outro ladrão que estava de carro na frente de minha casa.

Foi nesse instante que, com o intuito de fazer cessar aquela violência, ao avistar o ladrão mirando novamente sua pistola em minha direção, reagi e o motorista foi alvejado com um tiro fatal, encerrando, ali, a empreitada criminosa da qual eu e minha família fomos vítimas.
A fim de apurar os fatos, foi instaurado Inquérito Policial, onde, novamente, minha família reviveu os momentos de violência e terror para relatar a Autoridade Policial o que havia acontecido na manha de 28 de novembro.

Assim, depois de analisadas as imagens do sistema de segurança, dos depoimentos colhidos, da perícia realizada em minha residência, o Delegado em seu relatório final concluiu que minha conduta foi defensiva e reativa à violência contra minha família, razão porque, sequer promoveu meu indiciamento criminal, eis que foi evidente a legitima defesa, típica e notória excludente de ilicitude.

No entanto, antes que o ladrão fosse preso, processado e julgado pelo crime que cometeu contra minha família, tenho que, a pedido do Ministério Público Estadual, sentar no banco dos réus porque o Promotor, diversamente da Autoridade Policial, entendeu que eu cometi o crime de homicídio doloso e, por isso, devo, inclusive, pagar uma indenização ao criminoso que roubou minha residência.

É isso que se pede a Justiça!

Agora, como relatado na reportagem, sou réu!

Depois de suportar a violência de um criminoso, vou enfrentar a violência do Estado que me acusa de ser homicida por ter defendido minha família, meu lar, minha fortaleza!

Agradeço as mensagens de apoio, afeto e carinho.

Ten Cel Otoniel Gonçalves Pinto

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